sábado, 26 de maio de 2018

REFLEXÕES OCASIONAIS | A Democracia no seu melhor... | ISABEL DE ALMEIDA

   Pensamos nós Portugueses, ingenuamente, que vivemos numa democracia, mas a cada dia que passa, em especial em meios mais sensíveis como a política ou a justiça, ironicamente, a democracia está bastante debilitada, encontrando-se em sério risco de ser destronada por insidiosas e agressivas formas de censura, só suspeito que, fruto dos tempos, o lápis azul deu lugar aos novos meios tecnológicos como tablets, computadores pessoais e smartphones!

   Quando entre forças políticas ou instituições de génese Corporativa que representam Classes profissionais, ou clubes de futebol nos deparamos com um clima de alta tensão perante naturais movimentos de contestação e quando presenciamos, ao nível institucional ou mesmo perante os media e em redes sociais, atitudes ostensivamente repressivas, ditatoriais, de notória censura a quem se atreve a ser crítico, pensar pela própria cabeça e defender, contra ventos e marés, os direitos e interesses legalmente protegidos, paramos para pensar e ficamos boquiabertos com esta debilidade democrática em pleno Século XXI.

  Acho de uma ousadia assustadora e inconsciente que institucionalmente se adoptem comportamentos de censura e cuja pretensão é intimidar quem assume publicamente, por palavras e actos, posição contrária à assumida pelas aludidas instituições!

    É, tão simplesmente, uma questão de princípios e coerência defender aquilo em que acreditamos sem medos, sem recuos, e utilizando todos os meios legais ao nosso alcance para combater a censura, para combater os possíveis efeitos dilatórios das manobras de diversão cujo fito é retirar o foco do essencial (promovendo o acessório).

   Ainda estamos no âmbito dos princípios quando rejeitamos aceitar que sejamos acusados de delitos de opinião contrária a poderes instituídos, ou seja, perante ataques torpes à democracia, perante tentativas de silenciamento (nomeadamente, filtragem de comentários em sites, bloqueios de perfis em redes sociais apenas baseados em opiniões distintas e não em quaisquer perseguições ou intrusões, frise-se) que oscilam entre a negação da realidade, uma postura agressiva perante vozes críticas, tentativas de desmobilização de movimentos de oposição, medidas de censura activa com o fito de tentar impedir que temas de relevo, por exemplo para classes profissionais, sejam debatidos e livremente discutidos entre pares (como seria desejável e legítimo), com vista a uma futura decisão informada e , assim se espera, democrática!

  Muitas vezes, perde-se a noção do ridículo ao promover a censura, o que só atesta a perturbação e a incapacidade notória de gerir instituições, crises profundas e contestações em crescendo, porque desengane-se quem pense que não surgem resistências no seio das maiores catástrofes anunciadas.

Haverá sempre quem não aceite passivamente imposições castradoras, dignas de outros tempos ditos de trevas ou cinzentismo e lápis azuis.

Haverá sempre quem se atreva a combater atrevimentos,aparentemente, maiores!

Haverá sempre quem não se cale!

Haverá sempre quem se permita discordar e enfrentar injustiças, combatendo-as no terreno!

Haverá sempre quem se una em prol de algo que faz parte da sua identidade como ser humano!

Haverá sempre quem não esteja disposto a vender a sua consciência!

Haverá sempre quem não se conforme perante traições e as denuncie publicamente!

Haverá sempre quem defenda e exerça o seu Direito à liberdade de expressão sem ceder ao politicamente correcto!


   Será também importante lembrar os mais esquecidos (e isto é um dejá vu) de que o artigo 37º da nossa lei fundamental consagra como Direito Fundamental a Liberdade de expressão, e aproveita-se o ensejo para recordar que a censura é penalizada criminalmente neste país! Cabe a cada cidadão não deixar morrer a democracia das instituições quando esta se apresenta doente!


"Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo."
                                    
Gandhi

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