quinta-feira, 25 de novembro de 2021

DIVULGAÇÃO | A FILHA DA MÃE, de MARIA CECÍLIA GARCIA

 



“Estavam domesticadas, amarguravam-se, e essa amargura traduzia-se num combate feroz contra tudo o que era diferente, eram as piores inimigas de si próprias e daquelas que ousassem sair do redil. A emancipação que as mulheres procuravam afigurava-selhes como algo demoníaco que não podiam aceitar, pois punha em causa toda a sua vida. Foi um tempo em que a aldeia se dividiu e onde cresceu a maledicência e o julgamento, e só serenou quando essa luta era contra as suas próprias filhas”. “Era só um amigo e aquele beijo foi uma coisa tonta e sensaborona. Depois dessa proeza ele perguntou: “gostaste?” Eu respondi que tinha sido como nos filmes. E era verdade: não senti nada. Supõe-se que devia ter sentido uma grande emoção, tremores, pernas bambas, ter visto estrelas e passarinhos a pipilar…, mas não, deixou-me apenas com um sentimento de pecado e sabor a decepção. Fiquei preocupada, pensei que havia algo errado em mim”.

Sem comentários:

Enviar um comentário