terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

PORTUGAL MAIS QUE SOL | Convidamos-vos a conhecer: O CROMELEQUE DOS ALMENDRES o Stonehenge do Alentejo | PAULO DA COSTA GONÇALVES



Mais antigo que o famoso Stonehenge, o Cromeleque dos Almendres, descoberto pelo investigador Henrique Leonor Pina, em 1964, aquando do levantamento da Carta Geológica de Portugal e reclassificado como Monumento Nacional a 29/01/2015 pelo Conselho de Ministros, é um dos maiores e mais importantes monumentos megalíticos do mundo, está localizado na Herdade dos Almendres, a cerca de 12 Km de Évora e a 4,5 Km da aldeia de Nossa Senhora de Guadalupe, faz parte do denominado "universo megalítico eborense", sendo um sítio arqueológico fácil de encontrar bastando seguir as indicações a partir da aldeia de Nossa Senhora de Guadalupe.


Como recinto megalítico, edificado entre o final do 6º e o 3º milénio a.C., é o resultado, por um lado, de uma evolução construtiva de vários milénios e, por outro lado, das transformações vividas pelos seus construtores nas vertentes económicas, sociais e ideológicas originadas pela sedentarização dos povos ibéricos durante o Neolítico.
Constituído por dois recintos distintos, dos que se pensa terem sido mais de cem monólitos graníticos das mais diversas formas e tamanhos, restam hoje noventa e cinco situados ao longo de uma suave encosta tipicamente alentejana e cujo local mantém uma mística de tempos esquecidos, mas que facilmente nos transporta às suas origens. Ou seja, à era de encantamento pagão onde o homem de caçador que acompanhava as migrações sazonais das suas presas, passou a cultivar a sua própria terra e a criar os seus próprios animais para pastoreio e consumo fazendo então nascer e crescer populações com personalidades bem definidas.


Tendo tido o seu início há cerca de 7.000 anos, mais 2000 que Stonehenge, o Cromeleque dos Almendres foi erigido em três etapas: os três círculos concêntricos de monólitos em forma ovóides remontam ao Neolítico Antigo; o recinto com duas elipses irregulares terá sido construído durante o Neolítico Médio; e no Neolítico Final, ambos os recintos terão sido modificados para a forma que mantêm até aos nossos dias.



Na sua maioria os monólitos são em forma mais ovoide, no entanto existem inúmeras pedras de proporções maiores, designados megálitos de forma fálica. Uma dessas pedras alçadas e de tamanho descomunal, embora estando isolada é o Menir dos Almendres que quando visto a partir do Cromeleque no solstício de verão aponta ao nascer do sol (no hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho).

 


A verdadeira função do Cromeleque e do Menir dos Almendres não é precisa, até porque na “decoração” dos monólitos, do cromeleque, constata-se a presença das denominadas "covinhas" ou linhas sinuosas e radiais. Muitos deles, quer pela profusão da “gramática decorativa”, quer, pelo seu posicionamento estratégico no seio de todo o conjunto, parecem assumir o papel de autênticos "Menires-Estelas”, mas, os historiadores acreditam que tratando-se de um sítio cultural com uma forte carga mágico-simbólica para os povos que por ali se estabeleceram, ao longo dos séculos, com raízes seguras o fecundar das terras via falos em pedra seria um culto à fertilização das mesmas para a lavoura pelo que parece inegável que ambos aparentam uma forte ligação à agricultura e pastoreio desse período.
Disponível às visitas 24h e guardando o respeito, que é devido pelo lugar em si, é também um local sossegado e com um esplendor cuja aura mágica envolvente propícia a um piquenique enquanto aprecia a vista.


Fotos: Paulo Da Costa Gonçalves


Diagrama (foto 2): Anyforms, de acordo com proposta de datação de Mário Varela Gomes

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