Rubricas NG

terça-feira, 14 de outubro de 2025

VINGANÇA DE ROMA, de SIMON SCARROW | SAÍDA DE EMERGÊNCIA


Ano 61 d. C. A Britânia está dividida. A horda rebelde foi derrotada, mas a sua líder, Boudica, e os guerreiros que restam continuam a monte. Com eles está o estandarte da Nona Legião, capturado numa emboscada, e exibido como prova de que Roma pode ser vencida.

O custo da guerra foi brutal: milhares de homens perdidos e as principais cidades reduzidas a ruínas. Para o centurião Macro, a dor é ainda mais profunda sabendo que a sua mãe foi morta no ataque a Londinium.
Com um desejo ardente de vingança, Macro e o seu irmão de batalha, o Prefeito Cato, recebem a missão de encontrar e destruir o que resta do exército inimigo. Não poderá haver paz até que a rainha seja capturada ou morta. E a honra de Roma só será restaurada quando o estandarte da águia for recuperado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

NATAL EM FUGA, de ANDREIA RAMOS | CHÁ DAS CINCO


Rodeada por milhares de seguidores, as marcas de luxo que promove e os livros que lança, Mila está a sentir-se ofuscada pela vida que leva. E tudo isso se agrava quando chega a pior altura do ano, o Natal. Subitamente, sente vontade de fugir, e ruma ao único sítio onde jurou nunca mais voltar: aquela pequena aldeia de xisto na serra da Lousã onde, anos antes, o seu coração se partiu.
Já Lucas precisa de pouco para ser feliz: estar rodeado pela natureza, brincar com os gatos vadios da aldeia e encontrar-se com os amigos para jogos de tabuleiro. Mas, quando num dia de tempestade Mila regressa, conseguirá ele esquecer o passado e agir como se nunca se tivessem conhecido, ou será o reencontro com uma paixão antiga o suficiente para ambos perceberem o que realmente lhes faz falta?
Repleta de momentos caricatos e apaixonados, esta é uma história coberta de espírito natalício que nos faz pensar no verdadeiro significado de lar e como este se pode traduzir não num local, mas nas pessoas que temos connosco. 

domingo, 12 de outubro de 2025

RUCKUS, de L.J. SHEN | CHÁ DAS CINCO

Rosie LeBlanc:
Dizem que a vida é uma bela ilusão e a morte uma dolorosa verdade. E têm razão. Nunca ninguém me fez sentir mais viva do que o  homem que me lembra, a cada instante, que o meu tempo está a esgotar-se. Ele é o meu fruto proibido. E também o ex-namorado da minha irmã. Eu vi-o primeiro; desejei-o primeiro; amei-o primeiro. Onze anos depois, ele reaparece na minha vida, exigindo uma segunda oportunidade. O Dean Cole quer ser o meu herói… mas temo que seja demasiado tarde.

Dean Cole:
Dizem que as estrelas mais brilhantes deixam uma marca indelével. E estão certos. A Rosie LeBlanc não sai da minha cabeça. Num mundo onde tudo é monótono, ela brilha como Sirius. Há onze anos, o destino separou-nos. Agora, atrevo-me a tentar novamente. Conquistá-la será uma batalha, mas não é por acaso que me chamam Ruckus. A Rosie está prestes a descobrir em mim um adversário à sua altura. E conquistá-la será a mais doce das vitórias.

 

sábado, 11 de outubro de 2025

THE WITCHER - ENCRUZILHADA DE CORVOS, de ANDRZEJ SAPKOWSKI | SAÍDA DE EMERGÊNCIA

Antes de ser o Lobo Branco ou o Carniceiro de Blaviken, Geralt de Rívia era apenas um jovem acabado de se formar em Kaer Morhen, a iniciar a sua jornada num mundo que não compreende nem acolhe os da sua espécie. E quando um ato de heroísmo ingénuo corre terrivelmente mal, Geralt só é salvo da forca por Preston Holt, um bruxo encanecido com um passado secreto e os seus próprios objetivos.
Sob a orientação de Holt, Geralt começa a aprender o que significa verdadeiramente percorrer o Caminho: proteger um mundo que o teme, e sobreviver nele segundo as suas próprias regras. Mas à medida que a linha entre o certo e o errado se torna cada vez mais ténue, Geralt terá de decidir entre tornar-se o monstro que todos esperam ou em algo completamente diferente.
Esta é a história de como as lendas são criadas… e a que custo.
 

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A FORÇA DA HONRA, de ISABEL RICARDO | SAÍDA DE EMERGÊNCIA

Neste novo romance histórico, Isabel Ricardo apresenta-nos a turbulência dos tempos que se sucederam à Restauração da Independência de 1640, conciliando e entrelaçando aspectos históricos com personagens ficcionais, e transportando o leitor numa viagem ao século XVII, às suas paisagens, espaços, sons e vivências da época.
Destronado o poderoso monarca espanhol, o novo rei português no trono, Dom João IV, tem por diante uma missão hercúlea: manter a independência de Portugal, esperar a guerra iminente e enviar mensageiros à Alemanha, para inteirar o irmão Dom Duarte de todos os desenvolvimentos do contexto político. Este combatia pelo Imperador Fernando III, aliado de Filipe IV de Espanha, naquela que ficará conhecida como a Guerra dos Trinta Anos.
A prisão de Dom Duarte constitui um símbolo do caos que dominava a época, imersa num permanente clima de tensão e perigo. É neste ambiente que se ressalta a luta e a perseverança de todos os que amam Portugal e pretendem continuar a viver numa nação independente, livre do jugo espanhol.
Um turbilhão de acontecimentos desenrola-se a um ritmo alucinante: espionagens, intrigas, traições, conspirações e execuções, num quadro de grande instabilidade. Os dilemas morais, as convicções, os valores de quem tudo abdica para realizar os seus sonhos, e os jogos de poder, transversais a todo o enredo, envolvem o leitor de forma viciante.
Num cenário onde proliferam dificuldades, emergem os que não desistem e lutam. Nada os demove! A lealdade que têm para com Dom João IV fá-los ir sempre mais além! O que os move? A força da honra!
 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

POTENCIAL PARA MATAR, de HANNAH DEITCH | SAÍDA DE EMERGÊNCIA


Evie Gordon, uma estudante com notas impecáveis e grandes sonhos, sempre achou que um dia seria alguém. Mas depois de se formar numa universidade de elite, encontra-se atolada em dívidas e a trabalhar como explicadora para os ricos de Los Angeles. Tudo muda num domingo, quando chega à casa dos Victor, em Beverly Hills, para dar explicações e, em vez de um adolescente entediado, encontra os ensanguentados restos mortais dos pais espalhados pelo jardim, e uma mulher a pedir socorro dentro de um armário. Enquanto Evie a ajuda a libertar-se, as duas são vistas e, em questão de minutos, passam de espectadoras a suspeitas e, depois, a fugitivas.

Perseguida e acompanhada por uma mulher misteriosa que se recusa a falar, Evie sabe que a única maneira de limpar o seu nome é encontrando o verdadeiro assassino. A fuga frenética leva-as por todos os EUA, ao mesmo tempo que os desenvolvimentos do caso chocam a nação e a imprensa enlouquece com a história da jovem talentosa que se tornou assassina. Evie está na capa de todos os jornais… finalmente é alguém. Só que não da forma que imaginava!

Alternando entre um humor cortante e uma perspetiva profunda, Potencial Para Matar é uma obra notável. Com a intensidade de um thriller, levanta questões pertinentes sobre a nossa crença na mobilidade social, e como as histórias que nos contam sobre o nosso potencial podem moldar o curso das nossas vidas.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

REDEEMED, de LAUREN ASHER | CHÁ DAS CINCO

Santiago Alatorre
Um erro destrói a minha carreira, e passo do piloto de F1 mais desejado a um recluso maldisposto. Estou determinado a percorrer o resto do meu exílio sozinho, até a Chloe Carter invadir a minha casa. Ela é uma criminosa que deveria ser presa, mas eu finjo que é minha namorada. É um plano arriscado, mas uma relação falsa com a Chloe poderá resolver os meus problemas. Ou assim pensava, até a nossa farsa evoluir para algo mais, e os sentimentos também. Só há um problema que me impede de a conquistar: a Chloe odeia mentirosos, e eu sou o maior deles.

Chloe Carter
A minha vida muda por completo quando, através de um kit de genealogia, descubro um pai desconhecido em Itália, que não faz ideia de que eu existo. Antes que me aperceba, estou numa relação falsa com um italiano que, por acaso, é o piloto favorito de F1 do meu pai. O senão? Eu não fazia ideia de quem o Santiago Alatorre era antes de aceitar ser a sua namorada. Cumprir o nosso acordo é uma coisa, mas apaixonar-me no processo? Não vou deixar que isso aconteça.

 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

VALE TUDO, de STEPHANIE ARCHER | CHÁ DAS CINCO

O meu casamento com a Georgia é uma farsa — só casei com ela para obter a cidadania. E, para manter as aparências, vale tudo: enviar-lhe flores com significados secretos, gastar rios de dinheiro com ela, investir na sua segurança. Porque é isso que os maridos apaixonados fazem. Em público, eu e o Alexei agimos como recém-casados enamorados, mas em privado não nos suportamos. Ele é competitivo, arrogante e mal-humorado. O tipo nunca sorriu na vida. Tem ciúmes do meu colega, lança olhares assassinos aos meus saltos altos e insiste que não sente qualquer atração. No entanto, sob aquele exterior maldisposto, é surpreendentemente querido, protetor e generoso.
O Alexei disse que nunca me amaria, mas o seu comportamento desmente as suas palavras. E, à medida que a nossa relação se torna mais íntima, não posso deixar de me questionar sobre o quão falso será realmente o nosso casamento.
 

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

DINHEIRO, de DAVID MCWILLIAMS | DESASSOSSEGO

O dinheiro é poder — e o poder seduz. Nada que tenhamos inventado definiu tão profundamente a nossa evolução ou alterou tão dramaticamente o rumo da história do planeta. O dinheiro moldou a própria essência do que significa ser humano. O nosso mundo gira em torno do dinheiro, mas raramente paramos para pensar nele. O que é o dinheiro, de onde vem e poderá esgotar-se? O que é esta substância que impulsiona o comércio, revoluções, descobertas, e inspira a arte, a filosofia e a ciência?
Nesta viagem épica e fascinante, o economista David McWilliams traça a relação entre os seres humanos e o dinheiro — desde uma simples vara de contagem na África antiga às moedas da Grécia Republicana, da matemática do mundo árabe medieval à Revolução Francesa, e da ascensão do dólar americano às criptomoedas dos dias de hoje. Pelo caminho, encontramos personagens que inovaram com o dinheiro, desafiando a sociedade e transformando a nossa forma de viver, numa evolução monetária contínua que, ao longo dos últimos 5000 anos, tem impulsionado o progresso humano.

Uma obra esclarecedora, abrangente e irreverente, que desvenda os mistérios e o poder do dinheiro, explicando porque é tão importante e como molda o nosso mundo.

 

domingo, 5 de outubro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | DON CARPENTER


Don Carpenter (1931–1995) nasceu em Berkeley, Califórnia, e cresceu na Costa Oeste. Cumpriu serviço militar na força aérea durante a Guerra da Coreia, ficando sediado em Quioto. De regresso aos EUA, estudou na Universidade de Portland e no 
San Francisco State College. Fixou-se em Mill Valley, nos arredores de São Francisco, com a mulher e as duas filhas. Integrou-se na comunidade de escritores locais, tornando-se amigo de Evan Connell e Richard Brautigan.

Depois de se estrear na ficção com Chuva Pesada, em 1966, publicou mais nove romances e várias coletâneas de contos. Escreveu também para cinema e televisão, passando grande parte do seu tempo em Hollywood, cujo universo retratou em várias obras. Com problemas de saúde cada vez mais graves, suicidou-se aos 64 anos.

sábado, 4 de outubro de 2025

CHUVA PESADA, de DON CARPENTER | DOM QUIXOTE

Jack Levitt nunca teve sorte. Abandonado pelos pais ainda no berço, percorre a via crucis dos orfanatos até desembocar em Portland, onde esta história começa. Conhecemo-lo ali, no mundo subterrâneo dos salões de bilhar, a viver de uma ou outra tacada certeira, de esquemas, de enganos. Ainda não é adulto, mas já intimida, porque é grande, porque não tem medo de nada.

O seu destino vai levá-lo ao encontro de outra alma perdida, Billy Lancing, um génio do bilhar, franzino, quase branco, mas não o suficiente: é negro e sofre por isso. Um e outro vão seguir caminhos diferentes: um passará pelo reformatório, o outro pelo inferno da vida em casal, até se reencontrarem anos mais tarde, na famigerada prisão de San Quentin. O relato que se segue dá corpo a um dos mais contundentes romances norte-americanos do século XX; sombrio, cruel, violento, rasga o sonho americano, abre uma ferida profunda, uma feia cicatriz.

Publicado em 1966, quando Don Carpenter tinha apenas 34 anos, Chuva Pesada nasceu com o rótulo de obra-prima mal-amada - amada pelos escritores, desprezada pelo público. Já depois de o autor se ter suicidado, foi redescoberta pela editora New York Review Books e tornou-se um livro de culto.

Objeto estranho, mergulha as personagens num poço onde apenas a luta pela sobrevivência é real; mas é nesse poço fundo e negro que descobrimos uma ténue esperança, a procura de uma identidade, de um sentido - e a mais improvável das redenções, no amor de um pai, no amor de um homem
.
 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

O IMPÉRIO DAS SOMBRAS, de FERNANDO PINHEIRO | SAÍDA DE EMERGÊNCIA


Oriundos de uma Lisboa ainda com resquícios medievais, Rodrigo e Verónica foram maiores do que a pátria amordaçada do seu tempo, porque, nos seus desejos de paixão e liberdade, se deixaram trespassar pela poesia de Luís de Camões, então um poeta avidamente lido por toda uma sociedade letrada, transformando o seu amor clandestino num amor triunfante.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

CIBER CRIME, de CLÁUDIA PINA e JOSÉ VEGAR | DESASSOSSEGO

Em pleno século XXI, o crime mudou e os criminosos adaptaram-se a uma nova realidade, tornando-se mais astutos, ousados e sentindo-se praticamente imbatíveis. O digital ganhou relevância e protagonismo, tornando muito difícil o rastreio e descoberta de quem se oculta na rede para cometer atos ilícitos.
Cibercrime explora em profundidade as dimensões contemporâneas do cibercrime e da ciberguerra, desde as práticas mais conhecidas pelo leitor comum — ciberbullying, fraude sentimental digital, ciberviolência, abuso sexual de menores em ambiente digital, dark web e metodologias de desinformação e manipulação de informação —, às mais conhecidas pelos magistrados, polícias e profissionais de cibersegurança — criptomoedas, tecnologia blockchain, ransomware, DDO e guerra cibernética.
Esta é uma obra fundamental para compreender uma das facetas mais populares e em crescimento do crime na atualidade, e também para evitar que possa ser a próxima vítima.
 

terça-feira, 30 de setembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | HENRY DAVID THOREAU

Henry David Thoreau (1817-1862) é considerado um dos mais importantes escritores norte-americanos.
Ensaísta, poeta, naturalista, investigador, historiador, filósofo e transcendentalista, é autor de inúmeros ensaios, entre os quais Desobediência Civil. O seu pensamento inspirou grandes nomes que mudaram a sociedade, como Gandhi, Tolstói ou Martin Luther King, Jr., a quem devemos um mundo mais justo e mais livre do que aquele em que viveu o autor.
Considerado também um dos pioneiros do movimento ecologista, sempre defendeu o contacto com a Natureza, que advoga neste clássico intemporal A Arte de Andar a Pé.
 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

DESOBEDIÊNCIA CIVIL, de HENRY DAVID THOREAU | LUA DE PAPEL

Confrontado por um cobrador do Estado, que o intimou a pagar seis anos de um imposto que considerava imerecido, Henry David Thoreau recusou-se a obedecer e passou a noite na cadeia. Saiu em liberdade no dia seguinte, furioso com uma tia que lhe terá pagado a multa. Para ele, era tão criminoso o Governo que impõe leis injustas, como o homem que se submete passivamente.

Quase dois anos depois, em 1948, o pensador norte-americano fez uma palestra onde referiu aquele episódio, mas também o direito e o dever à Desobediência Civil. O texto deu origem a este livro, uma obra breve, que teve um alcance e uma influência extraordinários e duradouros - sendo uma das principais referências de Martim Luther King ou Mahatma Ghandi.

Escrito numa altura em que os Estados Unidos viviam num regime esclavagista e em que - tal como hoje - ambicionavam a expansão territorial (com a invasão do México), o livro mantém-se amplamente atual: se o Estado, democrático ou não, extravasa as suas competências, e oprime os cidadãos em vez de os servir, não terão eles o dever de se revoltarem?

Em nova tradução, com um perfil do autor e notas de João Carlos Silva que enquadram a obra para os leitores contemporâneos, Desobediência Civil é um clássico absoluto que deve figurar nas estantes de todos.
 

domingo, 28 de setembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | AFONSO REIS CABRAL

Afonso Reis Cabral nasceu em 1990. Aos 15 anos publicou o livro de poesia Condensação. É licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos, fez mestrado na mesma área e tem uma pós-graduação em Escrita de Ficção. Foi duas vezes à Alemanha de camião TIR em busca de uma história, a primeira das quais aos 13 anos. Trabalhou numa vacaria, num escritório de turismo e num alfarrabista. Em 2014, ganhou o Prémio LeYa com o romance O Meu Irmão. No final de 2018, publicou o seu segundo romance, Pão de Açúcar, com forte acolhimento por parte da crítica e vencedor do Prémio Literário José Saramago – Fundação Círculo de Leitores em 2019. Entre abril e maio de 2019, percorreu Portugal a pé ao longo dos 738,5 quilómetros da Estrada Nacional 2, de que resultou o livro Leva-me Contigo – Portugal a pé pela Estrada Nacional 2. As suas obras encontram-se traduzidas em várias línguas. Tem contribuído com dezenas de textos para as mais variadas publicações. É colunista do Jornal de Notícias, semanalmente com a rubrica «Ansiedade Crónica», e participa no programa «Cinco à Quinta», da Antena 1. É presidente da Fundação Eça de Queiroz e trabalha como editor freelancer.
 

sábado, 27 de setembro de 2025

O ÚLTIMO AVÔ, de AFONSO REIS CABRAL | DOM QUIXOTE

Quando Augusto Campelo, o mais genial escritor português, queima o manuscrito no qual trabalhou durante anos, deixa para trás um mistério: seria o tão esperado romance sobre a experiência traumática da Guerra Colonial de que tantas vezes falava, mas à qual nunca dedicou um livro? Subsiste a dúvida: o escritor morre uma semana depois.

Resta por isso ao neto — herdeiro do nome e da memória familiar — a missão de descobrir a verdade e de compreender (ou não) o gesto do avô. Mas essa busca arrasta-o sem querer para um terreno bem mais doloroso, que se prende com a fuga e a morte prematura da mãe, cuja ausência é sublinhada há anos por um quarto trancado na casa do avô.

Atravessando a intimidade de três gerações de uma família marcada por perdas, conflitos e paixões, O Último Avô conta a história da relação entre um escritor tirânico e o seu único neto, entre a herança literária e a vida real.

 

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | KARIN SMIRNOFF


Karin Smirnoff (Suécia, 1965) é uma das autoras de maior sucesso da Suécia, onde os seus livros já venderam mais de 700 000 exemplares. Respondeu ao apelo da literatura em 2018 e o seu romance de estreia, Jag for ner till bror (My Brother), foi prodigamente elogiado pela crítica, tendo sido nomeado para o prestigiado Prémio August. No ano seguinte, Karin Smirnoff regressou às livrarias com o romance Vi for upp med mor (My Mother) e em 2020 terminou a história de Jana Kippo com o livro Sen for jag hem (Then I Went Home). O júri que distinguiu esta aclamada trilogia com o Prémio Piraten considerou que a sua escrita trouxe algo completamente novo ao panorama literário. Em 2021, Karin Smirnoff foi anunciada como a autora que daria continuidade à série Millennium de Stieg Larsson, tendo já assinado e sido aclamada pelo livro anterior, A Rapariga nas Garras da Águia. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A RAPARIGA COM GELO NAS VEIAS, de KARIN SMIRNOFF | DOM QUIXOTE

A Continuação da saga Millennium de Stieg Larsson. Lisbeth Salander regressa num thriller surpreendente, vertiginoso e brutal, que instila nova vida a esta série épica.

O extremo norte da Suécia está a arrefecer. Na primavera, a vila de Gasskas continua debaixo de uma implacável camada de neve. À medida que as temperaturas diminuem, aumentam as tensões entre uma multinacional que explora despudoradamente os recursos naturais da região e os habitantes prudentes, que têm contas a ajustar. Uma bomba destrói uma ponte que é um local de passagem crucial. Pouco tempo depois, é assassinada uma jovem jornalista.

Entretanto, Lisbeth está na sua casa de Estocolmo, a tentar preencher o vazio deixado pela sua última relação amorosa. Mas quando descobre que o seu amigo hacker Praga foi raptado e encontra a sobrinha, Svala, no patamar à sua porta, não tem outro remédio senão voltar a Gasskas - com Mikael Blomkvist a seu lado. Blomkvist assume a direção do jornal de Gasskas e Lisbeth tenta localizar Praga. É então que Svala desaparece, e os maiores medos de Lisbeth regressam para a assombrar…

Atraídos de novo à vila sem lei onde predadores se disfarçam de salvadores e inimigos se fingem de amigos, Salander e Blomkvist veem-se obrigados a deslindar uma história de violência numa corrida contra o tempo.
 

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

RESENHA | QUANDO O VATICANO CAIU, de PEDRO CATALÃO MOURA | SAÍDA DE EMERGÊNCIA


Ler Quando o Vaticano Caiu, de Pedro Catalão Moura, foi como abrir uma porta para um mundo familiar que, de repente, se revelava desconhecido e inquietante. Imaginar o Vaticano — símbolo de fé e estabilidade — ameaçado pelas forças nazis provoca uma sensação desconfortável e fascinante ao mesmo tempo. Não é apenas história alternativa; é uma viagem ao que poderia ter sido, onde cada decisão pesa como uma sentença.

O Papa Pio XII deixa de ser apenas uma figura distante e histórica. Moura humaniza-o, mostrando-o hesitante, vulnerável, dividido entre dever e medo, entre fé e sobrevivência. É impossível não se deixar absorver por esta tensão constante, onde intrigas, estratégias e dilemas morais se entrelaçam de forma quase palpável.

O que mais me prendeu foi a habilidade do autor em equilibrar o rigor histórico com o drama humano. Cada cena parece medida, mas não fria; cada diálogo, calculado, mas nunca artificial. Senti-me como se estivesse à espreita nos corredores do Vaticano, consciente do perigo iminente, testemunhando decisões que poderiam alterar o curso da história.

No fim, fiquei com uma sensação ambígua: admiração pela astúcia narrativa de Moura e inquietação perante a fragilidade da história quando posta nas mãos do acaso. Quando o Vaticano Caiu não é apenas um romance de guerra ou de intriga; é um convite a pensar sobre poder, moralidade e as escolhas que definem os homens e as instituições, mesmo em tempos sombrios.

Ler este livro foi, para mim, mais do que uma experiência de entretenimento: foi um lembrete de que a história nunca é inteiramente rígida, que as sombras do passado podem assumir formas inesperadas, e que a coragem nem sempre é grandiosa, mas muitas vezes silenciosa e solitária.

 Texto: Madalena Condado

terça-feira, 23 de setembro de 2025

UM TESOURO NO DESERTO: O ALGARVE ENTRE MONTES E MEMÓRIAS, de RUI ARAÚJO | FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS

Onde é que o Diabo perdeu as botas em Portugal? Em Tesouro, Balurco de Baixo, Deserto, Atravessado, Tremelgo de Cima, Silgado, Tesouro… Entre tantos outros lugarejos, estes são alguns dos pontos do nordeste algarvio e do Alentejo que compõem o mapa português da solidão, do despovoamento e da exclusão. Quem lá habita? De que vive? O que pensa do resto do país?


Este retrato, feito por um jornalista sem pressas, mochila às costas, narra uma viagem singular no espaço e no tempo. Descreve o isolamento imposto aos idosos que teimam em permanecer nos montes onde nasceram e ergueram telhado, sobretudo em Alcoutim, um dos dez concelhos do país com as mais baixas taxas de natalidade. Lá onde a terra acaba e nenhum mar começa, e o único tesouro são as pessoas.

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

A PARTICIPAÇÃO CÍVICA EM PORTUGAL, de JOSÉ CARLOS MOTA | FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS

Cristo só surgiria no século seguinte e, supõe-se, já Júlio César identificava, nos confins da Ibéria, um povo «que nem se governa nem se deixa governar». Nós, portugueses, envolvemo-nos pouco como cidadãos em iniciativas coletivas, cívicas, associativas ou de voluntariado, porque estas não são apelativas e temos um sistema de governação muito centralizado e distante? Ou porque possuímos uma matriz individualista e conformista?


Este livro analisa a evolução da participação cívica em Portugal, no contexto do 50º aniversário do 25 de abril. Esclarece conceitos e metodologias, ilustra práticas e iniciativas promovidas por cidadãos e pela administração local, e identifica desafios e possibilidades para uma ação coletiva mais democrática, inclusiva e pluralista. A bem de todos e de cada um.

 

domingo, 21 de setembro de 2025

OS FILHOS DA MEIA-NOITE, de SALMAN RUSHDIE | DOM QUIXOTE


Nascido precisamente ao bater da meia-noite, no exato momento em que a Índia se tornava independente, Saleem Sinai é uma criança especial. No entanto, esta simultaneidade de nascimento tem consequências para as quais ele não está preparado: poderes telepáticos ligam-no a outros mil «filhos da meia-noite», todos eles dotados de dons extraordinários.

Indissociavelmente ligada à sua nação, a história de Saleem é um turbilhão de desastres e triunfos que espelha o percurso da Índia moderna na sua forma mais impossível e gloriosa.

Publicado em 1981, Os Filhos da Meia-Noite, segundo romance de Rushdie, não só deu notoriedade ao seu autor como se tornou num fenómeno literário, tendo conquistado o Prémio Booker em 1981, o Booker dos Bookers em 1993 e, em 2008, o Melhor do Booker.


Para celebrar 60 anos de vida editorial, as Publicações Dom Quixote revisitam alguns dos marcos da ficção universal que, ao longo do tempo, ajudaram a definir o seu catálogo e a consolidar o seu papel na história literária em Portugal. Obras maiores que a editora deu a conhecer aos leitores portugueses, vozes incontornáveis, reunidas agora numa coleção singular que presta tributo ao passado, honra o presente e reafirma um compromisso duradouro com a literatura de excelência.

sábado, 20 de setembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | MARIO ALONSO PUIG


MARIO ALONSO PUIG é médico, especialista em cirurgia geral e do aparelho digestivo e Chairman do Center for Health, Well-Being and Happiness da IE University. É fellow em Cirurgia pela Universidade de Harvard, em Boston, possui o ITP pelo IMD de Lausanne.

Formou-se em medicina mente-corpo no Mind-Body Institute da Universidade de Harvard, cujo presidente foi o doutor Herbert Benson, e em MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction) no Center for Mindfulness in Medicine Health Care and Society, ligado à UMASS Medical School. É membro do Applied Innovation Institute (AII), sediado em Silicon Valley, Califórnia, e do GNH Centre Bhutan, estando certi­cado como GNH Practitioner por este centro e sendo um dos fundado[1]res do GNH Centre Spain.

Além da sua prática como cirurgião durante 26 anos, formou-se e trabalhou dois anos no Instituto de Ciências Neurológicas de Madrid. O Dr. Mario Alonso Puig tem sido convidado para fazer palestras sobre liderança, gestão da incerteza, stress, criatividade, comunicação, saúde, bem-estar e felicidade em congressos, universidades, hospitais, empresas e instituições de mais de 35 países, nos 5 continentes.

 

É patrono de honra da Fundação Juegaterapia e embaixador da Manos Unidas. Em 2012, recebeu o prémio de Melhor Comunicador em Saúde pela ASEDEF. Em 2013, venceu o Prémio Espasa de Ensaio. Em 2014, recebeu o Prémio Know Square pela sua carreira de divulgação exemplar. Em janeiro de 2019, foi distinguido com o Prémio Cubi 2018 de Gastronomia Saudável, concedido pela FACYRE (Federação de Cozinheiros e Pasteleiros de Espanha). Nesse mesmo ano, recebeu também o Prémio Optimistas Comprometidos na categoria de Transformação Social. Em 2023, foi galardoado com o Prémio da revista Cambio16 na categoria de Mudança de Consciência. Os Prémios Cambio16 distinguem personalidades e instituições que lideram a construção de um mundo mais justo, humano e regenerativo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

REINICIA A TUA MENTE, de MARIO ALONSO PUIG | PLANETA

Todos nós enfrentamos, no nosso dia a dia, desafios perante os quais precisamos de atuar com calma, entusiasmo e confiança, se queremos convertê-los em oportunidades extraordinárias de aprendizagem e crescimento pessoal.

Em Reinicia a Tua Mente, o prestigiado médico Mario Alonso Puig mostra-nos aspetos surpreendentes, e muitas vezes desconhecidos, da fascinante relação que existe entre o cérebro, a mente e a nossa realidade. Se desejamos aumentar a nossa autoestima e potenciar capacidades como a inteligência, a memória, a intuição, a criatividade, a liderança ou o espírito empreendedor, precisamos de saber como aceder ao nosso grande potencial adormecido, e despertá-lo.

Neste livro, o autor explica-nos, de forma simples e inspiradora, os caminhos que o cérebro e a mente seguem para criar a realidade em que vivemos. Se desejamos desfrutar de um maior nível de bem-estar, prosperidade e felicidade, é fundamental que saibamos influenciar os processos que impactam de forma decisiva a nossa maneira de perceber, pensar, sentir e agir.
 

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O TANTO QUE GRITA ESTE SILÊNCIO: PORQUE SE ABSTÊM OS PORTUGUESES?, de NELSON NUNES | FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS

Em vez da cruz, deixam inscrito um espaço em branco: «Prefiro não votar.» Grosso modo, mais de metade dos portugueses são abstencionistas. O que os caracteriza? Que motivos os levam a abster-se? Desinteresse ou protesto? A abstenção, enquanto expressão negativa, é um sinal de democracia saudável? Ou o voto, enquanto responsabilidade cívica, deveria ser obrigatório?

 

Este retrato procura suprir uma lacuna no debate na esfera pública: dá voz aos reais protagonistas do abstencionismo em Portugal. Conhecer as argumentações da maioria silenciosa que não vota revela uma dimensão mais ou menos opaca da insatisfação com o sistema político. Complementados por análises de especialistas, estes testemunhos permitem perceber melhor o fenómeno da abstenção e pensar sobre como (e se) o devemos minimizar.te de sentir-se sozinho.

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

A FRANCOFONIA EM PORTUGAL: ESTÁ BEM E RECOMENDA-SE, de HELENA TECEDEIRO | FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS


O que têm em comum o ex-futebolista Eric Cantona, os designers Christian Louboutin e Philippe Starck e a atriz Isabelle Adjani? Tal como cerca de 50 mil outros cidadãos franceses, escolheram habitar em Portugal. Porém, para além desta nova aproximação, será que os portugueses ainda têm algo em comum com a língua e a cultura francesas?

Este retrato percorre Lisboa para medir a presença e o prestígio da língua francesa em Portugal. Dos locais de ensino, da Alliance Française ao Liceu Charles Lepierre, passando pelas escolas públicas, do Instituto Francês de Portugal à Embaixada de França. Do testemunho de franceses muito portugueses ao de famílias nacionais muito francófonas. O francês está a perder influência? A resposta pode surpreender.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

RESENHA | UM ESPELHO SOMBRIO DOS GRIMM: A VERDADEIRA HISTÓRIA DE JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO", de ADAM GIDWITZ | PLANETA

 

Quando comecei Um Espelho Sombrio dos Grimm, pensei que iria apenas revisitar o conto tradicional de João e o Pé de Feijão, com algumas diferenças curiosas. Mas rapidamente percebi que Adam Gidwitz não está interessado em repetições suaves — ele sacode-nos logo nas primeiras páginas, com um narrador que fala diretamente connosco, que avisa, provoca e até se ri da nossa expectativa de um “felizes para sempre”.

O que mais me surpreendeu foi a forma como João e Jill se transformam em companheiros de viagem. Não são heróis perfeitos, muito menos símbolos de virtude: são crianças cheias de falhas, mas também de coragem. E talvez por isso me senti tão próximo deles — porque crescem a tropeçar, a errar e a enfrentar medos que, por vezes, se parecem demasiado com os nossos.

A cada novo episódio, entre gigantes ameaçadores, vestidos invisíveis e criaturas bizarras, senti-me a subir mais alto nesse “pé de feijão” que afinal não conduz só a mundos de fantasia, mas também a reflexões muito reais: sobre confiança, amizade, escolhas difíceis e o peso de enfrentar as consequências.

O que mais gostei foi do equilíbrio entre o macabro e o humor. Há momentos sombrios, sim, até perturbadores, mas sempre intercalados com comentários inesperados que arrancam um sorriso e nos lembram que a vida — tal como os contos — é feita de contrastes.

No final, fiquei com a sensação de que este livro não é apenas uma reescrita de um clássico: é uma experiência de leitura que nos desafia a olhar para os contos de fadas de outra maneira. Não como histórias cor-de-rosa, mas como espelhos (alguns deles sombrios) daquilo que é crescer e aprender a lidar com as nossas próprias sombras.

Texto: Madalena Condado

 


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

DESIGUALDADES EM SAÚDE, de RICARDO DE SOUSA ANTUNES | FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS


Sabia que as histórias de dois pacientes com diagnósticos semelhantes podem ter desfechos distintos, devido à diferença de contextos sociais?  Na realidade, para além dos aspectos clínicos, factores como as classes sociais, o género, a idade, as regiões, a educação ou as políticas públicas são determinantes de saúde.

Este livro discute como, em Portugal, o acesso ao sistema de saúde depende não só da disponibilidade e distribuição adequada de recursos, mas também da capacidade dos utentes para o utilizarem de modo eficiente, influenciada por condicionantes sociológicas. Com uma análise detalhada das assimetrias, também por comparação no contexto europeu, reflete sobre os desafios para assegurar a equidade de um atendimento em saúde digno para todos.

domingo, 14 de setembro de 2025

RESENHA "O CAVALEIRO DAS TREVAS", de SHERRILYN KENYON | CHÁ DAS CINCO


Nas páginas de Guerreiro das Trevas, Sherrilyn Kenyon recorda-nos que até os monstros guardam cicatrizes que falam de humanidade. Urian não é o herói imaculado das lendas; é uma criatura moldada pela dor, forjada na traição e condenada à solidão de séculos. Vive suspenso entre aquilo que o destino escreveu para ele — a destruição — e a sua ânsia secreta de redenção.

O amor por Phoebe surge como uma brecha de luz no meio da sua noite eterna. Não um amor fácil, mas uma força que o impele a descer ao Hades e a enfrentar não apenas deuses e inimigos, mas também os fantasmas mais íntimos da sua alma. Kenyon transforma essa descida num verdadeiro rito de passagem, onde cada batalha externa espelha uma guerra interior.

Neste primeiro volume, o leitor é conduzido a um território de sombras, sangue e desejo, mas também de vulnerabilidade. Urian conquista-nos não só pela imponência do guerreiro, mas pela humanidade inesperada do homem que ousa amar quando tudo o empurra para o ódio.

E é precisamente aqui que reside a essência deste livro: ele não fecha um ciclo, antes abre instintos, presságios e expectativas para o que está por vir. Kenyon prepara o terreno, desperta no leitor a sede de continuar, como se cada página fosse um degrau que conduz a um abismo maior — ou, talvez, a uma redenção mais profunda.

Guerreiro das Trevas não é apenas fantasia urbana; é uma reflexão sobre identidade, perda e coragem. Um prelúdio sombrio que anuncia, sem máscaras, que o caminho seguinte será ainda mais denso, mais perigoso — e irresistivelmente humano.

Texto: Madalena Condado

 

sábado, 13 de setembro de 2025

PORTUGAL E O TEMPO, de FERNANDO CORREIA DE OLIVEIRA | FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS


Existe um "tempo português", no sentido cronológico, descrito e medido como por nenhum outro povo? De onde virá a nossa má relação com os hábitos de pontualidade? E a história da nossa relojoaria, o que diz sobre nós? Por que desapareceu ou está hoje ao abandono, sem funcionar, muito do património relojoeiro nacional?

Este livro analisa como Portugal tem vivido o Tempo, nos seus aspectos cultural, sociológico, económico e científico. A viagem percorre sete mil anos, dos alinhamentos megalíticos aos relógios atómicos, passando pelos de sol e pela relojoaria mecânica, nas suas vertentes grossa (de torre), média (de sala, de parede, de mesa), e fina (de bolso e de pulso). O destino final é um país com um atraso endémico na sua relação com Cronos e a explicação para este nosso fado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

PORTO - CIDADE DE NÉVOA E PEDRA, de MBARRETO CONDADO | CHIADO BOOKS

Porto – Cidade de Névoa e Pedra

Há cidades que se mostram de imediato, outras que se revelam devagar. O Porto, não — o Porto não é nenhuma delas — habita nas entranhas da pedra, dissolve-se na bruma, paira no silêncio húmido que desce do Douro e cobre os telhados rubros como um manto de memória ancestral. É uma cidade que se sente antes de se compreender, onde o granito tem voz e o vento murmura histórias que ninguém ousou escrever.

As gentes do Porto dispensam ornamentos: dizem o que pensam e cumprem o que prometem. São austeras como as fachadas da Ribeira, mas com um coração doce. Falam com voz rouca de quem viveu muito e sorriem com dignidade, sem pedir licença para existir. Nos olhos guardam ternura, nos gestos, uma franqueza que embriaga mais que o próprio vinho do Porto. Aqui, a hospitalidade não se mostra — pratica-se.

A cidade ergue-se em socalcos e vontades, resistindo a cercos, séculos e à pressa dos tempos. Por isso é Invicta — não por vaidade, mas por justiça. Em 1832, durante o Cerco do Porto, suportou bombardeamentos e privações para defender a liberdade constitucional. Foi aqui que D. Pedro IV foi aclamado, e quis repousar simbolicamente o seu coração — um raro gesto de amor político. Séculos antes, nas margens do Douro, nasceu o berço da nação. Daqui partiram navios que rasgaram mares e mapas, e chegou a modernidade com fábricas, comboios e indústria a transformar a cidade.

Nos muros e varandas cruzaram-se fidalgos, mercadores, espadas e ideias. O Palácio da Bolsa guarda essa nobreza ativa, unida ao labor tenaz dos homens livres. Nos seus salões ecoam passos de reis, palavras de diplomatas e juras de alianças. O Porto foi palco de revoltas operárias, bastião republicano e berço estudantil. Resistiu à censura e floresceu com o 25 de Abril. O passado não descansa: molda, arde e permanece.

Também nos muros se escreveram versos. Do Porto saiu Almeida Garrett, mestre do romantismo combativo. Aqui nasceu Sophia de Mello Breyner Andresen, que ouve o mar como quem escuta o destino. Camilo Castelo Branco viveu nestas ruas as suas paixões e tormentos — ora cúmplice, ora verdugo. Ainda hoje, o Porto é berço de autores: livrarias respiram entre pedras, cafés e ideias. Cada rua é um poema por escrever. O Porto transforma a dor em literatura eterna.

À mesa, outra epopeia — íntima e heroica. Há séculos, os portuenses cederam a melhor carne às naus, ficando com as tripas. Da escassez nasceu um prato símbolo: as tripas à moda do Porto. Nada descreve melhor a alma da cidade — que transforma pouco em muito, rude em belo. A gastronomia é resistência: a francesinha desafia, o caldo verde conforta, o bacalhau, eterno companheiro, renasce sempre. Em cada tasca pulsa uma alma, um aroma que fica na roupa e no coração.

E há o vinho do Porto, que desce do Douro em tonéis e repousa nas caves de Gaia, como quem adormece para sonhar. Não se bebe só — contempla-se. Doce, escuro, profundo. Como a cidade.

Os costumes nascem de festa e fé. No São João, sagrado e profano abraçam-se, e o Porto transforma-se em espanto. Balões sobem como preces, martelinhos e alhos-porros dançam entre gargalhadas, e o rio espelha as estrelas. É a noite em que a cidade se entrega, e por um instante, todos são filhos do mesmo chão.

O clima é um personagem à parte. Não se limita a estar — impõe-se. Os verões cheiram a sal e sol, os invernos colam-se à pele. Mas é no nevoeiro que o Porto encontra o seu rosto. Esse manto espesso que desce sem ruído envolve tudo, desfoca os contornos e devolve à cidade o seu mistério. No Porto, o nevoeiro não oculta — revela. Nas manhãs brancas, ouve-se melhor o tempo antigo, e cada beco parece um segredo em suspensão.

Na bruma, o Porto adormece,

com o Douro a sussurrar,

e um coração que nunca esquece

o que sempre há-de amar.

À beira-rio, os barcos rabelos contam outro tempo. Os degraus que descem à água falam de homens que lavraram o Douro com mãos calosas e coragem. Do alto da ponte D. Luís I vê-se a cidade em camadas: velha, eterna, resistente. Lá em cima, os telhados desenham uma colcha de ferrugem e sonho.

Se o passado é pedra, o futuro vibra nos corredores da Universidade, nas livrarias, nos cafés onde fermentam ideias. A vida académica é pulso, juventude, reinvenção. Chegam estudantes de todo o mundo, misturam línguas, sonhos, culturas. Enchem jardins, ocupam teatros, desafiam praças. Diz-se que é nos olhos deles que o Porto reaprende a ver o futuro — com ciência, arte e ousadia feroz.

O Porto escuta, mas também se transforma. Inova sem ruído, respeitando o que foi para erguer o que há-de vir. Cresce para o mundo, sem perder o cais da sua identidade.

E entre os heróis de outrora, também o presente se projeta. O futebol — paixão visceral — reflete a alma combativa da cidade. O azul e branco do F. C. Porto não é apenas cor — é nervo, é orgulho tatuado no peito de milhares.

Hoje, turistas chegam de todas as latitudes e perdem-se encantados entre a Ribeira e a Foz, entre travessas escondidas e o brilho dos azulejos ao entardecer. Espantam-se com a força do vinho, com a alma da comida, com a forma como o passado habita cada esquina. E os próprios portugueses, olham para o Porto com respeito e um fascínio silencioso — como se ali residisse uma verdade antiga, que todos reconhecem mas poucos conseguem nomear.

No fim, o que fica é um sentimento sem nome — um Fado quieto. O Porto não é só cidade: é forma de ser, de estar, de amar em silêncio. Quem aqui nasce, nunca parte por inteiro. E quem chega, se souber escutar, encontrará sempre um lugar onde pousar o coração.

O Porto é nevoeiro e luz, dureza e abraço. É pedra, rio, vinho e gente. Passado que pulsa, presente que arde, futuro que sonha — sempre com alma.

MBarreto Condado