quarta-feira, 10 de setembro de 2025

CHUVA PESADA, de DON CARPENTER | DOM QUIXOTE

Jack Levitt nunca teve sorte. Abandonado pelos pais ainda no berço, percorre a via crucis dos orfanatos até desembocar em Portland, onde esta história começa. Conhecemo-lo ali, no mundo subterrâneo dos salões de bilhar, a viver de uma ou outra tacada certeira, de esquemas, de enganos. Ainda não é adulto, mas já intimida, porque é grande, porque não tem medo de nada.
O seu destino vai levá-lo ao encontro de outra alma perdida, Billy Lancing, um génio do snooker, franzino, quase branco mas não o suficiente: é negro e sofre por isso. Um e outro vão seguir caminhos diferentes, um passará pelo reformatório, o outro pelo inferno da vida em casal, até se reencontrarem anos mais tarde, na famigerada prisão de San Quentin.

O relato que se segue dá corpo a um dos mais contundentes romances norte americanos do século XX; sombrio, cruel, violento, rasga o sonho americano, abre uma ferida profunda, uma feia cicatriz.
Objeto estranho, mergulha as personagens num poço onde apenas a luta pela sobrevivência é real; mas é nesse poço fundo e negro que descobrimos uma ténue esperança, a procura de uma identidade, de um sentido – e a mais improvável das redenções, no amor de um pai, no amor de um homem.

 

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