domingo, 25 de março de 2018

CRÓNICA | Trocas e baldrocas horárias | CRISTINA DAS NEVES ALEIXO



Hoje é dia, mais uma vez, de mudança da hora. Adianta-se uma hora aos relógios para entrarmos no chamado horário de Verão.

Esta ideia foi posta em prática em 1784 por Benjamin Franklin. O objectivo era a poupança de velas. Com a I Guerra Mundial, em 1916, voltou a verificar-se a necessidade de poupança, desta vez de carvão, e novamente se impôs uma alteração horária.

A Alemanha foi o primeiro país a adaptar o seu horário, logo seguida pela Grã-Bretanha, enquanto outros os iam seguindo mais ou menos espaçadamente. A uniformização só teve lugar na década de 70, mais precisamente em 1974, quando os Estados Unidos e vários países europeus foram confrontados com um embargo no petróleo.

Desde essa altura que andamos para a frente e para trás consoante a época do ano. Dois séculos depois da ideia, justificadamente, ter visto a luz do sol pela primeira vez, manipulamos o tempo com base numa solução que em nada se adequa aos dias que vivemos.

Actualmente, as “cabeças pensantes” alegam que mudamos a hora para as crianças não irem para a escola de noite, por exemplo. Que me desculpem, as excelentíssimas sumidades pensadoras, mas qualquer contemplação simples do céu, sem necessidade de estudos complicados ou maquinaria de qualquer espécie, revela que no Inverno o sol nasce entre as 7.30 e as 8 horas, dependendo da zona, no território nacional e põe-se por volta das 17 horas. 
Ora, se os miúdos entram às 8 horas e só vão para casa às 17, 18 ou 19 horas – dependendo da altura em que os pais os vão buscar -, significa que, efectivamente, saem de casa de noite e voltam da mesma forma. Assim como os seus pais, relativamente aos seus empregos, que, normalmente, fechados em cubículos o dia inteiro, a fazer por ganhar aquilo com que se compra as necessidades básicas e os sonhos, vêem alguns raios de sol por quinze ou vinte minutos diários, se tiverem a sorte de sair para almoçar fora do local de trabalho. Se adoptássemos o horário de Verão definitivamente isto já não aconteceria desta forma.

O sol, esse astro essencial a toda a nossa vivência, que tantos benefícios nos dá ao nível da saúde física e mental, está a ser completamente desaproveitado e num país como o nosso, que tem uma taxa de luz solar superior a muitos países, é uma perfeita parvoíce não o aproveitar e continuar a reboque das ideias mais que ultrapassadas de outros.

São já muitos os estudos sobre as vantagens da adopção definitiva do horário de Verão. Ao que parece, está comprovado que os níveis de stress, os acidentes rodoviários, as depressões e os suicídios decrescem. A boa disposição, a produtividade e a imunidade a determinadas doenças aumentam, assim como o tempo de qualidade passado com a família e os amigos. As pessoas têm a sensação de ter mais tempo para as suas tarefas e tudo é feito com mais tranquilidade.

Já vivemos demasiado enclausurados pelas convencionais obrigações diárias. Há coisas que podem e devem ser ajustadas à realidade dos nossos dias. Há coisas que podem e devem ser mudadas. Não tenho dúvida nenhuma que esta é uma delas.  


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