quarta-feira, 15 de julho de 2020

MARIA (CONTINUAÇÃO), de Mafalda Pascoal















Neste dia, Maria ia procurar um caminho que os levasse até à água e às árvores de frutos que se vislumbravam lá de cima. Como agora tinha tantos amigos, seria mais fácil lá chegar, e assim foi. Primeiro foram os passarinhos numa  grande chilreada, seguiram-se os macacos e depois  os coelhos... Maria ficou num sítio alto, de onde poderia ver os animais e as aves. Voaram e saltaram até que pararam num sítio específico, Maria ficou a olhar e a pensar se seria um bom lugar para descer, de repente surgiram dois passaritos por cima da sua cabeça, piavam, chilreavam, voavam na direcção de todos os outros, depois regressavam e fizeram isso até que Maria se resolveu a segui-los até aos outros. Quando lá chegou, verificou que na realidade estava um caminho muito branquinho que descia a fazer curvas. Todos em conjunto começaram a descer. Na descida viam-se muitas flores e começavam a ver-se muitas árvores e diferentes umas das outras. Grande parte delas cheias de frutos, conforme iam descendo, o barulho da água a cair era maior, só pelo barulho, Maria já sentia uma fresquidão tão agradável. Depressa chegaram à cascata, Maria correu para a lagoa, era tão tranparente... depressa entrou e brincou com toda aquela água, todos os animais e aves ficaram a vê-la tal era a sua alegria. Já cansada, Maria saiu da água e recostou-se numa pedra, olhava para o céu, o sol já estava a cair para o outro lado, o que queria dizer que devia regressar à árvor-mãe, a distância hoje era um pouco maior visto ter que subir até lá acima e tomar o caminho de regresso. Sentia-se cansada mas tinha que regressar, começou a subir ao mesmo tempo que apanhava frutos para comer e dar aos seus amigos, e assim quase sem dar por isso, Maria e os seus amiguinhos, já tinham chegado ao topo.
Chegaram à árvore-mãe e lá estavam os pequeninos com as suas mães, daí a nada começaram a chegar os macacos bebés com as suas mães, mais as gazelas com os pequenitos e todos se aninharam em redor daquela árvore majestosa. Maria já ia a dormir quando se recostou no seu ninho de ervas.
Mais uma noite passou e nada demais aconteceu. Maria acordou com todos os animais e aves à sua volta. Todos estavam contentes uns com os outros. Maria sentia-se contente e feliz mas ao mesmo tempo apreensiva porque estava sempre a lembrar-se do pai, deveria estar muito preocupado por não saber dela...
Maria aprontou-se para seguir caminho para a sua nova casa.
Lá foi saltando e cantarolando com todos os animais e aves... os lobos e os ursos cada vez ficavam mais perto dela... não fosse a saudade do pai, Maria sentia-se a pessoa mais feliz do mundo...
Depressa chegaram à cascata, passando pelas árvores de fruto, por aquele caminho forrado de uma fina camada de areia branca, sempre a descer... todos foram pra dentro da água... os passarinhos com toda a chilreada deles também passavam muito perto da água levando com os salpicos em cima, todos estavam felizes...
Depois dos banhos, todos se colocaram ao sol para secarem. Maria já dava voltas à cabeça a pensar como tratar das suas novas instalações... se calhar ainda não é a altura ideal para ficarem a li a morar, pois o coelhinhos ainda eram pequeninos para aquela caminhada, pensava ela... então decidiu que deixaria passar mais alguns dias e noites e ficariam ali definitivamente.
Começou a pesquisar todos os recantos daquele local. Descobriu ninhos de passarinhos, tocas com mais coelhos, e o que era engraçado é que nenhum animal fugia dela, era como se a conhecessem ou estivessem à espera dela...
Enquanto isso, o pai de Maria continuava na sua busca incansável pela filha. Andava desesperado, mas algo lhe dizia que não desistisse, que continuasse a procurá-la, ao contrário do que todos os outros diziam, principalmente a senhora V.
A esta altura, o pai de Maria já começava a sentir uma espécie de aversão à senhora V pois continua sem entender porque não tinha a filha em casa quando ele chegou, sabendo que Maria era uma criança humilde e acatava sempre o que lhe diziam, e ele sempre disse à filha que jamais deveria ir até à floresta, nem se chegasse perto. Entretanto pensou para consigo, irei ficar muito atento à senhora V... se calhar ainda vou descobrir algo que me leve à minha amada filha...
(Continua)

A autora escreve segundo a ortografia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.   

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