Em três breves relatos, Hermann Hesse apresenta-nos diferentes momentos da vida de Karl Eberhard Knulp, eterno caminhante que percorre sem parar uma parte da Alemanha rural de finais do século XIX. Indivíduo alegre e conversador, Knulp vive na margem da sociedade, mas não é um marginal. Prescinde dos confortos e da segurança de uma vida estabelecida, tem uma existência incerta, mas em compensação só tem de prestar contas a si mesmo.
Assume a sua condição de errante, preferindo arriscar uma vida nos limites do socialmente aceitável a abdicar da sua independência. Não obstante, Knulp é acolhido de bom grado por quase todas as pessoas, e a maioria delas preza o tempo que com ele passa, antes de este, uma vez mais, sentir a necessidade de liberdade e as deixar entregues ao seu quotidiano.
Ao longo do tempo, Knulp vai-se interrogando sobre o sentido da existência, sobre as virtudes do sedentarismo e da vida em eterno movimento, sobre a amizade e o amor, mas chega uma altura em que, por fim, regressado à terra natal, contempla o passado e se interroga sobre o que poderia ter sido.
Em 1915, Stefan Zweig afirmou ser Knulp o mais belo livro de Hermann Hesse. E acrescenta: «Apresenta-se aqui uma Alemanha que ninguém conhece, nem mesmo nós próprios, os alemães. Uma Alemanha verdadeiramente adorável.»
O próprio Hesse veio em 1954, numa carta enviada a um amigo, a escrever: «[Knulp] conta-se entre os poucos dos meus escritos em relação aos quais […] sempre mantive proximidade e afeição.»
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