terça-feira, 9 de maio de 2017

ENTREVISTA | Paula Veiga "Leonor de Lencastre, foi uma mulher fabulosa"


Texto e Fotos: Madalena Condado



Paula Veiga falou-me do seu mais recente livro “A Rainha Perfeitíssima”, editado pela Saída de Emergência e inserido na coleção “História Portuguesa em Romances” onde se cobrem quase quatro séculos de história através dos cinco continentes.
Neste seu novo romance ficamos a conhecer D. Leonor de Lencastre em toda a sua plenitude, como mulher, mãe, tia, educadora, regente, benemérita, mecenas e Rainha.

Sabendo que a autora faz sempre uma intensiva investigação para todos os seus processos criativos, fico ansiosamente à espera do que ainda tem guardado “dentro da gaveta”, com a certeza, porém de que será uma nova e fantástica obra, seja ela sobre o império romano ou sobre a segunda Grande Guerra Mundial.

MBC - Rainha Perfeitíssima, para quem ainda não leu o livro o que pode esperar tendo em conta o título? 
PV - O leitor pode esperar uma obra biográfica sobre esta rainha.
D. Leonor enfrentou durante a sua vida algumas tragédias pessoais, sendo confrontada, desde muito nova, com a morte dos irmãos, do pai e de um filho (um nado morto em 1483). Anos mais tarde, morreria o príncipe herdeiro, num acidente suspeito, em 1491.
Após a morte do filho veio a desilusão quando o seu marido, em substituição do seu próprio filho, tentou colocar no trono o seu descendente bastardo, D. Jorge, filho de D. Ana de Mendonça, fidalga de Castela.
A sua vida foi fértil em tragédias e amarguras. Veja-se, por exemplo, as contendas entre o seu marido, D. João II, e a nobreza. As conspirações sucediam-se e culminaram não só na prisão, como posteriormente na execução, do duque de Bragança (seu cunhado) como também na morte do duque de Viseu, D. Diogo (seu irmão), com um punhal no peito, às mãos de El-Rei.
Também a morte do Rei, seu marido, provavelmente envenenado, em 1495, não foi facilmente ultrapassável porque levantaram-se falsas suspeitas contra ela.
É a minha singela homenagem a uma grande mulher. Na minha opinião, a uma mulher Perfeitíssima!

MBC - Porquê esta rainha em particular quando a nossa história está repleta de rainhas com as mesmas qualidades, virtudes, e com tanta intensidade de momentos marcantes durante os seus reinados?
PV - Porque na minha opinião, Leonor de Lencastre, foi uma mulher fabulosa! Provavelmente a monarca mais culta e magnânima que o reino de Portugal alguma vez viu nascer. Era uma rainha que se preocupou com as causas sociais, com os desfavorecidos, com os doentes e criou as Misericórdias que ainda hoje têm um papel activo na nossa sociedade. Criou igualmente vários hospitais e outras construções relevantes, entre os quais destaco: o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, o Hospital de Todos os Santos, o Convento da Madre de Deus, o Convento da Anunciada, a igreja de Nossa Senhora da Merceana, a Igreja de Santo Elói e o Convento de S. Bento, de Xabregas.
O seu legado. O amor que tinha pelos mais desfavorecidos, o esforço que empreendeu na luta contra a miséria, o empenho com que se dedicou a esta causa tão nobre que foi o princípio orientador da sua acção como rainha.
A Rainha também deu uma notável contribuição à divulgação das artes e das letras, nomeadamente ao ter encomendado e mandado imprimir as obras de Gil Vicente. A título de exemplo, saliento o “Auto da Visitação”, o “Auto da Alma”, “Auto da Barca do Inferno” e a “Auto da Barca do Purgatório”. Divulgou, igualmente, autores estrangeiros, entre os quais posso destacar o livro de Marco Polo; o Livro de Nicolau Veneto; Carta de um Genovês mercador; o livro do “Os actos dos Apóstolos”, o “Bosco Deleitoso”, “O espelho de Cristina”;

MBC - Podemos esperar uma continuação? Possivelmente a vida de outra rainha? Para quando? 
PV - Sim, sem dúvida! Já escrevi mais três Romances Históricos, depois de ter escrito este sobre D. Leonor, mas nenhum deles versa sobre outra rainha. Estas obras estão para apreciação da minha editora e espero que sejam editadas brevemente.


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