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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

ADEUS CLARA PINTO CORREIA

 

Hoje despedimo-nos da Clara Pinto Correia, uma mulher que nunca passou pela vida de ninguém de forma discreta. Tive o privilégio de trabalhar com ela, lado a lado, durante sete anos — anos intensos, desafiantes, e inesquecíveis. A Clara era única. Era irreverente, brilhante, inquieta. Era daquelas pessoas raras que nunca deixavam ninguém indiferente: ou se adorava a sua força, ou se temia o seu ímpeto. Não havia meio termo com ela, porque também não havia meias medidas na forma como vivia.

Como todos nós, a Clara não era perfeita — e talvez fosse justamente essa imperfeição que a tornava tão profundamente humana. Mas a vida, por vezes, é cruel com quem mais precisa de cuidado. E quando a Clara mais precisava de amigos, de apoio, de uma mão estendida, encontrou-se só. Foi nessa solidão que partiu. Uma solidão que não merecia.

Agora, depois da sua partida, multiplicam-se as palavras, as homenagens, os elogios. Mas é impossível não sentir a dor amarga desta ironia: falam tanto dela agora… quando deveriam ter falado com ela. Tê-la escutado, acompanhado, abraçado. Tê-la lembrado de que, apesar do ruído e das sombras, havia quem estivesse do seu lado.

Hoje, neste adeus, fica a memória de uma mulher que marcou vidas, que provocou emoções verdadeiras, que se recusou sempre a ser apenas mais uma. Que a Clara encontre, finalmente, a paz que tantas vezes lhe faltou em vida. E que nós, os que ficámos, aprendamos a tempo a valorizar os vivos com a mesma intensidade com que choramos os mortos.

MBarreto Condado

 


AUTORES INTERNACIONAIS | TIM CORWELL

Tim Corwell nasceu em 1962, sendo o terceiro filho de David Cornwell (John le Carré) e da sua primeira mulher, Ann Sharp.
Foi jornalista de vários periódicos britânicos em Washington e Los Angeles, na década de 1990.
Depois de doze anos nos Estados Unidos, mudou-se para Edimburgo e, de 2001 a 2002, foi editor estrangeiro adjunto e depois correspondente de arte do Scotsman. Depois de deixar o jornal, trabalhou como jornalista de arte independente, especialista em Coloristas Escoceses e em arte islâmica.
Morreu em maio de 2022.

 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | JOHN LE CARRÉ

John le Carré nasceu em 1931.
No decurso de seis décadas, escreveu romances que acabam por definir a nossa época. Filho de um vigarista, passou a infância entre um colégio interno e o submundo londrino.
Aos dezasseis anos encontrou refúgio na Universidade de Berna e mais tarde em Oxford.
Um breve período de docência em Eton levou-o a uma curta carreira no Serviço de Informações britânico (MI5 e MI6).
Publicou o seu romance de estreia, Chamada para o Morto, em 1961, ainda como funcionário dos serviços secretos.
O seu terceiro romance, O Espião Que Saiu do Frio, assegurou-lhe fama mundial, mais tarde consolidada pela boa aceitação obtida pela sua trilogia A ToupeiraO Ilustre Colegial e A Gente de Smiley.
No final da Guerra Fria, le Carré alargou o âmbito da sua temática explorando um panorama internacional que abrange o tráfico de armas e a Guerra contra o Terrorismo.
As suas memórias, O Túnel de Pombos, foram publicadas em 2016 e o último romance em que aparece George Smiley, Um Legado de Espiões, foi dado à estampa em 2017. Morreu a 12 de dezembro de 2020.
 

domingo, 7 de dezembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | EDGAR MORIN

Filósofo e sociólogo francês, nascido em 1921, foi membro, durante a Resistência e no pós-guerra, do Partido Comunista Francês, do qual foi expulso por discordar da orientação oficial. Morin acredita que é necessário efetuar uma "revolução", mas que esta deve ter presente a ideia de totalidade e complexidade do real. Propõe, como alternativa, o conceito de "totalidade aberta" e de "um pensamento planetário", assentes na permanente revisão e crítica dos princípios orientadores, evitando os dogmas e o pensamento único.
Também no domínio da pesquisa epistemológica, a perspetiva de Morin traduz uma inovação. A sua reflexão nesta área incide sobre o panorama da ciência contemporânea que se apresenta como um "mosaico" de disciplinas isoladas e separadas entre si. Esta fragmentação remete para a necessidade de encontrar um novo método, que repense a tradição científica ocidental. Partindo do desenvolvimento das diversas ciências, especialmente da física, da biologia, da cibernética e da ecologia, Morin transmite a ideia de "complexidade", que caracteriza todas as esferas da atividade humana, desde o mundo físico e natural até ao universo das sociedades humanas. Estas realidades (física e social), têm de ser pensadas de uma forma dinâmica e intercomunicativa: o natural não ser entendido desligado do social e vice-versa, e o todo das partes que o compõem, também perspetivados numa lógica de reciprocidade.
Em síntese, Morin tem como objetivo ultrapassar a visão reducionista e simplista do Homem e do Mundo, que domina o pensamento ocidental há trezentos anos.
 

sábado, 6 de dezembro de 2025

LIÇÕES DA HISTÓRIA, de EDGAR MORIN | CRÍTICA

A História nunca deixou de ser, para Edgar Morin, um dos maiores filósofos e sociólogos franceses, um tema de reflexão - incluindo a História na qual ele próprio participou. Testemunha das atrocidades da guerra, das transformações económicas e ecológicas do último século, o autor extrai lições fundamentais que iluminam o passado e nos ajudam a construir o futuro.

Neste breve ensaio, Edgar Morin ensina-nos que o improvável pode acontecer; que os mitos exercem uma enorme influência sobre o real; que os destruidores podem também ser grandes civilizadores; que um único indivíduo pode, por vezes, mudar o rumo da História. Com uma rara capacidade de síntese e uma experiência humana e intelectual incomparável, o autor conduz-nos pela grande jornada da Humanidade - da Antiguidade aos dias de hoje -, oferecendo uma reflexão profunda e pessoal sobre o destino das civilizações.
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

UMA VIDA DE JESUS, de SHUSAKU ENDO | DOM QUIXOTE

«Cada um de nós imagina Jesus projetando n’Ele a sua própria vida. Mesmo assim, algo haverá sempre de misterioso, impenetrável e enigmático na maneira de refletir também a vida deste homem em nossas vidas.»

Recriação da história de Jesus Cristo, Uma Vida de Jesus não é uma biografia, já que uma biografia, no sentido moderno do termo, seria impossível de escrever. Mas também não é um relato ficcionado: embora se sinta livre para especular sobre as motivações de Jesus e dos seus discípulos, Shusaku Endo não afirma nada além daquilo que os Evangelhos contêm. É precisamente aí, nesse exíguo espaço que a ficção rouba à verdade dos Textos Sagrados, que reside a força e o fascínio deste livro.

Endo - um dos mais destacados romancistas japoneses - escreveu-o para os seus compatriotas não católicos, num esforço para explicar quem foi Jesus e dar a conhecer os ideais pelos quais se bateu. O resultado é uma obra que escapa aos limites das culturas e das línguas, uma história intemporal, tão estimulante para os leitores de hoje como o terá sido para aqueles que a ouviram nos tempos do Novo Testamento.

Críticas de imprensa
«De facto, não há ninguém como Endo… como a raridade que é enquanto católico japonês, encontrou um território limítrofe - de choque cultural e psicológico - que é todo seu.»
The Observer

«Endo conhece bem o seu espaço. As suas descrições da paisagem judaica e das pequenas cidades que a pontilham, e do incrível deserto desolado e vazio, estão entre as mais bonitas e poéticas que alguma vez li.»
The Catholic Review

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | ALEXANDRE COIMBRA AMARAL

Alexandre Coimbra Amaral é psicólogo, escritor e podcaster. Mestre em Psicologia pela PUC do Chile e terapeuta familiar, de casais e grupos, é palestrante e consultor de saúde mental em empresas e escolas, e também colunista da revista Crescer e do Portal Lunetas do Instituto Alana.
Participou durante quase cinco anos como psicólogo no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, e é hoje uma presença constante em diversos programas de TV, na Internet e em podcasts. Aborda temas de interesse coletivo e ajuda a compreender os dilemas do nosso tempo. O seu podcastCartas de um terapeuta, é um dos mais ouvidos no Brasil.

 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

TODA A ANSIEDADE MERECE UM ABRAÇO, de ALEXANDRE COIMBRA AMARAL | PLANETA

Em Toda a Ansiedade Merece um Abraço, o psicólogo e escritor Alexandre Coimbra Amaral convida-nos a olhar para a ansiedade de forma diferente - não como um inimigo, mas como uma presença que merece compreensão e acolhimento.

Num tom profundamente humano, o autor propõe uma reflexão sensível sobre um dos maiores desafios do nosso tempo, lembrando-nos de que viver com ansiedade não é motivo de vergonha, mas um convite à empatia e à partilha. Entre o pensamento e a emoção, este livro é um abraço literário que nos ajuda a transformar o sofrimento em diálogo, o medo em escuta e a solidão em encontro.

Nomear não é definir com exatidão aquilo a que se refere, mas, sim, ser um motor impulsionador para pensar em todas as possibilidades que essa operação suscita. Ao dar nome a um dos transtornos de sintomas sociais mais comuns dos nossos dias, o psicólogo e escritor Alexandre Coimbra Amaral abre um mundo no qual cabem poucas certezas e muitas reflexões.

Em Toda a Ansiedade Merece um Abraço, o autor propõe uma conversa franca, empática e profundamente acolhedora sobre um dos maiores sofrimentos que marcam a sociedade atual: a ansiedade. Vivemos num mundo de ansiosos, mas não precisamos de sentir vergonha disso, nem de enfrentar sozinhos as situações que este mal desencadeia.

É no olhar sensível para o outro e na escuta atenta que reside a possibilidade de retirarmos a nossa ansiedade da caverna da solidão e, em conjunto, aliviarmos um pouco a nossa dor. Sinta-se abraçado por Alexandre Coimbra Amaral e pelas suas palavras.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

UM ESPIÃO EM PRIVADO - AS CARTAS DE JOHN LE CARRÉ, de TIM CORNWELL | DOM QUIXOTE

John le Carré foi um escritor marcante do seu tempo. Esta cativante recolha de cartas - escritas a leitores, editores, realizadores e atores cinematográficos, políticos e figuras públicas - revela o homem divertidamente inteligente e inabalavelmente eloquente por detrás do pseudónimo.

Um Espião em Privado abrange sete décadas e narra não só a vida de le Carré, como os tempos turbulentos de que foi testemunha. Iniciando-se com a sua infância, na década de 1940, contém relatos do período em que foi funcionário público, da sua passagem por Oxford e dos tempos em que foi professor em Eton de «lordes ingleses de nariz afilado, sem queixo e de olhos de groselha».

Descreve a sua entrada no MI5, o surgimento da Cortina de Ferro e o florescimento da sua carreira como romancista reagindo à construção do Muro de Berlim. Através das suas cartas, viajamos com ele do período que vai da Segunda Guerra Mundial até à atualidade.

Vemos le Carré a escrever a Sir Alec Guinness para o persuadir a aceitar o papel de George Smiley e, mais tarde, a discutir a imoralidade da guerra contra o terrorismo com o chefe do serviço de segurança interna alemão. O que emerge é um retrato, não apenas do escritor, ou do intelectual em termos globais, mas sim, segundo as suas próprias palavras, do homem muito privado, muito apaixonado e muito real por detrás do nome.

Inclui cartas a:
John Banville · William Burroughs · John Cheever · Stephen Fry · Graham Greene · Sir Alec Guinness · Hugh Laurie · Ben Macintyre · Ian McEwan · Gary Oldman · Philip Roth · Philippe Sands · Sir Tom Stoppard · Margaret Thatcher · e muitos mais...
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

SCYTHE & SPARROW, de BRYNNE WEAVER | CHÁ DAS CINCO

Depois de uma desilusão amorosa, Fionn Kane refugia-se numa pequena vila no Nebraska, na esperança de conseguir sarar o seu coração partido e superar a crise na carreira cirúrgica. É uma vida discreta e longe do caos que deixou em Boston. Mas o caos parece persegui-lo…
Rose Evans, artista de acrobacias com motos, passou a última década em digressão com o Circo Silveria, o que lhe proporciona o disfarce perfeito para os seus homicídios, sem estar no centro das atenções. Mas quando uma das suas vítimas escapa e ela é ferida na perna, vê-se presa no Nebraska, na casa do atraente médico da cidade.
A atração entre os dois é explosiva, só que há mais coisas em jogo do que eles imaginam. Nem todos os corações partidos podem ser remendados… E quanto mais tempo se fica no mesmo sítio, maior é a probabilidade de os fantasmas do passado nos apanharem.
 

domingo, 30 de novembro de 2025

UMA DE NÓS VAI MORRER, de JENEVA ROSE | CHÁ DAS CINCO

Buckhead é um bairro chique com carros de luxo, mansões imponentes e amizades competitivas. Mas o que é aparentemente um bairro tranquilo revela a sua verdadeira natureza quando Shannon, a outrora rainha de Buckhead, é abandonada sem cerimónias por Bryce, o seu marido.
Ao descobrir que foi substituída por uma mulher muito mais nova, jura vingança… Assim que Shannon cai em desgraça, três outras mulheres preparam-se para lutar pelo lugar que ficou vago na liderança do bairro: Crystal, a jovem e inocente substituta de Shannon; Olivia, que esperou durante anos para destronar Shannon; e Jenny, dona do salão mais exclusivo da cidade, onde são revelados todos os segredos e desejos obscuros.
Qual destas mulheres será suficientemente astuta para sobreviver em Buckhead? E quem acabará morta? Diz-se que as amizades podem ser complicadas, mas ninguém imaginou que podiam ser tão letais.

 

sábado, 29 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | PETER FRANKOPAN

Peter Frankopan é professor de História Mundial na Universidade de Oxford, na qual dirige o Centro de Pesquisa Bizantina, e trabalha como investigador na Worcester College.
Lecionou nas principais universidades do mundo, incluindo as universidades de Cambridge, Yale, Harvard e Princeton, a Universidade de Nova Iorque, o King’s College London e o Institute of Historical ResearchAs Rotas da Seda tornou-se um bestseller global, liderando tabelas de vendas em todo o mundo. Foi bestseller n.º 1 do Sunday Times e considerado um dos Livros da Década 2010-2020 pelo Sunday Times. Em 2023, o seu livro A História do Mundo foi nomeado Livro de História do Ano pelo The Times e considerado Livro do Ano pelo Financial TimesGuardianObserverSunday TimesIndependentNew Yorker e Le Point.
 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

AS ROTAS DA SEDA, de PETER FRANKOPAN | CRÍTICA

Aclamado mundialmente, As Rotas da Seda revolucionou conceções antigas sobre a História e os impérios. Radical, épico na sua abrangência e considerado um texto fundamental para a compreensão do renascimento económico e político do Oriente, este livro é uma obra-prima de investigação histórica e teoria política.

Nesta edição comemorativa, Peter Frankopan demonstra quão crucial As Rotas da Seda é para a nossa apreciação da História e para a compreensão do futuro de um mundo cada vez mais internacional. Durante séculos, a fama e a fortuna encontravam-se no Ocidente - no Novo Mundo das Américas. Hoje, é o Oriente que atrai aqueles em busca de riqueza e aventura. Abrangendo toda a Ásia Central e penetrando profundamente na China e na Índia, uma região que outrora ocupou o centro do palco volta a emergir, dominando a política, o comércio e a cultura globais.
 

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | RUI PASSOS ROCHA


Rui Passos Rocha é licenciado e Mestre em Ciências da Comunicação, Mestre em Ciência Política e com pós-graduação em Visualização de Informação, trabalhou em comunicação institucional sobre cultura (Casa da América Latina), política e sociedade (Fundação Francisco Manuel dos Santos), e ensino superior (ISCTE-IUL). É marketeer digital em regime independente. 

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

HISTÓRIAS QUE AS RUAS CONTAM, de RUI PASSOS ROCHA | PLANETA


 
Basta sairmos de casa, darmos uns passos e logo surge uma placa toponímica num suporte de pedra, num muro ou na parede de um prédio. Os nomes das ruas fazem parte do nosso dia a dia, mas será que sabemos a quem se referem e porquê, ou que acontecimentos históricos ali ocorreram?

Os nomes das ruas têm importância - falam da nossa geografia e destacam certos factos ou figuras da nossa História política, militar, religiosa e social. Cada nome de rua guarda histórias antigas e resulta de escolhas políticas que ainda hoje moldam a nossa memória coletiva.

Baseado numa investigação histórica, Rui Passos Rocha convida-nos a viajar pelos largos, travessas, praças e ruas de Portugal. Nesta viagem vamos encontrar muitos nomes alusivos à geografia - a fontes, fauna e flora -, a variados escritores, cientistas, desportistas; exaltam-se políticos, navegantes e militares de outros tempos; celebram-se umas revoluções em detrimento de outras e, claro, não faltam ruas com a palavra Igreja e nomes de santos para todos os gostos. Nossa Senhora é o topónimo feminino mais presente em Portugal, mas as ruas com nomes de mulheres ainda são poucas, assim como as dedicadas às minorias.

Histórias que as Ruas Contam, mais do que um guia de curiosidades sobre toponímia, é um retrato real do país que se lê a cada esquina. Um convite para pensar no nosso passado e futuro.
 

AUTORES INTERNACIONAIS | RAMON GENER

Ramon Gener, nascido em Barcelona, é licenciado em Humanidades e Ciências Empresariais.
Começou a sua formação como músico aos seis anos, estudando piano no Conservatori del Liceu.
Após uma carreira de vários anos como barítono, deixou de cantar e iniciou uma nova etapa dando palestras sobre a história da música clássica, da ópera e da arte.
Realizou diferentes programas de televisão – Òpera en TexansIsto é ÓperaIsto é Arte (RTP2), 200. Una noche en el Prado e Això No És Una Cançó –, que podem ser vistos em muitos países. Na rádio, colabora regularmente com os programas No es un día cualquierae Versió RAC1.
Publicou Se Beethoven pudesse ouvir-me (2017), O amor tornar-te-á imortal (2025) e Beethoven. Un músico sobre un mar de nubes (2020).
História de um piano (Prémio Ramon Llull 2024) é o seu primeiro romance.
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

HISTÓRIA DE UM PIANO, de RAMON GENER | PLANETA

 

O protagonista deste romance encontra o piano de som aveludado que sempre desejou numa pequena loja de um bairro de Barcelona.

Janusz Borowski, um homem misterioso nascido numa floresta no leste da Polónia, alerta-o de que se trata de um instrumento muito especial que exige cuidado. O piano de cauda com o número de série 31887 é um Grotrian-Steinweg, construído em Brunswick, na Alemanha, em 1915.

A descoberta surpreendente de um segredo escondido no seu interior levará o protagonista a iniciar uma longa viagem numa narrativa que atravessa a Europa do século XX.

Ao encontrar num bairro de Barcelona o piano dos seus sonhos, o protagonista não imagina que aquele Grotrian-Steinweg de 1915 guarda um segredo capaz de mudar a sua vida. Entre memórias ocultas e revelações inesperadas, inicia uma viagem que o leva a atravessar a Europa do século XX e a descobrir como a música pode curar feridas profundas.

História de um piano é um romance inesquecível sobre o poder redentor da arte, do amor e da amizade.

Quando a música guarda memórias, cada nota conta uma história.

domingo, 23 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | BOTHAYNA AL-ESSA

Bothayna Al-Essa é uma famosa escritora do Kuwait, autora de mais de uma dezena de romances, além de livros para crianças. É também a fundadora da Takween, uma livraria e editora de vários livros aclamados pela crítica. A Biblioteca do Censor de Livros conquistou o Prémio Sharjah de Criatividade Árabe na categoria de romance, em 2021, e a sua edição em inglês foi finalista do National Book Award para literatura traduzida, em 2024. Al-Essa foi escritora residente no Centro Britânico de Tradução Literária durante o verão de 2023, e recebeu o Prémio Nacional do Kuwait de Incentivo pela sua obra de ficção em 2003 e 2012. É autora de livros sobre escrita e orientou oficinas de escrita em todo o mundo árabe.
 

sábado, 22 de novembro de 2025

A BIBLIOTECA DO CENSOR DE LIVROS, de BOTHAYNA AL-ESSA | DOM QUIXOTE

Uma sátira ousada e fantástica sobre livros proibidos, arquivos secretos e o olho vigilante de um governo omnipresente e todo-poderoso.

Há semanas que o novo censor de livros não tem uma noite de sono tranquilo. Durante o dia ocupa-se a passar a pente fino manuscritos de livros num gabinete governamental, à procura de qualquer pormenor capaz de tornar o livro impróprio para publicação - alusões a homossexualidade, a religiões não aprovadas, qualquer menção sobre a vida antes da Revolução.

À noite, os seus sonhos povoam-se de personagens dos clássicos da literatura, e os romances que vai surripiando empilham-se na casa que partilha com a mulher e a filha. Ao mesmo tempo que continua a ser atraído pelo canto da sereia das leituras proibidas, mergulha num mundo subterrâneo onde se cruzam combatentes da Resistência, uma livreira clandestina e bibliotecários fora-da-lei que tentam salvar a sua história e cultura.

Face à ameaça que a liberdade de expressão enfrenta globalmente e ao futuro sombrio a que o mundo está praticamente condenado, Bothayna Al-Essa combina a acerada distopia de 1984 e de Fahrenheit 451 com o absurdo descabelado de Alice no País das Maravilhas.

A Biblioteca do Censor de Livros é, ao mesmo tempo, um sinal de alerta e uma declaração de amor pelas histórias e o delicioso ato de nos deixarmos perder nelas.
 

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | MARÍA GAINZA

María Gainza nasceu em Buenos Aires. Trabalhou como correspondente do The New York Times em Buenos Aires e da ArtNews. Foi por mais de dez anos colaboradora regular da revista Artforum e do suplemento Radar do jornal Página/12. Orientou cursos de pintura e oficinas de crítica de arte e coeditou a coleção Los Sentidos, da editora Adriano Hidalgo, sobre arte argentina. Em 2011 publicou uma seleção de ensaios e apontamentos intitulada Textos EligidosO Nervo Ótico, o seu primeiro livro de ficção, foi publicado em Portugal pelas Publicações Dom Quixote (2018) e recebeu o aplauso internacional da crítica. Seguiram-se Hotel Melancólico (2019) e Um Punhado de Flechas (2025).
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

UM PUNHADO DE FLECHAS, de MARÍA GAINZA | DOM QUIXOTE

O realizador Francis Ford Coppola viveu algum tempo em Buenos Aires, enquanto rodava o filme Tetro. E recrutou para o tempo da estadia um tradutor que - ele há coisas - era o marido da autora deste livro. Raramente falava com ela, mas, certa noite, durante um jantar em que ficaram os dois sozinhos à mesa, disse-lhe: «O artista vem ao mundo trazendo uma aljava com um número limitado de flechas douradas. Pode atirar todas as flechas ainda em jovem, já adulto ou mesmo na velhice. Também as pode ir atirando pouco a pouco, espaçadas ao longo dos anos. Isso seria ótimo, mas já sabes que o ótimo é inimigo do bom.»

Além de Coppola, apresenta vários outros artistas e obras de arte através de episódios da vida da escritora. Entre outros, uma aguarela de Cézanne roubada de um museu de Buenos Aires; a casa de um colecionador; um passeio ao redor do Lago Walden, de Thoreau; as pinturas enigmáticas de Bodhi Wind de piscinas californianas, que apareceram no não menos enigmático filme Três Mulheres, de Robert Altman; algumas fotografias resgatadas de uma mala; as aventuras do pintor Francis Hopkinson e do seu assistente Moon, no México, e uma pintura amaldiçoada de Ticiano escondida em Tzintzuntzan…

Num estilo que rompe as fronteiras entre os géneros literários como acontecia com O Nervo Ótico, numa mescla de narrativa, ensaio e livro de arte, María Gainza continua a explorar novas formas de compreender a escrita e a vida e consolida a sua posição como uma das vozes mais estimulantes do cenário literário contemporâneo.
 

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | JENTE POSTHUMA

Jente Posthuma publicou o seu romance de estreia em 2016, muito bem recebido pela imprensa e nomeado para o Prémio literário Dioraphte e os prémios para Primeiro Romance Hebban e ANV. O romance Aquilo em que Preferia Não Pensar, que foi finalista do Prémio da União Europeia para a Literatura, esteve na shortlist do Booker Prize< Internacional em 2024.
 

terça-feira, 18 de novembro de 2025

AQUILO EM QUE PREFERIA NÃO PENSAR, de JENTE POSTHUMA | DOM QUIXOTE

Ela coleciona camisolas. Ele tem dois gatos. Ambos adoram Nova Iorque e, aconteça o que acontecer, hão de mudar-se para lá quando fizerem 28 anos. Porém, de repente, ele diz que quer passar algum tempo sozinho. E se uma das metades de um par de gémeos não quiser continuar a viver? E se a outra não conseguir viver sem essa metade? É esta a questão central do presente romance, em que a narradora é a gémea de um rapaz que se suicidou e relembra muitas histórias de infância e também as suas vidas adultas com mágoa, saudade, raiva e insegurança em relação ao futuro.

De uma maneira aparentemente desprendida mas muito perspicaz, Aquilo em que Preferia Não Pensar conta a história do que acontece quando a pessoa com quem construímos as bases de toda uma vida desaparece subitamente, e as memórias que restam são as de um pai que já era ausente antes de ter morrido e de uma mãe geóloga, fria como uma pedra.

Finalista do Booker Prize Internacional, traduzido em mais de uma dezena de línguas, o romance de Jente Posthuma é uma exploração comovente do luto, contada através de episódios breves e cirúrgicos, impregnados de uma suave melancolia e, o que é surpreendente, de um humor inesperado e corrosivo.

Um livro que se debruça também sobre o facto de a saúde mental depender tantas vezes da vida familiar.
 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | MÁRIO CLÁUDIO

Escritor português, de nome verdadeiro Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nascido a 6 de novembro de 1941, no Porto. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se diplomou também como bibliotecário-arquivista, e master of Arts em biblioteconomia e Ciências Documentais pelo University College de Londres, revelou-se como poeta com o volume Ciclo de Cypris (1969). Tradutor de autores como William Beckford, Odysseus Elytis, Nikos Gatsos e Virginia Woolf, foi, porém, como ficcionista que mais se afirmou.
Publicou com o nome próprio, uma vez que "Mário Cláudio" é pseudónimo, um Estudo do Analfabetismo em Portugal, obra que reúne a sua tese de mestrado e uma comunicação apresentada no 6.° Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Portugueses, em 1978. Colaborador em várias publicações periódicas, como Loreto 13Colóquio/Letras, Diário de LisboaVérticeJornal de Letras Artes e IdeiasO Jornal, entre outros, foi considerado pela crítica, desde a publicação de obras como Um Verão Assim, um autor para quem o verso e a prosa constituem modalidades intercambiáveis, detendo características comuns como a opacidade, a musicalidade e a rutura sintática, subvertendo a linearidade da leitura por uma escrita construída como "labirinto em espiral". A obra de Mário Cláudio apresenta uma faceta de investigador e de bibliófilo que, encontrando continuidade na sua atividade profissional, inscreve eruditamente cada um dos livros numa herança cultural e literária, portuguesa ou universal. Dir-se-ia que a sua escrita, seja romanesca, seja em coletâneas de pequenas narrativas (Itinerários, 1993), funciona como um espelho que devolve a cada período a sua imagem, perspetivada através de um rosto ou de um local, em que o próprio autor se reflete, e isto sem a preocupação de qualquer tipo de realismo, mas num todo difuso e compósito, capaz de evocar o sentido ou o tom de uma época que concorre ainda para formar a época presente.
Mário Cláudio recebeu, em 1985, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores por Amadeo (1984), o primeiro romance de um conjunto posteriormente intitulado Trilogia da Mão (1993), em 2001 recebeu o prémio novela da mesma associação pelo livro A Cidade no Bolso e, em dezembro de 2004, foi distinguido com o Prémio Pessoa. Para além das obras já mencionadas, são também da sua autoria Guilhermina (1986), A Quinta das Virtudes, (1991), Tocata para Dois Clarins (1992), O Pórtico da Glória (1997), Peregrinação de Barnabé das Índias (1998), Ursamaior (2000), Orion (2003), Amadeu (2003), Gémeos (2004) e Triunfo do Amor Português (2004). O autor tem também trabalhos publicados na área da poesia (como Ciclo de Cypris, 1969, Terra Sigillata, de 1982, e Dois Equinócios, de 1996), dos ensaios (Para o Estudo do Alfabetismo e da Relutância à Leitura em Portugal, de 1979, entre outros), do teatro (por exemplo, O Estranho Caso do Trapezista Azul, de 1999) e da literatura juvenil (A Bruxa, o Poeta e o Anjo, de 1996).



 

domingo, 16 de novembro de 2025

CAMILO BROCA, de MÁRIO CLÁUDIO | DOM QUIXOTE

Camilo Castelo Branco é, sem sombra de dúvida, um dos maiores vultos da história da literatura portuguesa. Autor de obras tão emblemáticas como Amor de PerdiçãoMemórias do Cárcere ou A Queda de um Anjo, foi o expoente máximo do Romantismo e o primeiro escritor português a viver exclusivamente da escrita. A sua existência foi bastante atribulada e por vezes escandalosa - aquilo a que poderíamos chamar digna de um romance - mas quase nada sabemos das suas origens: afinal, donde vem Camilo e quem foram os seus antepassados?

O presente romance, escrito por um dos admiradores confessos do grande escritor romântico, revisita de forma genial a história dos Brocas, a família de quem Camilo terá herdado não só uma personalidade algo viciosa e doentia, mas sobretudo uma forma exacerbada de amar, que acabaria por marcar tragicamente o seu destino.

Camilo Broca, obra indispensável em qualquer biblioteca, foi aplaudido pelo público e pela crítica e venceu vários prémios literários.

Críticas de imprensa
«Diálogo de gigantes: Camilo por Mário Cláudio.»
Maria Alzira Seixo, JL

 

sábado, 15 de novembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | CARLOS CAMPANIÇO

Carlos Campaniço nasceu na aldeia de Safara, no concelho de Moura. Aí viveu até ingressar na universidade, onde cursou Línguas e Literaturas Modernas. É também mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo, tendo obra publicada sobre a matéria.
Profissionalmente, é programador artístico.
Publicou vários romances desde 2007, entre eles: Os Demónios de Álvaro Cobra (Vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada), Mal Nascer (Finalista do Prémio LeYa e vencedor do Prémio Mais Literatura promovido pela revista Mais Alentejo), As Viúvas de Dom RufiaVelhos Lobos e agora A Cinco Palmos dos Olhos.

 

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

A CINCO PALMOS DOS OLHOS, de CARLOS CAMPANIÇO | CASA DAS LETRAS

Pouco depois do 25 de Abril, os trabalhadores rurais do Sul ocupam a terra dos latifundiários para quem trabalharam como escravos ao longo de décadas. Em Aldeia Velha - o lugar onde decorre a acção deste romance - a sociedade depara-se de repente com as mudanças criadas pela Reforma Agrária, mas também com as consequências do fim da Guerra Colonial e as novas liberdades trazidas pela Revolução.

Veremos, por isso, como reagem os que perderam as propriedades (e se insurgem ou resignam com a situação) e os que continuam a trabalhar de sol a sol, embora agora para seu próprio sustento. E também os que, depois de terem lutado anos pela democracia, são agora membros do Partido e ocupam funções de relevo, ou os que acreditaram no mundo perfeito e veem os seus sonhos esfarelar-se todos os dias. Mas há também coisas que nunca mudam, por mais que os tempos tenham mudado: a bisbilhotice, a mentira, a má-língua, a maldade, o sofrimento.

Num romance em que a verdadeira personagem é a própria aldeia - na qual o bulício das vidas individuais funciona como uma espécie de música de fundo - é curiosamente o carteiro - aquele que passa em todas as ruas e portas - o elo de ligação entre o padre, o merceeiro, o médico, a amante, o corno, o ricaço, o presidente da Junta e muitos outros, trazendo-nos a forma como cada um assimila os novos tempos e perspectiva o futuro. Porém, o muito que este homem cala é talvez aquilo que mais importa.

Carlos Campaniço, no seu estilo inconfundível e uma linguagem que é um tremendo veículo sensorial, oferece-nos com A Cinco Palmos dos Olhos mais uma obra profundamente original.
 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | J.M. COETZEE

J. M. Coetzee nasceu em 1940, na Cidade do Cabo, estudou na África do Sul e nos Estados Unidos, e vive atualmente na Austrália.
Entre as suas obras destacam-se No Coração desta Terra, À Espera dos Bárbaros (James Tait Black Memorial Prize 1982), A Vida e o Tempo de Michael K (Prémio Booker 1983), Desgraça (Prémio Booker 1999), Diário de Um Mau Ano – um romance em que o autor dividiu a página em três planos narrativos distintos, numa ousada experiência entre a ficção e o ensaio –, Verão (finalista do Prémio Booker 2009), a muito aclamada trilogia de Jesus – A Infância de JesusJesus na Escola e A Morte de Jesus – e O Polaco.
Tendo sido o primeiro escritor a vencer por duas vezes o Prémio Booker, Coetzee viu ainda a sua mestria literária ser reconhecida com a atribuição do Prémio Nobel de Literatura, em 2003.

 

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O DOM DAS LÍNGUAS, de J.M. COETZEE e MARIANA DIMÓPULOS | DOM QUIXOTE

Neste diálogo entre um laureado com o prémio Nobel e uma importante tradutora, surgem ideias estimulantes acerca da evolução da língua e o desafio da tradução.

Historicamente falando, a língua foi sempre traiçoeira. Dois dicionários facultam diferentes mapas do universo: qual deles é verdadeiro, ou são ambos falsos? O Dom das Línguas - assumindo a forma de um diálogo entre o romancista J. M. Coetzee e a eminente tradutora Mariana Dimópulos - explora questões que têm constantemente perseguido escritores e tradutores, hoje mais do que nunca.

Entre elas:

Como pode o tradutor libertar significados aprisionados na língua de um texto?
Por que razão a forma masculina é dominante em línguas com género, enquanto o feminino é tratado como um desvio?
Como devemos contrariar a proliferação do monolinguismo?
Deve o tradutor censurar linguagem racista ou misógina?
A matemática diz a verdade acerca de tudo?

Na tradição do inspirador ensaio de Walter Benjamin intitulado A Tarefa do TradutorO Dom das Línguas surge como um trabalho de filosofia aliciante e acessível, lançando luz sobre algumas das mais importantes questões linguísticas e filológicas do nosso tempo.