segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

[Entrevista - Nacional] Cláudio Ramos em entrevista na semana em que lança oficialmente o seu novo livro “Equilíbrio” [Guerra & Paz Editores]

Texto: Isabel de Almeida

Fotos: Pedro Varela Photografia – Cortesia Guerra & Paz Editores

Email: isabelalexandraalmeida@diariododistrito.pt


   Amanhã, 23 de Fevereiro de 2016, Cláudio Ramos lança o seu novo livro “Equilíbrio”, com chancela da Gerra & Paz Editores, o Diário do Distrito, em colaboração com os parceiros Nova Gazeta e Blog Literário Os Livros Nossos teve oportunidade de entrevistar o famoso comunicador e autor, venha connosco conhecer melhor Cláudio Ramos.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: O que motivou o Cláudio a escrever o seu mais recente livro “Equilíbrio” ?

Cláudio Ramos: Um convite muito interessante da editora Guerra & Paz numa altura da minha vida onde achei que ele fazia muito sentido. Reúne tudo aquilo que é preciso ter, se lhe juntarmos boa vontade, para facilitar o nosso dia.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Quais são as expectativas em termos de aceitação deste trabalho pelo público?

Cláudio Ramos: Enormes,  porque o público recebe os meus livros muito bem. Eles são feitos com verdade e isso nota-se em tudo, incluindo na altura das vendas e do agrado de quem os lê.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Em termos de trabalho de escrita, onde se sente mais confortável? Na escrita sobre lifestyle ou na ficção?

Cláudio Ramos: Sinto-me mais confortável nos livros práticos, mas os romances são uma paixão grande que tenho e onde gosto muito de mergulhar e não me tenho saído mal. Gosto muito do que escrevo, se bem que há um mundo pela frente para melhorar. Não se podem comparar as escritas.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Está previsto algum regresso para breve à escrita de ficção?

Cláudio Ramos: Na minha cabeça já está a trabalhar...

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Os seguidores e fãs do Cláudio constituem um incentivo ao trabalho que desenvolve no blogue e na página do Facebook – Eu, Cláudio?

Cláudio Ramos: É um tipo de escrita muito bem-disposta, sem nenhuma presunção! Mas é claro que o facto de ser lido por mais de dez mil pessoas todos os dias me incentiva a continuar.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Quais são os seus autores preferidos nos géneros ficção e não-ficção?

Cláudio Ramos: Não tenho nenhum de não ficção. Não sou um consumidor habitual deles. De ficção sou fascinado por José Luis Peixoto. Acho-o tão maravilhoso na escrita. Internacionalmente estou a descobrir agora Haruki Murakami um Nobel Japonês... vamos ver se me fascina.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Que livro ou livros tem, neste momento, na mesa-de-cabeceira?

Cláudio Ramos: Tenho “Em teu ventre” do Zé Luis Peixoto e “Sono” do Haruki Murakami.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Que medidas gostaria de ver tomadas para levar os Portugueses a cultivar mais os hábitos de leitura?

Cláudio Ramos: Os portugueses não lêem porque não têm o costume nem a educação de o fazer. Não tem a ver com mais nada. Nem sequer com o preço dos livros, porque os há de todos os preços. A educação é a base.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Qual a opinião do Cláudio acerca do facto de os autores estrangeiros serem, por norma, aqueles que mais vendem em Portugal?

Cláudio Ramos: Não acho exactamente isso. Acho que já há muitos autores portugueses que vendem muito em Portugal. Acho é que Portugal olha para o que é seu com olhos de distância e preconceito.

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Como sente a sua evolução pessoal como escritor, o que mudou na sua obra entre os primeiros livros e este que agora publica?

Cláudio Ramos: Mudou muita coisa, porque à medida que vamos vivendo, lendo e absorvendo mais mundo, é obrigatório mudar a narrativa e a forma de a contar aos outros. Se não fosse assim seria um idiota estanque!

Nova Gazeta/Os Livros Nossos/Diário do Distrito: Quer deixar umas palavras de incentivo aos leitores para que estes escolham ler o seu livro “Equilíbrio”?

Cláudio Ramos: Que acreditem em cada página que estão a ler.

Obrigado ;)



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

[Actualidade-Pinhal Novo] Freguesia do Pinhal Novo celebra 88º aniversário [Diário do Distrito]



No Domingo, dia 07 de Fevereiro de 2016, a Freguesia do Pinhal Novo esteve em festa, assinalando-se o 88ºaniversário desta Freguesia do Concelho de Palmela, celebrando-se também o decurso de 28 anos sobre a elevação do Pinhal Novo a Vila.

A data foi assinalada com uma sessão solene na Sala de Sessões da Junta de freguesia, estando presentes diversas individualidades da política e da sociedade locais, com casa cheia apesar de estarmos em plena época de entrudo.

Durante o seu discurso, Manuel Lagarto, Presidente da Junta de Freguesia do Pinhal Novo teve oportunidade de destacar que em 2016 a Freguesia do Pinhal Novo vai receber novos investimentos, e será dada continuidade a projectos já em curso, tanto na área social (Vai e Vem Social), como destinados aos mais novos (sendo disso exemplo o Projecto Férias Vivas). Manuel Lagarto destacou também o facto de, no ano transacto, terem sido desenvolvidos vários projectos na Freguesia contando com a parceria da Câmara Municipal de Palmela, assumindo-se o Município enquanto parceiro fundamental para Freguesia do Pinhal Novo.

 Álvaro Amaro - Presidente da Câmara Municipal de Palmela - destacou no seu discurso a circunstância do Pinhal Novo ser uma terra de afectos e enalteceu o trabalho realizado pelos poetas populares que participaram no projecto Palavra Dita, que é prova de se manter viva a cultura popular local. O Pinhal Novo é hoje a Freguesia mais populosa e mais jovem do Concelho de Palmela. Nas últimas décadas o Pinhal Novo cresceu, consolidou-se e também se consolidou a consciência de uma Cultura Caramela, apropriada pelas novas gerações. O Presidente do Município referiu ainda que nada no Pinhal Novo foi dado, quer antes quer depois do 25 de Abril, as conquistas resultam, sim, de um esforço de participação cívica, da luta e da afirmação. 

Foi ainda assinalada por Álvaro Amaro a realização de importantes investimentos que têm estado na ordem do dia, investimentos estes que sempre foram da responsabilidade da administração central, e caso se venham a concretizar neste mandato, não será exagerado dizer que o  mesmo é um “mandato de ouro”. Assim, em relação ao projecto de regularização da Ribeira da Salgueirinha mostra-se já entregue o Estudo de Impacto Ambiental, estando em consulta pública, estando quase concluídas as expropriações e autorizações para aceder aos terrenos, com alguma ironia, o Presidente criticou algumas vozes que haviam questionado este trabalho, afirmando que alguns “queriam transformar o ouro em lata, sendo preciso ter lata para o fazer”. Foi apresentada candidatura pelo Município a fundos da Agência Portuguesa do Ambiente,  e no próximo dia 19 será feita uma visita a toda a Ribeira por Técnicos desta agência, donde o mérito foi da candidatura do Município que apresentou um trabalho consistente realizado pelos seus técnicos e trabalhadores. O fundo que suporta este tipo de Investimento, que rondará os duzentos milhões e quatrocentos mil euros com comparticipação a 85%, cabendo ao Município suportar os 15% restantes, advém da Taxa de Resíduos Hídricos que os Munícipes pagam na respectiva factura da água. Outro projecto importante será o Centro de Saúde de Pinhal Novo Sul, sobre o qual se mostra já assinado o Contrato Programa para a respectiva execução, tendo ainda destacado que , a este propósito, está de parabéns a população do Pinhal Novo que se manifestou e colocou em Marcha o movimento associativo.

Durante o evento, houve oportunidade para trocar algumas palavras com o Presidente da Junta de Freguesia do Pinhal Novo – Manuel Lagarto. O autarca referiu sentir “regozijo pelo facto de termos feito algum trabalho, não tudo o que gostaríamos de ter feito. Para nós é motivo de orgulho a comemoração deste aniversário com a satisfação do dever cumprido (…) em termos de balanço o ultimo ano o mesmo foi positivo, e o início deste ano está a criar expectativas diferentes (…) gostaria que a autarquia tivesse meios próprios para desenvolver alguns projectos.”
Seguiu-se a celebração com bolo, moscatel e sumos, após o que se deu por encerrada a cerimónia em clima de festejo.

Texto: Isabel de Almeida e Miguel Garcia [Nova Gazeta/Diário do Distrito]
Fotos: Diário Imagem/Diário do Distrito

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

[Entrevista - Nacional] Teresa Marta em entrevista a propósito do seu livro "Fazer do medo coragem" [Diário do Distrito/Nova Gazeta/Os Livros Nossos]

Numa iniciativa conjunta com os nossos media partners Diário do Distrito e blog literário Os Livros Nossos entrevistámos ontem, dia 02/03/2016, a autora Teresa Marta a propósito do próximo lançamento do livro “Fazer do Medo Coragem” [Com prefácio de Helena Sacadura Cabral] a decorrer no próximo dia 5 de Fevereiro na Livraria Bertrand Editora das Amoreiras , a partir das 18h30m.

A autora é Licenciada em Comunicação Social, Pós Graduada em Marketing e Serviços e Mestre em Psicoterapia Existencial. Após 21 anos como Gestora, em 2013 decidiu mudar a sua vida, desempregar-se e lançar o seu projecto “Academia da Coragem”, como Coacher certificada, desenvolvendo actividades de potenciação do desenvolvimento pessoal, através do uso de metodologias activas. Ficámos a conhecer melhor a mulher por detrás da obra, e partilhamos este conhecimento com os leitores.


Nova Gazeta: Este livro surge como corolário lógico na sequência da sua formação académica e do projecto Academia da Coragem?

Teresa Marta: Não tem tanto a ver com a formação académica. Eu fui vossa colega, trabalhei na Rádio Pal, sou Licenciada em Comunicação Social, Pós Graduada em Marketing de Serviços e só fiz o Mestrado em Psicoterapia Existencial em 2007. O livro reflecte uma mudança da minha área de actividade, eu sempre fui gestora e trabalhei em marketing e sempre tive muita apetência por perceber o que nos mantém presos ao sofrimento, o facto de ter nascido numa família também rural. Havia uma grande taxa de suicídio,  a própria mãe da minha mãe tentou suicidar-se duas vezes. Violência doméstica, hoje fala-se muito em violência doméstica porque temos as coisas mais visíveis, mas antigamente havia muita violência doméstica  que nem sequer era falada, era vivida dentro de casa,  e aguentava-se a verdade era essa. E a Academia surgiu então quando eu tive necessidade de começar a colocar no terreno afinal o que era isso da coragem, como é que nós podemos libertar-nos do medo. O livro conta dez histórias, dez histórias de medo,  e o primeiro capítulo é a minha própria história, são os tais sessenta anos de medo,  que foram tantos quantos durou o casamento da minha avó Emília, a minha mãe morreu com 64 anos e  isso no fundo resumo a história quer da minha avó, quer da minha mãe. E a minha questão fundamental é, então porque é que nós, se temos medo, estamos oprimidas pelo medo e nunca saímos do medo, o que justifica isso? E, de facto, o meu Mestrado em Psicoterapia Existencial levou-me depois a fazer a certificação internacional em Coaching Motivacional e dos Comportamentos e em estudar em maior profundidade, onde é que o medo surge no ser humano, se o medo é inato ou se é cultural ou educacional, e fe facto, há um misto das duas coisas. Ora, se nós aprendemos a ter medo em crianças, como é que os nossos pais nos ensinam ? – Olha tem cuidado, vais para ali, olha que podem-te fazer isto; olha não subas aí que é muito alto para ti;  olha que cais e partes a cabeça. É para protegermos a cria mas somos educados a ter medo – não comes a sopa vem o homem do saco.

Nova Gazeta: Há uma cultura do medo?

Teresa Marta: Há, no meu tempo eram os ciganos, não comia a sopa vinham os ciganos. Agora há uma nova frase que é – deixa vir o teu pai que já vais ver como é que é! – Nós no fundo proporcionamos isso, e fomos ensinados desde miúdos a ter medo, a questão é que, esse medo, que até certo ponto nos protege, em adultos, quando vamos ter nós próprios relacionamentos amorosos, a nossa família, e entramos nas empresas,  o medo condiciona-nos e nós começamos a agir não pelo que sentimos, mas por tudo aquilo que nos foram ensinando. Isso é maravilhoso, perceber como é que o ser humano adquire o medo, e como é que nós podemos livrar-nos do medo e ter uma vida mais equilibrada.

Nova Gazeta: O medo é uma força de bloqueio?

Teresa Marta: Quando é tóxico o medo é uma força de bloqueio. Aliás, há estudos muito interessantes de um Psicólogo e Psiquiatra Americano, que é o Peter Levine, que vem referido no livro. Fez estudos fantásticos e criou uma coisa que é o Instituto do Trauma, e a maior parte da vida dele foi dedicada aos animais selvagens a tentar perceber. Há uma lebre a fugir de um coiote, nós os seres humanos copiámos isso da natureza, temos três maneiras de fugir ao medo: a primeira é não nos movermos; a segunda forma é lutar e a terceira é fugir, Então a lebre fugia do coiote mas ele andava mais depressa, então a lebre ficou quieta, reduziu o batimento cardíaco e o coiote deixou-a pensando estar morta. A lebre, ao contrário de nós, não tem memória do trauma. Nós somos os nossos maiores carrascos. O ser humano memoriza o trauma. Esse registo negativo vai lá ficando, e podemos mesmo adoecer com medo, ficamos com aquele pensamento recorrente, a seguir os pensamentos adoecidos eu não posso claramente sentir-me bem, eu acabo por adoecer o meu corpo, se estou sempre a sentir-me mal emocionalmente eu vou somatizar e há cancros nomeadamente na zona do estomago e do intestino que são somatizados são pessoas que não conseguem deixar ir. Nós interrompemos a linha da vida, em vez de vivermos o presente estamos preocupados com o  “E se”, a maioria das pessoas que encontro no Coaching tem sempre esta questão do E se, encontra-se uma solução caso a empresa vá à falência, e se eu adoeço e não posso mesmo trabalhar depois . Nós seres humanos vivemos em busca da felicidade, é a nossa busca fundamental, o que para cada um de nós significa a felicidade é outra coisa, mas se estivermos antes preocupados em ver o que isto tem de bom agora, porque mesmo a noite dá origem ao dia, a tempestade dá origem a algo bom e nós aprendemos a conviver com isso. As pessoas ficam ansiosas, ficam angustiadas começam a acreditar que não são capazes, e caem, e ai há várias formas de cair das mais leves às mais pesadas.

Nova Gazeta: Começa já a sentir alguma sensibilização para estas temáticas ao nível organizacional?

Teresa Marta: É a minha próxima fase, como trabalhei em empresas 21 anos, estou a fazer um trabalho para perceber quais são os custos do medo nas empresas. O líder tem medo de perder o poder, de ser falado nos corredores, de não atingir os objectivos e os funcionários também têm medo, por vezes incutido pelos chefes – não estás contente com o teu salário então vai lá ver como será arranjares outro emprego – e este medo é trazido para vida privada, para a família. As empresas que vivem este clima não inovam, as pessoas tem ideias para inovar mas até têm medo de as dizer com medo de serem ridicularizados ou postos de lado, são empresas que perdem clientes porque depois quem trabalha na área comercial  quando vai visitar o cliente já não vai satisfeito, são empresas que perdem a auto-estima e perdem muito do que é o seu potencial.  Há estudos muito interessantes nos Estados Unidos e aqui ao lado em Espanha, por exemplo, Pilar Jericó tem feito estudos sobre quanto as empresas estão a perder devido ao medo nas empresas e utiliza a expressão  “gestão medo zero” o que podem os gestores fazer para diminuir o medo nas empresas e aumentar a produtividade mas não pode ser uma produtividade e um lucro cego.

Nova Gazeta: Denotam-se sectores económicos onde esta lógica do medo esteja mais acentuada?

Teresa Marta: A banca é um deles, todos os sectores que terabalhem com objectivos económicos têm medo. No sector automóvel há menos. A banca tem medo de perder clientes e de os clientes não serem tão rentáveis, se eu deixar de pagar um empréstimo o banco não vai receber. Nos seguros a mesma coisa, quando foi a venda de uma seguradora Portuguesa, quando os funcionários viam uma pessoa engravatada acompanhada de um comité a dar a volta ao open space, pensavam logo os funcionários quem é que eles vão dispensar esta semana, quem de nós vai ser convidado a sair. Os seguros a banca, a área da restauração, no fundo são áreas que estão mais dependentes do bolso do consumidor final. Há profissões de maior risco e há profissões mais seguras, embora hoje não existam empregos para a vida. È uma questão ligada ao medo e à coragem. Nós aceitarmos a insegurança é natural. No meu caso pessoal, ao decidir despedir-me em 2013, o que me custou mais fazer foi desapegar-me. Porque é verdade que é confortável viver com um salário fixo, uma boa casa, um bom carro. Esse desapego de eu perceber que tinha de remodelar a minha vida toda, eu passei a viver com um quarto daquilo com que vivia. Eu sou mais feliz, deixei de fazer milhares de horas na empresa, milhares de quilómetros de carro, passei a ter mais tempo para o meu filho.

Nova Gazeta: Quanto tempo levou a conseguir esse desapego?

Teresa Marta: Eu ainda estou em desapego. Eu nunca mais fiz férias, por exemplo, não tenho dinheiro neste momento para ir de férias, tinha duas casas só tenho uma, tinha um carro de oitenta mil euros agora tenho um utilitário. Estou a viver das minhas ainda poucas sessões de coaching e de uma poupança que fiz. A política não me paga nada, apenas as senhas da assembleia, eu nunca vivi nem quero viver da política. 

Nova Gazeta: Qual foi a história mais marcante do seu livro?

Teresa Marta: A mais marcante de todas foi uma senhora que não conseguia engravidar, tinha perdido uma filha com um tumor cerebral com 17 anos, Apareceu-me na primeira sessão com um potinho e perguntou se o podia colocar em cima da mesa e eu disse que sim, e depois disse-me – é a Iris – eram as cinzas da filha de que não conseguiam separar-se, perdeu o casamento, é a história típica de quem tem tudo financeiramente mas não tem o resto, temos a tendência para associar felicidade a dinheiro, é certo que ajuda, mas não é tudo. Temos que prescindir de amigos, de relações, de tempo para nós. Nós acabamos por ter de prescindir daquilo que é a nossa missão de vida. Não preciso muito para ser feliz, mas depois temos aquela ideia de – e se eu tiver mais isto – e é a eterna insatisfação do ser humano. Uma vez tive um senhor que me disse: tenho três casas, uma mulher fantástica, três filhos maravilhosos, um Jeep e um carro topo de gama, e depois vamos para o Algarve de avião e temos lá outro carro e no entanto não sou feliz, explique-me lá o que se passa. Às vezes termos tanta coisa acabamos por não valorizar outras pequenas coisas – ter tempo para tomar um café com os amigos, para ficar sozinha.

Nova Gazeta: E a crise trouxe medo?

Teresa Marta: Trouxe muito medo. Como poderia eu ajudar se não tivesse experiencias minhas, por exemplo, no caso da mãe que tinha perdido a filha com um tumor cerebral eu nunca a entenderia se não tivesse filhos. Eu pensei que a senhora não ia voltar mais, eu chorei o tempo todo, depois acabámos abraçadas. Na sétima sessão ela disse-me que tinha ido deitar as cinzas da filha ao Guincho, como a filha havia pedido.

Nova Gazeta: A Teresa acabou por ser uma mais-valia para essa mãe?

Teresa Marta: No dia em que acharmos que somos os melhores, como aqueles terapeutas que dizem estar resolvidíssimos algo não está certo. Nenhum ser humano está resolvido. 

Nova Gazeta: Ao longo deste tempo todo tem sentido que tem ajudado as pessoas?

Teresa Marta: Sim tenho sentido. A vantagem de juntarmos metodologias activas à psicoterapia. Eu não faço psicoterapia no sentido estrito da expressão e isto foi por opção, porque comecei a sentir que posso ajudar mais juntando duas coisas, a minha experiencia pessoal porque passei pelos processos, e em segundo lugar a questão do fazer,  porque nós não podemos dizer que não conseguimos até tentarmos. Claro que eu ajudo as pessoas, mas não sei até que ponto eu própria saio enriquecida. No dia em que eu achar que sou a maior mandem-me internar [risos].

Nova Gazeta: A quem aconselharia, no imediato, o livro que escreveu?

Teresa Marta: A todas as pessoas que estejam a sofrer com perdas físicas, emocionais ou com sensação de injustiça que sintam.

Nova Gazeta: Alguma vez esteve indecisa entre o Coaching e a Psicologia ou nem sequer foi por ai?

Teresa Marta: Eu nem fui por ai porque tenho vários amigos psicólogos, sobretudo amigas e como sou uma mulher que veio das empresas a psicologia não ia proporcionar tudo o que eu desejava. Por isso fiz formação em psicoterapia existencial. Como quero levar o coaching da coragem para as empresas falta a vertente de agir, como vamos proporcionar a mudança.

Nova Gazeta: A nível de procura de Coaching ocorre mais a nível individual ou institucional?

Teresa Marta: Mais individual, também porque o meu marketing tem sido mais noutro sentido, eu tive de testar primeiro a metodologia ao nível individual antes de ir para as empresas, era incapaz de ir para as empresas sem saber se teria resultados, também porque fui gestora e não lido bem com o insucesso, confesso. 


Entrevista conduzida por: Isabel de Almeida e Miguel Garcia 

Foto: Miguel Garcia/Diário do Distrito/Nova Gazeta