sábado, 25 de dezembro de 2021

DIVULGAÇÃO | INTERLÚDIO, de PAULO LANDECK

 














Na parede desnuda (des)falecem sombras, mexicanas.
Espíritos caminham na tinta de areia, sem deixar vestígio, além de auritrémula pegada, efémero baque. De certo modo suplantam (delicadamente) a urgência do relampejo anacrónico; e clamam derrota, sem maior estrondo, do que bráctea ao bailar como folha sem vento. - Parece-me ansiosa por rasgar perene silêncio, quando toca bosquejo de amor torturado.
Dezembro poderia ser taciturno combate, nas horas sem manhãs-de-Páscoa. - A lua de Março vai longe. - Mas tingidos corações anteciparam pano estendido ao comprido, finamente trabalhado em cambiantes de viçoso escudo. Alguém cuidará de ementar a flor espontânea, invocada pelo solstício de Inverno, para que florescesse ao Sol Invictus coroando pulquérrima virtude. Tudo pode ser considerado, sem delonga; - não sei se por carência ou por excesso. - Esdrúxulo tempo cumpre negação; dúvida; ou acto de fé.
A vibrante estrela-do-Natal é equidistante floreira em mesa desmedida.
Apesar das euforbiáceas de maledicentes crenças e boatos terem dispensado grandes vias romanas, da Europa à sua América nativa, onde carne e espírito dançavam em tenra idade, colonizaram mentes através de luxuriante paridade. A poinsétia dos astecas cuidou de febres e abismos, dos insubordinados, ao transcurso do preceito; hoje é estrela que anuncia abjugada caminhada (gente descalça, em calçada romana).
Talvez a flor seja amor aos olhos de quem.
Deixemos a inocência desaguar sensações, sempre que das margens do caminho recolhermos adorno. E se a maioria dos rios procura consolo no oceano, é igualmente flúmen, aquele que desagua no deserto.
Jardins de Kahlo brotam da terra, da mesma forma que batem asas ao céu, por tormenta ou esperança, pintam garridos quadros surrealistas.
Quando me dizem que folhas tingidas não fazem caminho, penso imediatamente nas brácteas, como protegem umbelas, e logo ecoam despudoradas dúvidas, pelo maior de todos os assombros!

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