terça-feira, 21 de dezembro de 2021

BOAS FESTAS | A trovoada | Isabel de Almeida

Isabel de Almeida - Crítica Literária, Directora-Adjunta
Isabel de Almeida - Crítica Literária, Directora Adjunta, Jornalista


Caros Leitores,

No exacto momento em que dou início à escrita desta mensagem começou a trovejar pela madrugada.
A trovoada acaba por ser uma excelente metáfora para o que vos quero transmitir, em face do difícil momento que estamos a atravessar já pelo segundo ano consecutivo.

No ano passado, por opção editorial, e quiçá em negação, procurámos a todo o custo evitar alusões à pandemia , ao corona vírus e à COVID-19, hoje e neste exacto momento em que troveja lá fora, estou a quebrar o tabu, que não passava de um exercício de negação.

Quero com isto dizer, que temos de estar cientes da nossa pequenez no universo, pois que muito embora eu possa querer ignorar a trovoada, focar os meus ouvidos noutros sons, porque ela me causa medo, a verdade é que não a controlo, e ela vai até onde a sua força a levar.

O mesmo se dirá quanto à pandemia, eu posso querer negar o óbvio, posso querer fingir que ela não existe, mas de nada me adianta, ela está aí, está instalada já há dois anos, e eu nada posso fazer para evitar isso, tal como não controlo a trovoada, não tenho o poder de controlar a pandemia.

Somos seres pequenos e insignificantes no universo, e perante o cenario dantesco que presenciamos diariamente nada mais nos resta do que a tentativa melhor ou pior conseguida de nos adaptarmos a uma nova realidade, ainda que o medo, a ansiedade, a discórdia, a pressão social e política e a crescente falta de empatia e de respeito para com opinião diversa da nossa, temos de ser sábios e tentar encontrar o salutar equilíbrio na vivência do nosso quotidiano que tanto mudou e que é agora carregado de máscaras. Em boa verdade, as máscaras são o grande símbolo histórico e logo indicam que nada está bem e que não controlamos isto, de facto muito pouco nos podemos dar ao luxo de controlar,  tantas vezes não sabemos sequer controlar o que nos vai na alma!

É quase Natal, estamos quase a mudar de ano, tentamos viver iludidos, mas a realidade espreita e não é nada bonita, fomos arrastados para o meio da trovoada que cai sobre nós e nos tenta derrubar, de repente somos todos personagens numa imensa e cruel distopia à escala global, e só os mais fortes resistirão.

O meu voto para este Natal e para o ano que se avizinha é que não nos falte a resiliência, nem a possibilidade e a vontade de compreender, aceitar e ajudar o próximo, pois que só o que é positivo está nas nossas mãos e, logo, mais controlado.

Desejo a todos as melhores festividades possíveis, se viável junto dos que mais amam, mas com cautelas, mas desejo que não deixem de sentir, de criar, de querer, de realizar sonhos mesmo perante obstáculos que podem parecer intransponíveis. 

Bem hajam, desfutem, disponham e sigam o mote Carpe Diem!

 

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