sexta-feira, 24 de julho de 2020

ARAUTOS DA MORTE, de MBarreto Condado















Os Arautos podem ter as mais diversas formas, podem ser alguém nosso conhecido, podem ser família.
Como os reconhecemos?
Por norma, são seres amargurados, depressivos, insatisfeitos, mal-amados, agiotas, mentirosos, falsos, rancorosos, de memória curta e selectiva, casos perdidos de solidão interior.
Ocupam o seu tempo das mais variadas maneiras, sempre numa tentativa de colmatar os buracos da sua fragilizada alma.
Os anos que deviam dar-lhes sabedoria e gratidão, transformam-se em enfado e contrariedade.
Tornam-se ásperos na sua ânsia de conseguir o que nunca tiveram, destratam quem sempre os estimou, acarinhou, aceitou como são.
E quando a mente amargurada, escurece e preparam o derradeiro golpe, não entendem que o que tanto desejam os perseguirá para além da morte.
Quando não tiverem a seu lado, a alma responsável pelas suas existências, nesse momento, entenderão que a Morte pela qual ansiavam, lhes levou a base de toda a sua sustentação e a vida como a queriam, deixa de fazer sentido.
E aquele buraco negro do qual julgavam ter saído, vai-se alargando até ao dia em que serão Arautos da própria Morte, entregues aos mesmos cuidados que em tempos proporcionaram, será nesse momento que sentirão na pele, nos seus derradeiros instantes, o vazio, o abandono, a tristeza de estarem sós.

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