segunda-feira, 5 de maio de 2025

O JUÍZO DAS MÃOS, de ELIZA CAMPELLO | SAÍDA DE EMERGÊNCIA

Quatro anos passaram e Lala continua no mesmo sítio. Tudo mudou. Nada mudou. À beira da maioridade, Lala desfaz-se em segredos, presa a memórias mais reais que a própria vida. De dia, ela é Lala Di Ehr, estudante e herdeira, amada sobrinha, prima e amiga, filha pouco querida, mas não esquecida, a dar os passos decisivos para a idade adulta. De noite, é outra Lala, conhecida por outro nome, leal a uma causa proibida, cometendo crime atrás de crime em nome de uma conspiração contra a única Nação que conhece.

Nada muda. Tudo muda. Uma noite, aparece um clonado onde não devia. Balahúr. Como um sonho ou um pesadelo. O mesmo modelo que Bheithir, a mesma idade que Bheithir, mas o oposto a Bheithir. Perigoso e imprevisível, Balahúr oferece-se à causa secreta de Lala, ameaçando destruir o fraco controlo que lhe resta. Ao mesmo tempo, o mundo ameaça resvalar em seu redor. O Estado milenar onde nasceu, que sobreviveu a todas as tempestades, ameaça finalmente afundar com o peso de males antigos. Em breve, não haverá fuga ou esconderijo para ninguém.
Para clonados ou não-clonados. Para todos os vivos. Aproxima-se o Dia do Juízo.

 

domingo, 4 de maio de 2025

TERRIUM, de LUCY ANGEL | SAÍDA DE EMERGÊNCIA

Quando uma entidade maligna emerge das profundezas do Oceano, a princesa de Oceânia é escolhida para embarcar numa jornada arriscada pelos Sete Reinos. A sua missão é encontrar e reunir as lendárias Bruxas do Mar, escondidas da humanidade há anos. Só assim conseguirá derrotar a Escuridão que ameaça dominar tudo o que conhece.
Mas quando o Destino a leva até Terrium, o Reino Assombrado, Catherine tem de fazer uma escolha: aceitar a ajuda da tripulação de piratas que um dia a conduziu à morte… ou enfrentar o seu destino sozinha.
A Escuridão pretende dominar o mundo e Catherine é a única que a pode travar. Com o destino dos Sete Reinos em jogo, a Escolhida está disposta a arriscar tudo. Até navegar com o homem que a traiu… se isso significar salvar o que lhe resta.

 

sábado, 3 de maio de 2025

A MUSA DE CAMÕES, de MARIA HELENA VENTURA | SAÍDA DE EMERGÊNCIA

A Musa de Camões recua até ao século XVI, para a Lisboa de onde partiam as caravelas que descobriam o mundo e chegavam as especiarias que maravilhavam a Europa. No paço real vive a mais bela e rica princesa da cristandade, a Infanta D. Maria. Nas ruelas tortuosas aventura-se o mais talentoso poeta da época, Luís de Camões.
Mas Lisboa não tem só encantos. A Infanta, invulgarmente culta e graciosa, retratada por pintores e cantada por poetas, vive asfixiada por uma corte que conspira para que ela não case nem leve o dote mais cobiçado da Europa. E Camões, invejado pelo talento único e odiado por maridos cujas mulheres cantou e encantou, é um desafortunado que até El Rei pretende exilar para longe.
Um dia os seus olhares cruzam-se. Tão diferentes de nascimento e posição, as suas almas desencantadas parecem gémeas. Uma deseja atenção, a outra anseia por uma musa, ambas encontram o amor. Trazendo à vida uma época gloriosa e personagens fascinantes, Maria Helena Ventura conta-nos a história de um amor único e impossível, que aos olhos da lei era crime e aos da Inquisição era pecado.
 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

ESTIGMA, de JORN LIER HORST & THOMAS ENGER | DOM QUIXOTE


 O quarto volume da série bestseller Blix & Ramm.

Thrillers com crime, forte ação e suspense psicológico em doses inteligentes.

Encarcerado numa cadeia de alta segurança, Alexander Blix une de novo forças com Emma Ramm para encontrar um assassino implacável que escapou de uma prisão alemã e está a caminho da Noruega. Blix e Ramm estão de volta num thriller emocionante e intenso, escrito a quatro mãos por dois dos melhores autores do noir nórdico.

Alexander Blix é um homem destroçado. Após ter sido condenado por vingar a morte da filha, encontra-se detido numa cadeia de alta segurança da Noruega, onde os outros presos o desafiam e humilham constantemente. Entretanto, lá fora, os antigos colegas de Blix deram início à perseguição a um assassino aterrador: Walter Kroos fugiu de uma prisão na Alemanha e tudo indica que se dirige para norte. Mas a única pista que a polícia tem é uma ligação de Kroos a um dos presos da ala onde Blix se encontra, e, por isso, agora é indispensável a ajuda do ex-detetive.

A jornalista Emma Ramm, uma das pouquíssimas pessoas na lista de visitantes de Blix, ajuda-o nos seus esforços para estabelecer ligações entre o passado e o presente, entre o mundo prisional e o mundo exterior. Quando, por fim, começa a juntar as várias peças do puzzle, Blix identifica uma comunidade que vive da floresta, a 150 quilómetros a norte de Oslo, cujos habitantes, profundamente traumatizados, guardam segredos fatais… segredos que podem vir a denunciar todos os implicados no caso.

Críticas de imprensa
«Intenso, brutal e emocionante.»
Sunday Times

quinta-feira, 1 de maio de 2025

A EXTINÇÃO DE IRENA REY, de JENNIFER CROFT | CASA DAS LETRAS

Oito tradutores chegam a uma casa no meio da floresta, na fronteira da Bielorrússia. A casa pertence à autora de renome mundial Irena Rey, e eles estão lá para traduzir a sua obra-prima, Eminência Parda. Mas, poucos dias depois da sua chegada, Irena desaparece sem deixar rasto.

Os tradutores, oriundos de oito países diferentes, mas que partilham a mesma reverência pela sua amada autora, começam a investigar para onde terá ido enquanto prosseguem o trabalho de tradução. Exploram o antigo refúgio arborizado, com os seus fungos e líquenes inebriantes, e estudam os pertences exóticos e os textos escusos da autora, em busca de pistas. Mas são revelados segredos - e mentiras - de Irena Rey para os quais eles não estão preparados.

Forçados a enfrentar as suas diferenças à medida que se tornam cada vez mais paranoicos neste sonho febril de isolamento e obsessão, em breve os tradutores estão enredados numa teia de rivalidades e desejo, ameaçando não só o seu trabalho, mas também o destino da sua amada autora. 

Este hilariante e viciante segundo livro da premiada tradutora e autora Jennifer Croft é uma brilhante análise da arte, do ser celebridade, do mundo natural e do poder da linguagem. É uma aventura inesquecível e inultrapassável com um pequeno, mas global, elenco de personagens abaladas pelos choques do amor, da destruição e da criação numa das últimas grandes regiões selvagens da Europa. 

Críticas
«A Croft escreve com uma intensidade arrebatadora.»
Olga Tokarczuk, vencedora do Prémio Nobel da Literatura

 

quarta-feira, 30 de abril de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | HERMANN HESSE


PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1946

Romancista e poeta alemão, Hermann Hesse nasceu em 1877 na pequena cidade de Calw, na orla da Floresta Negra e no estado de Wüttenberg. Como os pais depositavam esperanças no facto de Hermann Hesse poder vir a seguir a tradição familiar em teologia, enviaram-no para o seminário protestante de Maulbronn, em 1891, mas acabou por ser expulso. Passando a uma escola secular, o jovem Hermann tornou a revelar inadaptação, pelo que abandonou os seus estudos.
Hermann Hesse começou depois a trabalhar, primeiro como aprendiz de relojoeiro, como empregado de balcão numa livraria, como mecânico, e depois como livreiro em Tübingen, onde se teria juntado a uma tertúlia literária, "Le Petit Cénacle", que teria, não só grandemente fomentado a voracidade de leitura em Hesse, como também determinado a sua vocação para a escrita. Assim, em 1899, Hermann Hesse publicou os seus primeiros trabalhos, Romantischer Lieder Eine Stunde Hinter Mitternacht , volumes de poesia de juventude.
Depois da aparição de Peter Camenzind, em 1904, Hesse tornou-se escritor a tempo inteiro. Na obra, refletindo o ideal de Jean-Jacques Rousseau do regresso à Natureza, o protagonista resolve abandonar a grande cidade para viver como São Francisco de Assis. O livro obteve grande aceitação por parte do público.
Em 1911, e durante quatro meses, Hermann Hesse visitou a Índia, que o teria desiludido mas, em contrapartida, constituído uma motivação no estudo das religiões orientais. No ano seguinte, o escritor e a sua família assentaram arraiais na Suíça. Nesse período, não só a sua esposa começou a dar sinais de instabilidade mental, como um dos seus filhos adoeceu gravemente. No romance Rosshalde (1914), o autor explora a questão do casamento ser ou não conveniente para os artistas, fazendo, no fundo, uma introspeção dos seus problemas pessoais.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Hesse demonstrou ser desfavorável ao militarismo e ao nacionalismo que se faziam sentir na altura e, da sua residência na Suíça, procurou defender os interesses e a melhoria das condições dos prisioneiros de guerra, o que lhe valeu ser considerado pelos seus compatriotas como traidor.
Finda a guerra, Hesse publicou o seu primeiro grande romance de sucesso, Demian (1919). A obra, de caráter faustiano, refletia o crescente interesse do escritor pela psicanálise de Carl Jung, e foi louvada por Thomas Mann. Assinada nas primeiras edições com o nome do seu narrador, Emil Sinclair, Hesse acabaria por confessar a sua autoria. Deixando a sua família em 1919, Hermann Hesse mudou-se para o Sul da Suíça, para Montagnola, onde se dedicou à escrita de Siddharta (1922), romance largamente influenciado pelas culturas hindu e chinesa e que, recriando a fase inicial da vida de Buda, nos conta a vida de um filho de um Bramane que se revolta contra os ensinamentos e tradições do seu pai, até poder eventualmente encontrar a iluminação espiritual. A obra, traduzida para a língua inglesa nos anos 50, marcou definitivamente a geração Beat norte-americana.
1919 foi também o ano em que Hesse travou conhecimento com Ruth Wenger, filha da escritora suíça Lisa Wenger e bastante mais nova que o autor. O escritor renunciou à cidadania alemã, em 1923, optando pela suíça. Divorciando-se da sua primeira esposa, Maria Bernoulli, casou com Ruth Wenger em 1924, tendo o casamento durado apenas alguns meses. Dessa experiência teria resultado uma das suas obras mais importantes, Der Steppenwolf (1927). No romance, o protagonista Harry Haller confronta a sua crise de meia-idade com a escolha entre a vida da ação ou da contemplação, numa dualidade que acaba por caracterizar toda a estrutura da obra.
Em 1931 voltou a casar, desta feita com Ninon Doldin, de origem judaica. Com apenas quatorze anos, havia enviado, em 1909, uma carta a Hermann Hesse, e desde então a correspondência entre ambos não mais cessou. Conhecendo-se acidentalmente em 1926, foram viver juntos para a Casa Bodmer, estando Ninon separada do pintor B. F. Doldin, e a existência de Hesse ter-se-à tornado mais serena.
Durante o regime Nacional-Socialista, os livros de Hermann Hesse continuaram a ser publicados, tendo sido protegidos por uma circular secreta de Joseph Goebbels em 1937. Quando escreveu para o jornal pró-regime Frankfürter Zeitung, os refugiados judeus em França acusaram-no de apoiar os Nazis. Embora Hesse nunca se tivesse abertamente oposto ao regime Nacional-Socialista, procurou auxiliar os refugiados políticos. Em 1943 foi finalmente publicada a obra Das Glasperlernspiel, na qual Hesse tinha começado a trabalhar em 1931. Tendo enviado o manuscrito, em 1942, para Berlim, foi-lhe recusada a edição e o autor foi colocado na Lista Negra Nacional-Socialista. Não obstante, a obra valer-lhe-ia o prémio Nobel em 1946.
Após a atribuição do famoso galardão, Hesse não publicou mais nenhuma obra de calibre. Entre 1945 e 1962 escreveria cerca de meia centena de poemas e trinta e dois artigos para os jornais suíços.
A nove de agosto de 1962, Hermann Hesse veio a falecer, aos oitenta e cinco anos, durante o sono, vítima de uma hemorragia cerebral. 


terça-feira, 29 de abril de 2025

KNULP, de HERMANN HESSE | DOM QUIXOTE

Em três breves relatos, Hermann Hesse apresenta-nos diferentes momentos da vida de Karl Eberhard Knulp, eterno caminhante que percorre sem parar uma parte da Alemanha rural de finais do século XIX. Indivíduo alegre e conversador, Knulp vive na margem da sociedade, mas não é um marginal. Prescinde dos confortos e da segurança de uma vida estabelecida, tem uma existência incerta, mas em compensação só tem de prestar contas a si mesmo.

Assume a sua condição de errante, preferindo arriscar uma vida nos limites do socialmente aceitável a abdicar da sua independência. Não obstante, Knulp é acolhido de bom grado por quase todas as pessoas, e a maioria delas preza o tempo que com ele passa, antes de este, uma vez mais, sentir a necessidade de liberdade e as deixar entregues ao seu quotidiano.

Ao longo do tempo, Knulp vai-se interrogando sobre o sentido da existência, sobre as virtudes do sedentarismo e da vida em eterno movimento, sobre a amizade e o amor, mas chega uma altura em que, por fim, regressado à terra natal, contempla o passado e se interroga sobre o que poderia ter sido.

Em 1915, Stefan Zweig afirmou ser Knulp o mais belo livro de Hermann Hesse. E acrescenta: «Apresenta-se aqui uma Alemanha que ninguém conhece, nem mesmo nós próprios, os alemães. Uma Alemanha verdadeiramente adorável.»

O próprio Hesse veio em 1954, numa carta enviada a um amigo, a escrever: «[Knulp] conta-se entre os poucos dos meus escritos em relação aos quais […] sempre mantive proximidade e afeição.»