segunda-feira, 15 de novembro de 2021

DIVULGAÇÃO | CARTAS DE AMOR E DE DOR, de MARTA MARTINS SILVA | DESASSOSSEGO

 















«Aguarda correspondência minha… Adeus, até ao meu regresso»

Durante treze anos, a guerra colonial enviou para África uma geração de rapazes sem qualquer preparação para o que iriam encontrar e onde tantas vezes tiveram de matar para não morrer. Na metrópole deixaram as vidas em suspenso, na esperança do regresso dois anos mais tarde.

De camuflado vestido, embarcados em navios que partiam para Angola, Moçambique e Guiné enquanto os lenços brancos acenavam no cais, estes jovens deixaram para trás os afetos: mães e pais, namoradas e esposas, irmãos e irmãs ficavam em terra a lidar com as saudades e o medo de os perder. A troca de correspondência, através do Serviço Postal Militar, foi fundamental para os que partiam e para os que ficavam – e por isso dez toneladas de correio ligavam diariamente os militares às suas famílias. Entre 1961 e 1975 circularam milhões de aerogramas que levavam e traziam a saudade, o amor… e tantas notícias devastadoras para ambos os lados.

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