quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

CRÓNICA | A PENSAR TER UM CACHORRO?, de Ana Emauz, Treinadora na Off Leash - Educação e Treino Canino


Se é a primeira vez que vai ter um cachorro este artigo é para si. Se é um tutor com mais experiência, leia na mesma pois nunca se sabe, o treino e o comportamento canino não param de evoluir e poderá encontrar informação válida para si também.

Durante este período de pandemia, e com os sucessivos confinamentos, muitas famílias pensaram em adquirir um cão. A imagem de um cachorrinho gera sentimentos calorosos e emocionais, que em tempos conturbados são

bastante mais valorizados. Por outro lado, as pessoas estão a passar mais tempo em casa, o que as leva a pensar numa maior disponibilidade para a adição de um novo membro.

No entanto, há muita coisa a ponderar antes de tomar a decisão de trazer um cachorro para casa.

O que devemos ter em conta?

O tempo de vida de um cão.

Em primeiro lugar, pensar que será um compromisso a longo prazo, entre 12-15 anos, com sorte alguns anos mais. Lembre-se que a sua escolha não deve ser emocional ou

feita por impulso, mas sim bem pensada e estruturada, é uma decisão a longo prazo que vai envolver pelo menos uma década da sua vida. E nesse tempo, pode ter de mudar de casa, de emprego, alterando também a sua disponibilidade, pelo que há de ter em conta os vários cenários possíveis.

Disponibilidade de tempo.

Em segundo lugar, deve pensar no tempo que vai ter disponível para o seu cão nestes próximos anos. Mais do que o espaço, o tempo é fundamental, e deve incluir várias actividades diárias como os passeios, brincadeiras, e estimulação mental.

Embora os cães possam variar muito nas suas necessidades físicas e mentais, todos os cães, e sobretudo os cachorros, precisam que lhes dediquemos tempo e atenção todos os dias. E por isso, muito mais importante do que o espaço que têm (local onde vivem), é o tempo disponível para se dedicarem ao vosso cão diariamente. Mesmo que tenha um jardim, quintal ou quinta, o seu cão não vai brincar e correr sozinho, precisa de si para o fazer. E precisa de si para o levar à rua e conhecer outros locais, pessoas e cães. Um jardim não chega para um cão, da mesma maneira que viver dentro de quatro paredes não chega para nós humanos. Aliás estamos agora a experienciar um pouco do que é viver fechado em casa, com a vantagem de termos tecnologias que nos permitem estar em contacto com outras pessoas, televisão, tablets, livros, jogos e tanta coisa variada com que entreter a mente. Os cães só conseguem aceder a esse tipo de variedade, se nós lhes oferecermos, tanto em forma de brincadeira e jogos, como através de passeios a locais diferentes onde ele possa cheirar e explorar coisas novas.

E já agora, aproveito para dizer que arranjar outro cão para fazer companhia ao primeiro, pensando que desta forma o cão irá divertir-se e não precisará tanto da sua atenção, é um erro crasso. Porque cada cão tem a sua personalidade, é difícil prever a curto prazo se dois cães distintos vão gozar da presença um do outro. E mesmo que gozem da companhia um do outro, o seu tutor continuará a ter de os passear, brincar e estimular mentalmente todos os dias, mas agora a dobrar.

Disponibilidade financeira.

Depois há que considerar o factor financeiro. Por um lado, as despesas com a saúde/veterinário que são maiores no início e final de vida da vida do cão. Por outro, as despesas com a alimentação, que podem ter um peso maior nas contas mensais, embora dependa muito do tamanho, metabolismo e actividade do cão. O tema da alimentação canina daria para escrever um artigo por si só, o importante a reter é a mais valia de darmos uma boa alimentação aos nossos cães, baseada em matérias primas de qualidade, o que a longo prazo irá reflectir-se na saúde e bem estar do seu cão.

Outro custo a ter em conta durante a vida do seu cão, são as aulas para cachorros, e outros treinos ou actividades que queira fazer. Infelizmente em Portugal está pouco enraizado o hábito de frequentar cursos/aulas dirigidos a cachorros, mas preciso sublinhar, e não tenham qualquer dúvida, da importância destas aulas para ajudar a moldar a personalidade e o comportamento do vosso cão, preparando-o para uma vida em sociedade. Estas aulas permitem aos treinadores identificarem dificuldades, receios e incertezas dos vossos cachorros e ajudá-los a ultrapassá-los de forma tranquila e rápida. A maioria dos problemas que os treinadores enfrentam com cães adultos, e que levam meses a resolver, podiam ter sido resolvidos nas aulas para cachorros em poucos minutos.

Adicionalmente, e com menos peso na carteira dos tutores, mas não menos importante, estão os brinquedos, ossos e outros objectos de estimulação mental.

Preparado para ver a sua casa mudar?

Por fim, quando adiciona um patudo ao seu ambiente familiar há que ter em conta que terá uma casa mais preenchida com pelos, baba, terra, móveis roídos, buracos no jardim, plantas comidas, meias roubadas, almofadas e outros objectos estragados. O mais provável é que não sejam estes todos ao mesmo tempo, ainda assim mais vale se preparar para o pior, e prevenir. No início terá de adaptar a sua casa para o seu novo cachorro, mas com o tempo, treino e paciência, depressa poderá usufruir de uma nova companhia na sua vida.

Se pensou bem nos seus dias e rotinas, na sua disponibilidade, na sua carteira, e está decidido a adicionar um elemento canino à sua vida, o próximo artigo irá ajudá-lo a decidir qual o cão mais indicado para si, e como preparar a sua chegada à casa.

Até lá, uma boa semana!

www.dogoffleash.com

 

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