sexta-feira, 21 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | MARÍA GAINZA

María Gainza nasceu em Buenos Aires. Trabalhou como correspondente do The New York Times em Buenos Aires e da ArtNews. Foi por mais de dez anos colaboradora regular da revista Artforum e do suplemento Radar do jornal Página/12. Orientou cursos de pintura e oficinas de crítica de arte e coeditou a coleção Los Sentidos, da editora Adriano Hidalgo, sobre arte argentina. Em 2011 publicou uma seleção de ensaios e apontamentos intitulada Textos EligidosO Nervo Ótico, o seu primeiro livro de ficção, foi publicado em Portugal pelas Publicações Dom Quixote (2018) e recebeu o aplauso internacional da crítica. Seguiram-se Hotel Melancólico (2019) e Um Punhado de Flechas (2025).
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

UM PUNHADO DE FLECHAS, de MARÍA GAINZA | DOM QUIXOTE

O realizador Francis Ford Coppola viveu algum tempo em Buenos Aires, enquanto rodava o filme Tetro. E recrutou para o tempo da estadia um tradutor que - ele há coisas - era o marido da autora deste livro. Raramente falava com ela, mas, certa noite, durante um jantar em que ficaram os dois sozinhos à mesa, disse-lhe: «O artista vem ao mundo trazendo uma aljava com um número limitado de flechas douradas. Pode atirar todas as flechas ainda em jovem, já adulto ou mesmo na velhice. Também as pode ir atirando pouco a pouco, espaçadas ao longo dos anos. Isso seria ótimo, mas já sabes que o ótimo é inimigo do bom.»

Além de Coppola, apresenta vários outros artistas e obras de arte através de episódios da vida da escritora. Entre outros, uma aguarela de Cézanne roubada de um museu de Buenos Aires; a casa de um colecionador; um passeio ao redor do Lago Walden, de Thoreau; as pinturas enigmáticas de Bodhi Wind de piscinas californianas, que apareceram no não menos enigmático filme Três Mulheres, de Robert Altman; algumas fotografias resgatadas de uma mala; as aventuras do pintor Francis Hopkinson e do seu assistente Moon, no México, e uma pintura amaldiçoada de Ticiano escondida em Tzintzuntzan…

Num estilo que rompe as fronteiras entre os géneros literários como acontecia com O Nervo Ótico, numa mescla de narrativa, ensaio e livro de arte, María Gainza continua a explorar novas formas de compreender a escrita e a vida e consolida a sua posição como uma das vozes mais estimulantes do cenário literário contemporâneo.
 

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

AUTORES INTERNACIONAIS | JENTE POSTHUMA

Jente Posthuma publicou o seu romance de estreia em 2016, muito bem recebido pela imprensa e nomeado para o Prémio literário Dioraphte e os prémios para Primeiro Romance Hebban e ANV. O romance Aquilo em que Preferia Não Pensar, que foi finalista do Prémio da União Europeia para a Literatura, esteve na shortlist do Booker Prize< Internacional em 2024.
 

terça-feira, 18 de novembro de 2025

AQUILO EM QUE PREFERIA NÃO PENSAR, de JENTE POSTHUMA | DOM QUIXOTE

Ela coleciona camisolas. Ele tem dois gatos. Ambos adoram Nova Iorque e, aconteça o que acontecer, hão de mudar-se para lá quando fizerem 28 anos. Porém, de repente, ele diz que quer passar algum tempo sozinho. E se uma das metades de um par de gémeos não quiser continuar a viver? E se a outra não conseguir viver sem essa metade? É esta a questão central do presente romance, em que a narradora é a gémea de um rapaz que se suicidou e relembra muitas histórias de infância e também as suas vidas adultas com mágoa, saudade, raiva e insegurança em relação ao futuro.

De uma maneira aparentemente desprendida mas muito perspicaz, Aquilo em que Preferia Não Pensar conta a história do que acontece quando a pessoa com quem construímos as bases de toda uma vida desaparece subitamente, e as memórias que restam são as de um pai que já era ausente antes de ter morrido e de uma mãe geóloga, fria como uma pedra.

Finalista do Booker Prize Internacional, traduzido em mais de uma dezena de línguas, o romance de Jente Posthuma é uma exploração comovente do luto, contada através de episódios breves e cirúrgicos, impregnados de uma suave melancolia e, o que é surpreendente, de um humor inesperado e corrosivo.

Um livro que se debruça também sobre o facto de a saúde mental depender tantas vezes da vida familiar.
 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | MÁRIO CLÁUDIO

Escritor português, de nome verdadeiro Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nascido a 6 de novembro de 1941, no Porto. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se diplomou também como bibliotecário-arquivista, e master of Arts em biblioteconomia e Ciências Documentais pelo University College de Londres, revelou-se como poeta com o volume Ciclo de Cypris (1969). Tradutor de autores como William Beckford, Odysseus Elytis, Nikos Gatsos e Virginia Woolf, foi, porém, como ficcionista que mais se afirmou.
Publicou com o nome próprio, uma vez que "Mário Cláudio" é pseudónimo, um Estudo do Analfabetismo em Portugal, obra que reúne a sua tese de mestrado e uma comunicação apresentada no 6.° Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Portugueses, em 1978. Colaborador em várias publicações periódicas, como Loreto 13Colóquio/Letras, Diário de LisboaVérticeJornal de Letras Artes e IdeiasO Jornal, entre outros, foi considerado pela crítica, desde a publicação de obras como Um Verão Assim, um autor para quem o verso e a prosa constituem modalidades intercambiáveis, detendo características comuns como a opacidade, a musicalidade e a rutura sintática, subvertendo a linearidade da leitura por uma escrita construída como "labirinto em espiral". A obra de Mário Cláudio apresenta uma faceta de investigador e de bibliófilo que, encontrando continuidade na sua atividade profissional, inscreve eruditamente cada um dos livros numa herança cultural e literária, portuguesa ou universal. Dir-se-ia que a sua escrita, seja romanesca, seja em coletâneas de pequenas narrativas (Itinerários, 1993), funciona como um espelho que devolve a cada período a sua imagem, perspetivada através de um rosto ou de um local, em que o próprio autor se reflete, e isto sem a preocupação de qualquer tipo de realismo, mas num todo difuso e compósito, capaz de evocar o sentido ou o tom de uma época que concorre ainda para formar a época presente.
Mário Cláudio recebeu, em 1985, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores por Amadeo (1984), o primeiro romance de um conjunto posteriormente intitulado Trilogia da Mão (1993), em 2001 recebeu o prémio novela da mesma associação pelo livro A Cidade no Bolso e, em dezembro de 2004, foi distinguido com o Prémio Pessoa. Para além das obras já mencionadas, são também da sua autoria Guilhermina (1986), A Quinta das Virtudes, (1991), Tocata para Dois Clarins (1992), O Pórtico da Glória (1997), Peregrinação de Barnabé das Índias (1998), Ursamaior (2000), Orion (2003), Amadeu (2003), Gémeos (2004) e Triunfo do Amor Português (2004). O autor tem também trabalhos publicados na área da poesia (como Ciclo de Cypris, 1969, Terra Sigillata, de 1982, e Dois Equinócios, de 1996), dos ensaios (Para o Estudo do Alfabetismo e da Relutância à Leitura em Portugal, de 1979, entre outros), do teatro (por exemplo, O Estranho Caso do Trapezista Azul, de 1999) e da literatura juvenil (A Bruxa, o Poeta e o Anjo, de 1996).



 

domingo, 16 de novembro de 2025

CAMILO BROCA, de MÁRIO CLÁUDIO | DOM QUIXOTE

Camilo Castelo Branco é, sem sombra de dúvida, um dos maiores vultos da história da literatura portuguesa. Autor de obras tão emblemáticas como Amor de PerdiçãoMemórias do Cárcere ou A Queda de um Anjo, foi o expoente máximo do Romantismo e o primeiro escritor português a viver exclusivamente da escrita. A sua existência foi bastante atribulada e por vezes escandalosa - aquilo a que poderíamos chamar digna de um romance - mas quase nada sabemos das suas origens: afinal, donde vem Camilo e quem foram os seus antepassados?

O presente romance, escrito por um dos admiradores confessos do grande escritor romântico, revisita de forma genial a história dos Brocas, a família de quem Camilo terá herdado não só uma personalidade algo viciosa e doentia, mas sobretudo uma forma exacerbada de amar, que acabaria por marcar tragicamente o seu destino.

Camilo Broca, obra indispensável em qualquer biblioteca, foi aplaudido pelo público e pela crítica e venceu vários prémios literários.

Críticas de imprensa
«Diálogo de gigantes: Camilo por Mário Cláudio.»
Maria Alzira Seixo, JL

 

sábado, 15 de novembro de 2025

AUTORES NACIONAIS | CARLOS CAMPANIÇO

Carlos Campaniço nasceu na aldeia de Safara, no concelho de Moura. Aí viveu até ingressar na universidade, onde cursou Línguas e Literaturas Modernas. É também mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo, tendo obra publicada sobre a matéria.
Profissionalmente, é programador artístico.
Publicou vários romances desde 2007, entre eles: Os Demónios de Álvaro Cobra (Vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada), Mal Nascer (Finalista do Prémio LeYa e vencedor do Prémio Mais Literatura promovido pela revista Mais Alentejo), As Viúvas de Dom RufiaVelhos Lobos e agora A Cinco Palmos dos Olhos.