sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

CRÍTICA LITERÁRIA | "Não de Conto o meu Segredo", de Samantha Young | Lua de Papel - Grupo LeYa


 Texto: Isabel de Almeida | Crítica Literária | Jornalista

Foto: D.R.


Não te conto o meu segredo é muito mais do que um romance com notas de erotismo, as expectativas eram bastante altas, mas o que esperava encontrar era apenas mais um romance estritamente erótico, ou essencialmente erótico, género literário do qual sou assumidamente apreciadora. Mas este livro é um romance erótico, mas vai bem mais além dessa categoria, que pode até considerar-se redutora para esta obra.  

   A autora apresenta uma escrita bastante acessível, correcta sob os pontos de vista gramatical e sintáctico, mas muito emotiva, imbuída de uma forte carga psicológica ao longo de toda a obra, e verdadeiramente viciante.

   Neste livro encontrei das personagens mais densas e profundas com que já me havia deparado numa obra deste género literário, que de tão banalizado no mercado livreiro Português, leva já alguns leitores a equacionar que é apenas mais um romance erótico, muito colado a outros livros e autores que têm feito furor.

    Joss Butler, uma jovem Norte Americana, filha de mãe Escocesa, procura refugiar-se na Escócia, com o intuito de se esconder de um passado trágico que a atormenta. Joss perdeu os pais e a irmã mais nova aos 14 anos, e ainda não conseguiu fazer o luto destas perdas trágicas.

  Há também um segredo no seu passado, na sequência da morte dos familiares, que acaba por assombrá-la e causar um forte sentimento de culpabilização, ainda que irracional.

  Esta pesada carga psicológica mal resolvida acaba por, obviamente e de modo bastante realista, condicionar a forma como Joss se envolve com novas amizades e potenciais parceiros românticos, optando por não se entregar às emoções e relações inter-pessoais, como mecanismo de defesa, receando sofrer novamente. Há pedaços de si mesma aos quais nem a melhor amiga da idade adulta pode aceder.

  Em Edimburgo Joss instala-se como Hóspede em casa de Ellie, e trava conhecimento com o atraente e protector irmão desta - Braden Carmichael, um executivo bastante dinâmico, nascendo entre ambos uma irresistível atracção, à qual Joss vai resistir até ao limite, procurando não se envolver emocionalmente.

  Sentindo-se insegura, assumindo as suas fragilidades, Joss dedica-se à escrita, trabalha num Bar, e acaba por procurar a ajuda profissional de uma Psicóloga [Dra Prichard].

  O confronto consigo mesma, com os seus traumas, o facto de se sentir acarinhada por Ellie, com a qual vê nascer a contragosto uma sólida amizade, e desejada por Braden, leva Joss a reenquadrar toda a sua existência e a sua postura na vida.

  Braden, também marcado por um trauma amoroso, é um homem forte, bem sucedido na vida, extremamente protector da meia-irmã Ellie, e que adopta para si mesmo a família de Ellie [os dois irmãos adolescentes - Declan e Hannah, a mae Elodie e o padrasto Clark]. O jovem terá pela frente o difícil desafio de quebrar as barreiras de defesa de Joss.

   Um twist final irá ser decisivo para determinar o futuro dos dois protagonistas, bem como das personagens secundárias que compõem o núcleo relacional destes.

  Irá Joss enfrentar em pleno os fantasmas do passado? Será Braden a pessoa capaz de inverter a rigidez emocional da jovem? As respostas para estas perguntas podem ser encontradas entre as páginas deste livro.

   Uma narrativa complexa, bem construída, com twists surpreendentes, personagens bastante realistas e com personalidade bem vincada. Cenas de profundo erotismo pontuam a trama, mas não nos parece que se trate de um romance erótico tout court, é isso e muito mais.

  Tragédia, luto, emoção, dramas pessoais, acontecimentos inesperados que podem mudar todo o curso da história para o melhor ou o pior, decisões e consequências, tudo está em jogo.

  Leia este livro, o único risco que corre é ficar seriamente viciada, ao ponto de querer ler rapidamente os livros seguintes da série.

Admirável a maturidade que encontramos na escrita desta jovem autora Escocesa de apenas 27 anos de idade!

Uma sugestão de leitura ideal enquanto aguardamos pelas novidades literárias do novo ano que já estão em plena rampa de lançamento!

FICHA TÉCNICA:


Título: Não te Conto o Meu Segredo

Autora: Samantha Young

Edição: Junho de 2013

Editora: Lua de Papel [Grupo Leya]

Páginas: 415

Género: Romance Erótico/Romance



sábado, 25 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | INTERLÚDIO, de PAULO LANDECK

 














Na parede desnuda (des)falecem sombras, mexicanas.
Espíritos caminham na tinta de areia, sem deixar vestígio, além de auritrémula pegada, efémero baque. De certo modo suplantam (delicadamente) a urgência do relampejo anacrónico; e clamam derrota, sem maior estrondo, do que bráctea ao bailar como folha sem vento. - Parece-me ansiosa por rasgar perene silêncio, quando toca bosquejo de amor torturado.
Dezembro poderia ser taciturno combate, nas horas sem manhãs-de-Páscoa. - A lua de Março vai longe. - Mas tingidos corações anteciparam pano estendido ao comprido, finamente trabalhado em cambiantes de viçoso escudo. Alguém cuidará de ementar a flor espontânea, invocada pelo solstício de Inverno, para que florescesse ao Sol Invictus coroando pulquérrima virtude. Tudo pode ser considerado, sem delonga; - não sei se por carência ou por excesso. - Esdrúxulo tempo cumpre negação; dúvida; ou acto de fé.
A vibrante estrela-do-Natal é equidistante floreira em mesa desmedida.
Apesar das euforbiáceas de maledicentes crenças e boatos terem dispensado grandes vias romanas, da Europa à sua América nativa, onde carne e espírito dançavam em tenra idade, colonizaram mentes através de luxuriante paridade. A poinsétia dos astecas cuidou de febres e abismos, dos insubordinados, ao transcurso do preceito; hoje é estrela que anuncia abjugada caminhada (gente descalça, em calçada romana).
Talvez a flor seja amor aos olhos de quem.
Deixemos a inocência desaguar sensações, sempre que das margens do caminho recolhermos adorno. E se a maioria dos rios procura consolo no oceano, é igualmente flúmen, aquele que desagua no deserto.
Jardins de Kahlo brotam da terra, da mesma forma que batem asas ao céu, por tormenta ou esperança, pintam garridos quadros surrealistas.
Quando me dizem que folhas tingidas não fazem caminho, penso imediatamente nas brácteas, como protegem umbelas, e logo ecoam despudoradas dúvidas, pelo maior de todos os assombros!

BOAS FESTAS | ANITA DOS SANTOS

 


Meus queridos amigos, desejo de coração que o vosso Natal seja feliz, tranquilo e com saúde.

Já agora, um presente ou dois, também sabem sempre bem.

Por mim, desde que receba um livro, fico feliz como uma criança com o sapatinho cheio de presentes.

E já que falamos em livros (risos!), - de que havia eu de falar, estarão vocês a pensar – gostava de vos dizer algumas palavras sobre uns livros de que gostei.

O primeiro livro é, “A Caçadora”, de Kate Quinn, um livro cheio de mulheres fortes, cada uma delas diferente entre si, cada qual com o seu potencial, incomuns e que por isso mesmo enfrentam os agrores da II Grande Guerra com uma garra como só quem o poderia fazer vivendo aqueles dias.

O segundo livro, “O Olho do Mundo”, de Robert Jordan, é um livro que já tenho há uns bons anos, e o início de uma saga fantástica, que recomendo vivamente. Quem já leu Tolkian, vai amar Robert Jodan, pelo mundo espectacular que criou, pela história admirável que escreveu.

Por último, como não podia deixar de ser, “O Acordo da Rainha”, de Anne Bishop. A autora leva-nos de novo mais vez ao mundo das Jóias Negras, e a todas as interacções da família SaDiablo.

Termino como comecei desejando a todos vós um Santo e Feliz Natal, com excelentes leituras.

 

Anita dos Santos

 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

CRÍTICA LITERÁRIA | Um desejo por uma estrela, de Trisha Ashley | Quinta Essência - Grupo LeYa

 


Texto: Isabel de Almeida

Foto Capa: D.R.


   Um Desejo por Uma Estrela, de Trisha Ashley, é um romance doce, comovente  e bastante adequado à época festiva que se aproxima muito pelas temáticas que evoca e porquanto se trata de uma leitura leve mas envolvente e que nos transporta para um cenário de serenidade.

   A nossa protagonista feminina é Cally Weston, uma jovem mãe solteira apaixonada pela arte da confeitaria, jornalista e autora especializada em receitas de doces, e que vive focada na sua pequena filha Stella, uma criança intuitiva, inteligente mas bastante frágil  devido a um problema de saúde que requer uma intervenção cirúrgica arriscada e dispendiosa.

   Confrontada com a necessidade de procurar ajuda para enfrentar e custear o tratamento da filha, Cally regressa às origens familiares, mais concretamente, a Sticklepond, aldeia natal da mãe de Cally, a excêntrica e distraída pintora Martha Weston que, apesar de habituada a viver sozinha, recebe a família de braços abertos e num clima de carinho e cumplicidade verdadeiramente enternecedor.

   Inusitadamente, Cally encontrará na pequena aldeia o encantador Jago, pasteleiro com o qual partilhará cumplicidades, receitas e ,quem sabe, algo mais, enquanto ambos são assediados por relações tóxicas dos respectivos passados a que terão de saber resistir.

     Um dos aspectos mais marcantes deste sensível romance é , por um lado, a descrição da vida numa pequena aldeia do reino unido, longe da grande cidade, e por outro, o evidente espírito de comunidade imbuído de solidariedade para com uma causa muito especial, que se trata de reunir recursos para ajudar à recuperação da pequena Stella, que, com a mãe, é prontamente integrada na população local, a todos conquistando com a sua sinceridade por vezes desarmante e algo embaraçosa para a mãe.

   Para as adeptas da doçaria, o livro vai também desvendando diversos doces locais e internacionais, e contém mesmo algumas receitas compiladas pela autora que acabam por se revelar o remate perfeito para esta leitura verdadeiramente doce e envolvente, que nos faz sentir o conforto e momentos de evasão tão desejado nesta época difícil que atravessamos.

   Terno, suave, sensível e muito romântico, é um livro que facilmente devoramos num fim de semana, preferencialmente, na companhia de um chá e bolachas caseiras.

Ficha Técnica:

Título: Um Desejo por Uma Estrela

Autora: Trisha Ashley

Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]

1ª Edição: Novembro de 2015

Páginas: 468

Género: Romance contemporâneo/ficção romântica

Classificação Atribuída 4/5 estrelas

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

BOAS FESTAS | MARIA CECÍLIA GARCIA

 










Livros que li.

Há livros que nos ficam na memória, por vezes até, no coração. Há livros dos quais podemos falar e explicar as razões pelas quais nos conquistaram, e outros que apenas sentimos e nos transmitem sensações difíceis de explicar. A leitura transporta-nos a outros mundos, outras vidas, algumas que desejaríamos ter vivido e outras que nos obrigam a olhar para dentro de nós mesmos. Há livros com os quais aprendemos a usar a língua e expor as nossas ideias, outros proporcionam aventuras, contam histórias que, mesmo sabendo que nunca será nossas, dão muita satisfação.

Dos livros que li passo a mencionar três. Um deles me acompanha há quarenta anos e do qual realizei várias leituras.

 Trata-se de “O Admirável mundo Novo”, de Aldous Huxley. Publicado em 1932, considero-o um romance premonitório. À época da sua publicação era ficção científica especulativa, uma distopia onde a reprodução artificial, a manipulação, o controlo da população, aconteciam. Onde a palavra mãe e amor eram palavras obscenas. Ter filhos pelo método natural era crime. Onde a felicidade era encontrada através de um comprimido rigorosamente administrado e a vontade dos seres anulada.

Como referi, li por primeira vez há uns quarenta anos, nesse então tudo era ficção mas, infelizmente, tenho vindo a comprovar que tudo o que ali está escrito tem sido realizado e ido muito mais além. Podia falar deste livro durante muito tempo, mas vou apenas aconselhar a sua leitura. Escrito como um romance, com linguagem simples e fácil de entender.

“Amor em Tempos de Cólera”, de Gabriel Garcia Márquez, é um livro que faz parte dos meus preferidos. Aliás, Garcia Márquez é um dos meus autores preferidos. Este romance em particular me transporta aos lugares da minha infância e, ao mesmo tempo, à minha própria passagem do tempo, aos amores perdidos.  

É a história de um amor ao longo da vida, da espera, um amor que apenas se concretiza já na velhice, quando estes amantes estão em decadência e ainda assim, amam. Com o estilo maravilhoso de Garcia Márquez, vale a pena ler!

Impossível não falar de José Saramago, e do maravilhoso “Memorial do Convento”. Saramago é, sem dúvida, o meu autor mais apreciado entre os portugueses e, o meu favorito entre todos. Memorial do Convento é obra mestra, uma maravilha da literatura. A história que nos conta, os amores de Baltazar-sete sois que, sem a mão esquerda, ajuda o padre Bartolomeu a construir a passarola, e Blimunda - sete Luas, a mulher que podia ler as pessoas por dentro. Estes três personagens " simbolizam o sonho, a liberdade de amar e de acreditar para lá de todas as evidências, apresentando-se como o reverso de uma época onde o rei e os clérigos subjugam o povo para o cumprimento de um projecto megalómano."

Lamento que Saramago não seja apreciado como devia no nosso país, enquanto é estudado e apreciado um pouco por todo o mundo. E que os seus livros sejam lidos por obrigação, no contexto de escola, apenas.

Há outros livros e outros autores, como Valter Hugo Mãe e O Filho de Mil Homens, uma enorme surpresa para mim, Mário Benedetti, maravilhoso e, recentemente, Juan Gabriel Vásquez, uma bela descoberta. Há muitos mais, novos autores portugueses a quem lhes deve ser dada a oportunidade de mostrar o seu talento. Mas, o que importa é a leitura, ler para aprender, ler para viver. Entre os meus desejos de Natal, está um para todos vós: leiam, desfrutem!

O Natal é uma época propícia à união, um tempo em que o coração transborda de bons sentimentos e desejo de paz. O nascimento de Jesus significa esperança e, no tempo em que vivemos nunca precisamos tanto dela. A Esperança.

Mantenhamos vivos esses sentimentos ao longo do ano, para que a vida seja essa paz que parece desejarmos apenas nestes dias assinalados.

Para os leitores da Nova Gazeta, para todos os leitores e amigos, desejo um santo e feliz Natal. Que o amor e a esperança se mantenham sempre!

Feliz Natal!

Maria Cecília Garcia

 

 

 

BOAS FESTAS | FERNANDO TEIXEIRA









É a segunda vez que acontece. Em anos consecutivos. À semelhança do que aconteceu na época natalícia de 2020, também este ano, e devido a uma questão de saúde pública, com a Covid-19 ainda numa situação de carácter pandémico, na perspectiva de uma quinta onda viral, pede-se aos cidadãos e respectivas famílias que se contenham na organização desta época festiva e evitem encontros familiares alargados. Uma vez mais, e a bem da saúde de todos! Então, ainda que não em presença física como gostaríamos, que aqueles que não possam estar presentes à nossa mesa possam estar perto do coração, em pensamentos e em atitudes de concórdia, harmonia e paz. O Natal é também isso. Feliz Natal 2021!

 

Três sugestões de leitura:

“Levantado do Chão”, de José Saramago, 1980.

O primeiro livro que li do nosso Prémio Nobel da Literatura e que me fez compreender e apaixonar pela estética elaborada e pelo seu estilo de escrita, ao ponto de, depois, ter lido quase toda a sua bibliografia. Um pungente retrato sobre classes sociais e as condições de vida dos trabalhadores do Alentejo, nos últimos anos do Estado Novo até ao 25 de Abril de 1974, e da sua luta contra o antigo regime político.


“Debaixo de Algum Céu”, de Nuno Camarneiro, 2012.

Este livro, Prémio Leya 2012, narra a vida e a interacção dos condóminos de um prédio, entre o fim de um ano e o começo de outro. Esta obra revelou-me um autor com um estilo de escrita muito agradável e elegante, subtil na articulação das ideias e do enredo.

 

“Madrugada Suja”, de Miguel Sousa Tavares, 2013.

Entre a vida singela numa pacata aldeia e uma mudança para uma cidade do litoral, este romance relata como um acontecimento nefasto do passado enreda as personagens numa teia de chantagens emocionais e de corrupção política, mostrando como a ficção literária tantas vezes se confunde com a realidade.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

BOAS FESTAS | Mensagem Urgente | Madalena Condado

Madalena Condado - Escritora, Colunista

 Caros leitores,

Temos atravessado os dois anos mais difíceis das nossas vidas e sem solução ainda à vista.

Os melhores votos de boas festas que vos posso transmitir é que façam uma lista de tudo o que de positivo gostam de fazer, e a seguir?... a seguir façam mesmo: liguem para aquele amigo para o qual não têm tido tempo, vejam aquela série que andam  a adiar há séculos, leiam aquele livro que compraram e tem estado à vossa espera na estante, bebam um copo de bom vinho (ou chá, chocolate quente ou café, uma bebida de conforto) e desfrutem de momentos vossos e especiais precisamente porque são vossos.



terça-feira, 21 de dezembro de 2021

BOAS FESTAS | A trovoada | Isabel de Almeida

Isabel de Almeida - Crítica Literária, Directora-Adjunta
Isabel de Almeida - Crítica Literária, Directora Adjunta, Jornalista


Caros Leitores,

No exacto momento em que dou início à escrita desta mensagem começou a trovejar pela madrugada.
A trovoada acaba por ser uma excelente metáfora para o que vos quero transmitir, em face do difícil momento que estamos a atravessar já pelo segundo ano consecutivo.

No ano passado, por opção editorial, e quiçá em negação, procurámos a todo o custo evitar alusões à pandemia , ao corona vírus e à COVID-19, hoje e neste exacto momento em que troveja lá fora, estou a quebrar o tabu, que não passava de um exercício de negação.

Quero com isto dizer, que temos de estar cientes da nossa pequenez no universo, pois que muito embora eu possa querer ignorar a trovoada, focar os meus ouvidos noutros sons, porque ela me causa medo, a verdade é que não a controlo, e ela vai até onde a sua força a levar.

O mesmo se dirá quanto à pandemia, eu posso querer negar o óbvio, posso querer fingir que ela não existe, mas de nada me adianta, ela está aí, está instalada já há dois anos, e eu nada posso fazer para evitar isso, tal como não controlo a trovoada, não tenho o poder de controlar a pandemia.

Somos seres pequenos e insignificantes no universo, e perante o cenario dantesco que presenciamos diariamente nada mais nos resta do que a tentativa melhor ou pior conseguida de nos adaptarmos a uma nova realidade, ainda que o medo, a ansiedade, a discórdia, a pressão social e política e a crescente falta de empatia e de respeito para com opinião diversa da nossa, temos de ser sábios e tentar encontrar o salutar equilíbrio na vivência do nosso quotidiano que tanto mudou e que é agora carregado de máscaras. Em boa verdade, as máscaras são o grande símbolo histórico e logo indicam que nada está bem e que não controlamos isto, de facto muito pouco nos podemos dar ao luxo de controlar,  tantas vezes não sabemos sequer controlar o que nos vai na alma!

É quase Natal, estamos quase a mudar de ano, tentamos viver iludidos, mas a realidade espreita e não é nada bonita, fomos arrastados para o meio da trovoada que cai sobre nós e nos tenta derrubar, de repente somos todos personagens numa imensa e cruel distopia à escala global, e só os mais fortes resistirão.

O meu voto para este Natal e para o ano que se avizinha é que não nos falte a resiliência, nem a possibilidade e a vontade de compreender, aceitar e ajudar o próximo, pois que só o que é positivo está nas nossas mãos e, logo, mais controlado.

Desejo a todos as melhores festividades possíveis, se viável junto dos que mais amam, mas com cautelas, mas desejo que não deixem de sentir, de criar, de querer, de realizar sonhos mesmo perante obstáculos que podem parecer intransponíveis. 

Bem hajam, desfutem, disponham e sigam o mote Carpe Diem!

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

CRÍTICA LITERÁRIA | "Viciado no Pecado", Monica James | PLANETA

 


Texto: Isabel de Almeida | Crítica Literária | Jornalista

Foto: I.A. Nova Gazeta |D.R.


Viciado no Pecado, corresponde ao primeiro volume de uma duologia erótica da autora Monica James que contém os necessários ingredientes para cativar os fãs deste género literário.

O [anti] herói desta trama é o Psiquiatra Dixon Mathews, um self made man, filho de emigrantes Italianos, afirmou-se por mérito próprio ao nível profissional no competitivo mundo Nova Iorquino, mas por trás da figura de profissional bem sucedido escondem-se muitos segredos, alguns deles perigosos e um homem que precisa de se reconstruir em termos emocionais, dando azo a uma líbido excessiva como forma de exorcizar traumas emocionais e perdas que marcam o seu percurso de vida.

Dixon, que facilmente nos seduz, pese embora o seu dark side, irá ver-se envolvido num curioso triângulo amoroso, Juliet representa o pecado, a perversão elevada ao expoente máximo, o poder concedido pelo sexo, a ausência total de tabus ou limites, algo que tanto assusta quanto atrai Dixon.

Madison é o reverso da medalha, uma jovem doce, inocente, em busca de protecção tanto de perigos actuais quanto passados que vestem a pele de demónios que ainda deixam marcas psicológicas bastante pesadas.

Verdadeiramente deliciosos são os encontros semanais entre Dixon e os amigos de longa data, o certinho Finch (casado, feliz e papá) e o sarcástico, desbocado e libertino Hunter.

Também Madison conta com o apoio da sua melhor amiga, a determinada Mary, sempre com língua afiada e mordaz, mas pronta a ajudar quando  necessário.

Por quebrar estereótipos tão habituais neste género de romance contemporâneo, e por apresentar personagens com elevada densidade, este é já, um dos nossos preferidos deste ano, nesta categoria literária.

Imbuído da dosagem certa de erotismo, humor, tensão dramática e com reviravoltas que prometem causar sensação, é uma obra que tendo também um toque de romantismo, não deixa de nos brindar com acertadas reflexões sobre o mundo das relações amorosas e, até familiares. Fascinante também é a análise psicológica sobre o tema do vício, nas suas possíveis modalidades, que a autora conseguiu inserir na narrativa com algum humor e ironia, mas também de forma realista e espontânea.

Só podemos terminar esta crítica com um conselho: deixe-se viciar neste pecado, e não se irá arrepender.

Ficha Técnica:

Título: Viciado no Pecado


Autora: Monica James


Editora: Planeta


1ª Edição: Novembro de 2016


Nº de Páginas: 344


Género: Romance contemporâneo/erótico


Classificação atribuída: 5/5 Estrelas


domingo, 19 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | PALAVRAS DE UMA ALMA ERRANTE, de VANESSA LOURENÇO

 
















Os nossos companheiros do reino animal são mestres que não nos podemos dar ao luxo de subestimar. O que teria o seu gato a dizer, se pudesse usar as palavras que usamos para se comunicar?

sábado, 18 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | NÃO PODERIA TER SIDO DE OUTRA FORMA, de FERNANDO TEIXEIRA

 















Paul e Tracy são um casal com um filho adolescente que vive em Palo Alto, na Califórnia, Estados Unidos. Decepcionado com um casamento que tinha entrado num marasmo de silêncios e omissões, afectando até o relacionamento com o seu próprio filho, mas com vontade de contrariar a situação, Paul decide levar a família a passar uns dias de férias na região oeste do Canadá, por ocasião do décimo quinto aniversário de casamento. Ele deseja que esse tempo traga um novo fôlego à sua vida familiar. Jamais poderia imaginar que essas férias iriam influenciá-lo de uma forma tão profunda, até perceber que aquela viagem, entre Vancouver e Calgary, tinha sido apenas o prólogo de uma sucessão de acontecimentos que o levaria a travar uma grande amizade, tão forte quanto improvável, transformando a sua vida. Um romance apaixonante que procura ser um tributo ao Oeste canadiano e ao valor das grandes amizades.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO |EM BUSCA DA NAU DOS SONHOS, de ANITA DOS SANTOS
















Ele passou todos os testes. Superou todos os obstáculos. A sua força de vontade teve de ser forte para vencer a sedução, a curiosidade e a vontade de esquecer com que se deparou pelo longo caminho que escolheu, para alcançar o sonho de encontrar os Barcos Borboletas!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | FIVELA DE AKER, de MBARRETO CONDADO

 















Poderosos guerreiros irlandeses, que há muito tempo renunciaram ao amor, desafiam a sua própria existência para o reclamar. Num mundo de magia intemporal onde a imortalidade é tida como uma certeza, têm em Maria a ajuda de que necessitam para alcançar a sua tão almejada felicidade. A força dos MacCumhaill depende da sua união, do amor e confiança que sentem uns pelos outros. Será no meio da incerteza que o amor nasce. Os escolhidos dos quais fala a Profecia, começam a unir-se. Agora já não é possível voltar atrás. De todos os cantos chegam reforços, porque é o sangue que os une. Sente-se uma mudança no ar. Um ser antigo, que se libertou de Annwan com promessas de vingança, volta para concretizar o que começara muitos anos antes. 

“O Sangue que nos une, nos atrai e nos dá força é o princípio e o fim da nossa existência.” Fionn MacCumhaill

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | ESTRANHA FORMA DE VIDA, de MARIA CECÍLIA GARCIA | EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

 



Eu era teimosa e alegre, tinha uma grande capacidade de me abstrair e de apaziguar o sofrimento. Iria resistir, qual erva daninha que, depois de espezinhada, teima em renascer. A vida não era um oceano pacífico e, para sobreviver, decidi que havia de ser feliz. Sabias que havia dentro de mim um ser livre e que nem tu, nem ninguém, me roubaria essa liberdade. No entanto, vacilei muitas vezes, não imaginas quantas vezes quis desistir. Nos momentos de angústia, olhava-me ao espelho, esbofeteava os pensamentos tristes e procurava de novo o brilho dos meus olhos. Era isso o que te frustrava, saber que, depois de tudo, depois de pensares que me tinhas anulado, eu renascia livre como a Fénix. Mas ninguém é mais irremediavelmente escravizado, dizia Goethe, do que aqueles que acreditam que são livres. Eu precisava de ser feliz, e se a felicidade não existisse, inventava-a. Agora que penso bem, era uma espécie de loucura!


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | Não em nome de Deus, de Jonathan Sacks | Desassossego - Grupo Saída de Emergência


 Texto: Redacção com Grupo Saída de Emergência

Foto: D.R.


 Apesar da crescente secularização, o século XXI testemunhou o ressurgimento de violência e extremismo religioso em nome de Deus. Neste livro poderoso e oportuno, Jonathan Sacks explora as raízes desta violência e a sua relação com a religião, focando-se nas tensões históricas entre o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão.

Através de uma leitura atenta de textos bíblicos que estão no coração das três fés abraâmicas, Sacks desafia aqueles que clamam que a religião é intrinsecamente a causa da violência e defende que a teologia deve fazer parte da solução, se não quiser permanecer no coração do problema – afinal, a tendência para a violência pode subverter até a religião mais compassiva.

Este livro é uma censura para todos os que matam em nome do Deus da vida, que lutam em nome do Deus da paz, que odeiam em nome do Deus do amor e que praticam crueldade em nome do Deus da compaixão. Pelo bem da Humanidade e do mundo livre, chegou o momento para todos, quer acreditem ou não em Deus, se unirem e declararem: Não em nome de Deus.

Este livro foi vencedor do National Jewish Book Award 2015.

Sobre o Autor:

Jonathan Sacks (1948-2020) foi um dos líderes religiosos mais importantes da atualidade. Autor de várias obras de referência, colaborou frequentemente com a rádio, televisão e imprensa em todo o mundo e foi professor em universidades no Reino Unido, nos Estados Unidos e em Israel. Foram-lhe atribuídos diversos graus honorários e recebeu vários prémios como reconhecimento pelo seu trabalho, incluindo o Prémio Templeton. De 1991 a 2013 foi Rabino-Chefe das Congregações Hebraicas Unidas da Commonwealth.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

HOMENAGEM | Morreu Anne Rice, autora de "Entrevista com o Vampiro" | AUTORES INTERNACIONAIS

Anne Rice

 Texto: Isabel de Almeida

Foto: D.R. Créditos - Página Oficial da Autora no Facebook

Anne Rice, famosa autora Norte-Americana de terror e fantasia, nasceu em Nova Orleães a 4 de Outubro de Outubro de 1941 e faleceu a 11 de Dezembro de 2021, vítima de doença.

A nota de falecimento foi dada na página oficial da autora no Facebook pelo seu filho, também escritor, Christopher Rice.

Assinando sob o pseudónimo literário de Anne Rice, a famosa autora, cujo nome real é Howard Allen O'Brien, escolheu o nome Anne quando frequentava a escola ainda jovem.

Viria a casar  com o poeta e pintor Stan Rice, já falecido.

Em Portugal a autora foi publicada pela entretanto extinta editora Publicações Europa-América, sendo famosa a sua obra levada ao cinema com Tom Cruise como protagonista - Entrevista com o Vampiro - dando vida ao Vampiro Lestat, uma das personagens mais marcantes da galeria de fantasia da autora.


O mundo da literatura fantástica de terror  e fantasia ficou mais pobre, partiu a autora mas ficará imortal com a sua obra, seria interessante que em Portugal fossem aferidos os Direitos de Publicação para trazer novamente até aos leitores edições já esgotadas no mercado há anos, em especial com o desparecimento da editora Publicações Europa-América.

domingo, 12 de dezembro de 2021

CRÍTICA LITERÁRIA | Lady Almina e a verdadeira Downton Abbey, Condessa de Carnavon | Editorial Presença


 Texto: Isabel de Almeida | Jornalista | Crítica Literária

Foto: D.R.


Agora que se aproxima  quadra festiva e que surge mais tempo para o lazer, deixamos uma sugestão de leitura que, não sendo uma novidade, acreditamos será do agrado dos adeptos de romances históricos e de séries de época como Downton Abbey que em breve trará novo filme aos ecrans mundiais.

   Lady Almina e a verdadeira Downton Abbey [O legado Perdido do Castelo de Highclere] traça-nos o fascinante retrato de uma mulher notável, bastante dinâmica e empreendedora, que deixou, sem dúvida, uma marca relevante na História de Inglaterra, entre finais do Século XIX e início do Século XX.

   Sustentada em abundante pesquisa documental, Lady Fiona, a actual e 8ª Condessa de Carnarvon, dá-nos a conhecer Lady Almina - a 5ª Condessa de Carnarvon, pós haver contraído matrimónio com Lorde Carnarvon (que viria a herdar o título de 5º Conde de Carnarvon), em 26 de Junho de 1925.

   Filha ilegítima do financeiro Albert de Rothschild, o qual sempre a apoiou em termos afectivos e materiais, Almina, contra todas as expectativas (dado ser filha ilegítima), veio a tornar-se numa figura relevante da Alta Sociedade Britânica sua contemporânea. Assumidamente amante da moda e de festas faustosas, ficou também conhecida pela sua generosidade para com os que de si estavam próximos, e até perante a comunidade, sendo de inestimável valor a iniciativa por si assegurada de fazer instalar, equipar e manter Hospitais de Guerra, no decurso do aterrorizante flagelo que constituiu a  I Guerra Mundial.

   Naturalmente dotada para a organização, e sem olhar a gastos (atenta a sua privilegiada condição económica e social), Almina destacou-se por conferir todo um novo sentido aos cuidados de saúde, ao nível de serviços de enfermagem, numa época em que não existia um serviço público de saúde, e em que os soldados que conseguiam sobreviver à guerra careciam de cuidados de saúde excepcionais.

  Um conceito abrangente e holístico de cuidados de saúde, onde a higiene, a atenção permanente e o sentimento de "estar em casa" eram preponderantes, fez com muitas famílias ficassem gratas a Almina, pela forma como cuidava e fazia cuidar dos militares feridos (alguns deles, mortalmente).

   Ao longo da obra somos convidados a desvendar a vivência pública e privada da família Carnarvon, proprietária do Castelo de Highclere, numa história real que serviu de inspiração à série televisiva Downton Abbey, sendo de assinalar que o Castelo serve mesmo de cenário a algumas das filmagens.

   O livro é uma fascinante lição de história contemporânea, e de uma forma envolvente e num discurso deveras cuidado, mas objectivo e acessível, Lady Fiona leva-nos a viver de perto as alegrias e tragédias que acompanharam a vida de Lady Almina e da sua família (e também do seu país). Assiste-se ao final de uma velha era (era Vitoriana, a que se segiu a era Eduardiana), e ao nascimento de toda uma nova mentalidade.

   Muito interessante é o facto de a obra descrever os modos de vida e as minudências próprias de dois mundos sempre em paralelo, e que pese embora pareçam opostos, são antes complementares - o mundo do piso inferior ( os empregados de Highclere Castle, considerando-se tanto os empregados de serviço à casa, como todos os habitantes e trabalhadores na vasta extensão da propriedade circundante) e o mundo da nata da alta sociedade Britânica, na qual Almina se integrou na perfeição.

   Foi também interessante recordar o interesse manifestado por Lorde Carnavon, marido de Almina, pela Egiptologia, sendo um importante coleccionador de arte Egípcia, e tendo patrocinado escavações no Egípto, sendo parceiro de Howard Carter naquela que é, talvez, a mais simbólica descoberta arqueológica do Século XIX - o túmulo do Faraó Tutankamon. Projecto este que Lady Almina fez questão de continuar a apoiar, mesmo após o trágico desaparecimento do marido, em 1923. (Este episódio dá-nos uma panorâmica daquilo que podemos chamar de História dentro da História Universal).

   De leitura fácil, muito cativante, e enriquecedora em termos culturais e históricos, é uma obra que recomendamos sem quaisquer reservas, e a que iremos atribuir a classificação máxima na sua apreciação crítica que aqui deixamos.

Para os admiradores do British way of life! Um clássico para mergulhar nos clássicos e na história.



sábado, 11 de dezembro de 2021

ACTUALIDADE LITERÁRIA | Cristina Carvalho apresentou novo livro na Suécia | Relógio D´Água


 Texto: Isabel de Almeida

Foto: D. R. Créditos Embaixada de Portugal em Estocolmo - Via Facebook


   No passado dia 9 de Dezembro de 2021 a escritora Cristina Carvalho esteve presente no Museu de Strindberg, em Estocolmo Suécia, onde teve a oportunidade de apresentar o seu mais recente livro " Strindberg - Neste Mundo fui apenas um Convidado", com chancela Portuguesa da Relógio D´Água e prefácio do Professor Daniel Sampaio


A Embaixada Portuguesa em Estocolmo destacou este relevante evento cultural que aproxima culturalmente a Suécia e  Portugal, assinalando o agradecimento público ao director do Museu Strindberg - Erik Hook - anfitrião do evento bem como aos dois alunos de Português - Emma Hernborg e Mattias Carranza, que tiveram oportunidade de ler para os presentes excertos da obra literária em Português e em Sueco.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

ESQUINA DAS PALAVRAS | "Os Maias", de Eça de Queirós actual e a revisitar | Isabel de Almeida


 Texto e foto: Isabel de Almeida
 Jornalista | Crítica Literária

"Os Maias", de Eça de Queirós é, assumidamente, um dos livros da minha vida e que frequentemente revisito sempre com novas descobertas e renovado prazer.

Não foi o primeiro livro de Eça de Queirós que tive oportunidade de ler, na verdade aproveito para confidenciar que, desde tenra idade aprendi a conviver proximamente com os livros, e lá estava na estante de casa um maravilhoso exemplar da obra "A Tragédia da Rua das Flores", daquelas edições de capa dura encadernadas luxuosamente com dourado sobre fundo verde, apelativa apesar de então ainda algo ousada para a minha idade, mas o fruto proibido era o mais apetecido, sucede que à data passava na televisão uma mini-série sobre a obra tendo como protagonista no papel de Genoveva  a actriz Lurdes Norberto, portanto meio às escondidas acabei por ter o primeiro contacto com a obra Realista de um dos mais geniais autores nacionais.

Entretanto, validada pela minha mãe a leitura de um livro que, numa visão "politicamente correcta" em bom rigor "ainda não era para a minha idade" foi ali mesmo que nasceu a minha paixão por Eça de Queirós.

Mas antes de "Os Maias" e antes da idade politicamente correcta para tanto, ainda viria a ler "O Primo Basílio" e o fabuloso "O Crime do Padre Amaro".

Talves devido a estes meus antecedentes de "transgressão literária" (ai se hoje as novas gerações se atrevessem a cometer este tipo de "crimes" que bom seria, sonha Isabel, sonha...) a obrigatoriedade de ler "Os Maias" no ensino secundário foi por mim encarada de forma natural e não como uma obrigação mas um deleite, enquanto muitos outros colegas se limitavam a ler os então famosos resumos nos livrinhos amarelos e pretos dos Apontamentos Europa-América (editora infelizmente extinta mas de que guardo boas memórias e tantos exemplares na minha biblioteca).

Pois bem, o único anticlimax de "Os Maias" e que admito possa logo desmotivar um leitor académico menos avisado para a questão é mesmo a descrição detalhada do Ramalhete, a residência Lisboeta da Família Maia, mas depois, logo a seguir somos compensados com uma prosa absolutamente única, deliciosa, com toques de ironia inimitáveis e com uma visão completa, complexa, cruel e realista do Portugal e da Lisboa do Século XIX, a narrativa tem início em 1875.

Além da ironia, as personagens principais e as secundárias apresentam características muito específicas e representam movimentos culturais, estilos de educação, reflexões filosóficas e, com especial destaque, uma acutilante crítica social que tem em si uma fórmula mágica irrepetível a meu ver, o segredo mágico deste livro é o facto de atravessar tempos históricos mantendo-se sempre actual.

Carlos da Maia e toda a sua arrogância e teimosia de menino mimado que, contra todas as expectativas, não poderá assumir o comando do seu destino; Maria Eduarda que mantém sempre uma elegância muito própria  que chega até a conquistar a simpatia e empatia dos leitores. Dâmaso Salcede, o Vilão novo rico que os leitores facilmente irão adorar odiar mas que nos proporciona momentos hilariantes, o mesmo se dizendo do caricatural Euzebiozinho...

Está lá tudo o que ainda hoje existe: os vícios privados escondidos atrás das públicas virtudes; os banqueiros, políticos e jornalistas desonestos, as mulheres fatais promiscuas e sedutoras mas mal amadas, os artistas incompreendidos. Impagável é o azarado mas leal João da Ega o Mefistófeles de Celorico!

E como podemos envolver os jovens leitores neste espírito para que seja fácil a adesão ao livro, experimentem um exercício curioso e que Eça iria adorar: experimentem associar as personagens do livro os correspondentes "actores" no vosso bairro, vila ou aldeia! Esta semana comecei a explicar a obra a uma jovem amiga e "sobrinha de coração" e o ponto alto foi identificarmos o Conde de Gouvarinho aqui da Vila, identidade que escusam de perguntar, pois que não podemos revelar nem saob tortura!

Ler Os Maias é "Chique a Valer!" acreditem! E lá vou eu reler pela enésima vez! 



quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | WORDS FROM CATS, de VANESSA LOURENÇO

 




















If you were somehow able to listen to what your cat has to say, would it make a difference in your life? Would you decide to listen and give it some thought? Or you would you just ignore it, thinking "he's just a cat"?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | TRAÇOS DE PONT-AVEN, de FERNANDO TEIXEIRA

 















Devido às circunstâncias da vida e por um erro cometido no passado, Pedro desconhece o paradeiro do filho há duas décadas, desde que lhe telefonou no dia do vigésimo aniversário. Apenas o julga a viver algures em Itália, para onde foi viver com a mãe. Nunca mais soube dele, até que um dia recebe um cartão de Afonso, num envelope sem remetente, informando que a sua mãe havia falecido há três dias. A única pista é o carimbo dos serviços postais, o qual indica que a missiva foi enviada de uma localidade francesa, situada na Bretanha. O inusitado contacto faz com que Pedro decida ir viver uma temporada para Port de Doëlan, numa tentativa de conseguir mais pistas que lhe permitam reencontrar o filho. Numa região marcada pela presença do pintor Paul Gauguin, no final do século XIX, dando origem ao movimento artístico designado por Escola de Pont-Aven, Pedro conhece Sylvie, uma bretã apaixonada por arte que se lhe alia na busca por Afonso.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

ACTUALIDADE LITERÁRIA | José Carlos Barros venceu o Prémio LeYa 2021 com a obra "As Pessoas Invisíveis" | Grupo LeYa

Texto: Comunicação Grupo LeYa (Comunicado do Júri do Prémio LeYA)

Foto: D.R.


 COMUNICADO DO JÚRI DO PRÉMIO LEYA 2021

Reuniu ontem por videoconferência o Júri do Prémio Leya.

No início da reunião, Lourenço do Rosário fez uma declaração de protesto contra as medidas da União Europeia, no sentido de proibir os voos para Moçambique e outros países da África Austral. Os membros do Júri associaram-se a esta tomada de posição.

Concorreram ao Prémio 732 originais, dos quais foram seleccionados 14 para apreciação do Júri.

O Júri deliberou por unanimidade atribuir o Prémio de 2021 à obra As Pessoas Invisíveis, da autoria de José Carlos Barros.

As Pessoas Invisíveis é uma viagem por vários tempos da história recente de Portugal desde a década de quarenta do século XX narrado a partir de uma personagem ambígua, Xavier, que age como se tivesse um dom ou como se precisasse de acreditar que tivesse um dom.

Dos anos 40 do século XX, com a ambição do ouro, a posição de Salazar face à Guerra, a guerra colonial com todas as questões que hoje levanta, o nascimento e os primeiros anos da democracia.


Em todas essas paisagens e em todos os tempos que o romance toca, a palavra é de quem não a costuma ter. Dramática, velada, fugaz, lapidar, tocada pelo sobrenatural.


Os habitantes do mundo rural ou os negros das colónias. São seres quase diáfanos que sublinham uma sensação de quase perdição que atravessa todo o livro e constitui um dos seus pontos mais magnéticos.


Em As Pessoas Invisíveis, o leitor é convocado para preencher com a sua imaginação o não dito, os silêncios, o invisível. 


De salientar ainda o trabalho de linguagem, o domínio de uma oralidade telúrica a contrastar com a riqueza de vocabulário e de referências histórico-sociais.

Sobre o autor

José Carlos Barros (Boticas, 1963) é licenciado em Arquitetura Paisagista pela Universidade de Évora e vive no Algarve, em Vila Nova de Cacela. A sua atividade profissional tem sido exercida nos domínios do ordenamento do território e da conservação da natureza. Foi director do Parque Natural da Ria Formosa. É autor, entre outros, dos livros de poesia Uma Abstracção Inútil, Todos os Náufragos, Teoria do Esquecimento, Pequenas Depressões (com Otília Monteiro Fernandes) e As Leis do Povoamento (editado também em castelhano). Com Sete Epígonos de Tebas venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2009.  Em 2003 estreou-se na prosa com O Dia em Que o Mar Desapareceu. Venceu vários prémios literários (com destaque para o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, que lhe foi atribuído duas vezes) e os seus textos poéticos estão publicados em vários países. O Prazer e o Tédio foi o seu primeiro romance, seguido de Um Amigo Para o Inverno (Casa das Letras, 2013), com o qual foi finalista do Prémio LeYa em 2012. Os seus livros mais recentes (poesia) são os seguintes: O Uso dos Venenos, ed. Língua Morta (2ª edição, 2018), A Educação das Crianças, ed. Do Lado Esquerdo Editora, 2020, Estação – Os Poemas do DN Jovem, 1984-1989, ed. On y Va, 2020, e Penélope Escreve a Ulisses, Edições Caixa Alta, 2021. 

Sobre o júri do Prémio LeYa 2021

O júri da presente edição do Prémio LeYa é formado por Ana Paula Tavares, escritora e poeta angolana, Isabel Lucas, jornalista e crítica literária portuguesa, José Carlos Seabra Pereira, Professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, Professor de Letras, fundador e antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Manuel Alegre, poeta e escritor (Presidente do Júri), Nuno Júdice, poeta e escritor, e Paulo Werneck, editor, jornalista e tradutor brasileiro.

Sobre o Prémio LeYa 2021

Com o valor de 50 mil euros, o Prémio LeYa é o maior prémio literário para romances inéditos de todo o mundo de língua portuguesa. No seu percurso já premiou e deu a conhecer ao mundo os romances O Rastro do Jaguar, do brasileiro Murilo Carvalho (2008), O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho (2009), O Teu Rosto Será o Ultimo, de João Ricardo Pedro (2011), Debaixo de Algum Céu, de Nuno Camarneiro (2012), Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade (2013), O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral (2014), O Coro dos Defuntos, de António Tavares (2015), Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho (2017) e Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, vencedor em 2018 e que viria a ganhar, em 2020, os dois mais importantes prémios literários do Brasil: Jabuti e Oceanos.

DIVULGAÇÃO | EM BUSCA DA NAU DOS SONHOS, de ANITA DOS SANTOS

 
















Ele passou todos os testes. Superou todos os obstáculos. A sua força de vontade teve de ser forte para vencer a sedução, a curiosidade e a vontade de esquecer com que se deparou pelo longo caminho que escolheu, para alcançar o sonho de encontrar os Barcos Borboletas!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | LUA DO LOBO, IRMANDADE DA CRUZ, de MBARRETO CONDADO

 















Somos uma Irmandade – escolhidas pelo sangue, unidas pela vontade. Quando a noite cai sobre a Terra com o seu manto de sombras, é na luz da Lua que encontramos protecção. De nós é-nos exigida lealdade, altruísmo e coragem. Sob o símbolo da Cruz vivemos e nele confiamos. A nossa força reside na nossa união. Seguidoras da antiga Ordem, chegará a hora em que seremos chamadas para fechar um ciclo. Sob o olhar atento das nossas mentoras e dos nossos protectores. 

E quando à noite o Lobo uivar, o sinal estará dado. Prepara-te porque começou. E só nós te poderemos ajudar.

domingo, 5 de dezembro de 2021

ROSTOS | Ana Rita Bessa Nova CEO do Grupo LeYa | Grupo Leya

Ana Rita Bessa | Foto D.R. Grupo LeYa

Texto: Redacção com Grupo LeYa 

Ana Rita Bessa é a nova CEO da LeYa Portugal

O Conselho de Administração do Grupo LeYa informa que Ana Rita Bessa foi eleita Administradora da LeYa SA (Portugal) e que assumirá as funções de CEO. Isaías Gomes Teixeira, que até agora detinha essa função, bem como Tiago Morais Sarmento e Pedro Marques Guedes, até agora, respectivamente, COO e CFO da LeYa SA, passam a Administradores não-executivos da empresa, mantendo-se Isaías Gomes Teixeira como Presidente do Conselho de Administração.

Além da operação em Portugal, o Grupo LeYa tem também operações em países africanos de expressão portuguesa e uma operação no Brasil, de ensino universitário à distância, na qual é líder no segmento de pós-graduação.

sábado, 4 de dezembro de 2021

APRESENTAÇÃO | Inês Meneses apresenta hoje em Setúbal o livro " O Coração ainda Bate" | Contraponto - Grupo Bertrand Círculo


Hoje, Sábado dia 4 de dezembro, Inês Meneses estará na livraria Culsete, em Setúbal, para apresentar o seu novo livro "O Coração Ainda Bate", com chancela da Contraponto.


Trata-se de uma obra que nasceu a partir das crónicas da autora no jornal Público e, tal como em Caderno de Encargos Sentimentais (2020, 6ª edição), reúne textos preciosos e de grande valor literário.


Para os adeptos da literatura fica a sugestão de evento promissor a decorrer pelas 16 horas e 3o minutos na Livraria Culsete em Setúbal.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

ACTUALIDADE | Dia 7 de Dezembro será revelado o vencedor do Prémio LEYA | Grupo LeYa

ACTUALIDADE LITERÁRIA



A revelação da decisão do júri do Prémio LeYa 2021 está agendada para 7 de dezembro, segundo de dois dias de reuniões do colectivo presidido por Manuel Alegre. Foram avaliados 802 originais provenientes de 20 países.

Depois de, em janeiro deste ano, a LeYa ter anunciado o restabelecimento do prémio que, em 2020, havia sido suspenso devido à crise pandémica, e a alteração do seu valor para cinquenta mil euros, estão agora reunidas as condições para dar continuidade à edição de 2021. O júri do prémio, presidido por Manuel Alegre, reunirá nos dias 6 e 7 de dezembro, estando a revelação da decisão do colectivo agendada para o dia 7, na sede da LeYa, em Alfragide. Foi igualmente decidido que, por força da actual situação sanitária, a reunião do júri, maioritariamente composto por elementos residentes no estrangeiro, não será presencial, mas virtual.

As obras a concurso na presente edição incluem os originais enviados para a edição de 2020, antes de a mesma ter sido suspensa em abril desse mesmo ano, bem como todos os que concorreram à edição de 2021, que assim se torna na que maior número de originais recebeu, 802, provenientes de 20 países - Alemanha, Angola, Áustria, Brasil, Bulgária, Cabo Verde, Canadá, Equador, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irlanda, Luxemburgo, Moçambique, Polónia, Portugal, Rússia, EUA e Vietname.


Composição do Júri do Prémio LeYa 2021


O júri da presente edição do Prémio LeYa é formado por Ana Paula Tavares, escritora e poeta angolana, Isabel Lucas, jornalista e crítica literária portuguesa, José Carlos Seabra Pereira, Professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, Professor de Letras, fundador e antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Manuel Alegre, poeta e escritor (Presidente do Júri), Nuno Júdice, poeta e escritor, e Paulo Werneck, editor, jornalista e tradutor brasileiro.


Sobre o Prémio LeYa


Com o valor de 50 mil euros, o Prémio LeYa é o maior prémio literário para romances inéditos de todo o mundo de língua portuguesa. No seu percurso já premiou e deu a conhecer ao mundo os romances O Rastro do Jaguar, do brasileiro Murilo Carvalho (2008), O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho (2009), O Teu Rosto Será o Ultimo, de João Ricardo Pedro (2011), Debaixo de Algum Céu, de Nuno Camarneiro (2012), Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade (2013), O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral (2014), O Coro dos Defuntos, de António Tavares (2015), Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho (2017) e Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, vencedor em 2018 e que viria a ganhar, em 2020, os dois mais importantes prémios literários do Brasil: Jabuti e Oceanos.


O Prémio LeYa é atribuído por prova cega, sendo a autoria dos romances desconhecida ao longo de todo o processo de leitura e avaliação. A autoria do romance vencedor, selada em sobrescrito, apenas é conhecida depois de tomada a decisão do júri. 


Texto: Redacção com Grupo LeYa