quarta-feira, 4 de agosto de 2021

DIVULGAÇÃO | Vera Lagoa - Um Diabo de Saias | Oficina do Livro


 “Vera Lagoa, Um Diabo de Saias”, biografia escrita pela historiadora Maria João da Câmara é editada pela Oficina do Livro na próxima terça-feira, dia 20 de Julho, um mês antes de se assinalarem 25 anos da morte da jornalista Maria Armanda Pires Falcão (19 de Agosto de 1996).


Poucas mulheres marcaram o século XX português como Maria Armanda Pires Falcão (1917), que ficaria conhecida como Vera Lagoa. De carácter destemido e opiniões fortes, a sua voz livre foi uma lufada de ar fresco no jornalismo. Na coluna «Bisbilhotices», no Diário Popular de Pinto Balsemão, comentou a sociedade do final do Estado Novo de forma atrevida, mordaz, indiscreta ao ponto de provocar escândalo. No pós-25 de Abril, foi das raras figuras independentes, sem compromisso nem cálculo, que ousou criticar os novos poderes instituídos, não se deixando intimidar perante atentados à bomba e processos em tribunal.


A historiadora Maria João da Câmara recorreu a variadas fontes históricas – entre as quais o arquivo pessoal e testemunhos de familiares, amigos e colaboradores que a conheceram de perto –, para escrever a biografia da menina marcada pela figura trágica do pai à jovem que cedo começa a trabalhar, casa e é mãe; da frequentadora dos ambientes mundanos e artísticos sofisticados da Lisboa do pós‑guerra à criadora «por desespero» do pseudónimo Vera Lagoa; da apoiante da candidatura do General Humberto Delgado e dos meios oposicionistas à contestatária contundente do jovem regime democrático no jornal O Diabo. "Vera Lagoa – Um Diabo de Saias" conta o percurso de vida desta mulher indomável e à frente do seu tempo. «Já tenho dito que só morta ficarei calada. Mas também já tenho insistido em que a voz dos mortos às vezes se ouve com demasiada força»


“Vera Lagoa dizia que o seu primeiro nascimento para este mundo foi em 1917, em Moçambique; o seu segundo nascimento dar -se -ia com o casamento com José Manuel Tengarrinha, e o terceiro foi quando «nasceu» Vera Lagoa. Partindo desta ideia, optei por dividir o livro em três partes, cuja cronologia é a seguinte: primeiro nascimento (1917 -1966), das origens de Maria Armanda até à publicação da sua primeira crónica; segundo nascimento (1966 -1974), desde que Vera Lagoa se impõe no Diário Popular até à revolução de Abril; e o terceiro nascimento (1974--1996), quando vive um momento marcante da sua vida e da vida do país. Quis fazer soar novamente a sua voz, para que não seja esquecida uma das mulheres marcantes da segunda metade do século xx português. Não pretendi relembrar com o intuito de provocar quaisquer disputas em que a vida de Vera Lagoa foi fértil. O meu objectivo é que o leitor, através do retrato de uma mulher, em todas as suas dimensões – incluindo ambiguidades e incoerências, ou polémicas –, possa julgar por si mesmo quem foi Vera Lagoa.”


Maria João da Câmara doutorou‑se em História pela Universidade Nova de Lisboa – FCSH. Publica regularmente trabalhos científicos na área da História e dos Arquivos de Família. É autora de vasta obra, nomeadamente dos romances Um Príncipe Quase Perfeito, Crónica de Amor e Mar, O Pecado e a Honra e Memórias Perdidas de Catarina de Bragança; e dos ensaios Orey: Uma Família, Uma Empresa e Cristo Rei, Espiritualidade e História. São também de sua autoria as biografias Pedro de Figueiredo (1657-1722) – Uma Biografia, João Branco Núncio (1901-1976), Maria José Nogueira Pinto, Uma Vida Invulgar e Sanches Osório – Memórias de Uma Revolução.

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