domingo, 14 de setembro de 2025

RESENHA "O CAVALEIRO DAS TREVAS", de SHERRILYN KENYON | CHÁ DAS CINCO


Nas páginas de Guerreiro das Trevas, Sherrilyn Kenyon recorda-nos que até os monstros guardam cicatrizes que falam de humanidade. Urian não é o herói imaculado das lendas; é uma criatura moldada pela dor, forjada na traição e condenada à solidão de séculos. Vive suspenso entre aquilo que o destino escreveu para ele — a destruição — e a sua ânsia secreta de redenção.

O amor por Phoebe surge como uma brecha de luz no meio da sua noite eterna. Não um amor fácil, mas uma força que o impele a descer ao Hades e a enfrentar não apenas deuses e inimigos, mas também os fantasmas mais íntimos da sua alma. Kenyon transforma essa descida num verdadeiro rito de passagem, onde cada batalha externa espelha uma guerra interior.

Neste primeiro volume, o leitor é conduzido a um território de sombras, sangue e desejo, mas também de vulnerabilidade. Urian conquista-nos não só pela imponência do guerreiro, mas pela humanidade inesperada do homem que ousa amar quando tudo o empurra para o ódio.

E é precisamente aqui que reside a essência deste livro: ele não fecha um ciclo, antes abre instintos, presságios e expectativas para o que está por vir. Kenyon prepara o terreno, desperta no leitor a sede de continuar, como se cada página fosse um degrau que conduz a um abismo maior — ou, talvez, a uma redenção mais profunda.

Guerreiro das Trevas não é apenas fantasia urbana; é uma reflexão sobre identidade, perda e coragem. Um prelúdio sombrio que anuncia, sem máscaras, que o caminho seguinte será ainda mais denso, mais perigoso — e irresistivelmente humano.

Texto: Madalena Condado

 

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